No ano em que se lembra o bicentenário da morte de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), chamado de mestre do barroco, é localizada num antiquário de Itu (SP) uma imagem de São Benedito das Flores, santo negro esculpido em madeira, com 26,5 centímetros de altura e possivelmente feito entre 1761 e 1780, fase inicial da carreira do artista mineiro. De acordo com o pesquisador Marcelo Galvão Coimbra, a quem foi confiado o achado, a peça sacra tem características de outras obras de Aleijadinho e, caso se confirme a atribuição, será a segunda imagem de personagem negro produzida pelo escultor – a outra é uma representação do rei mago Gaspar, produzida entre 1775 e 1790, em exposição no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto.
Para especialistas mineiros, são necessários muitos estudos para afirmar se o São Benedito das Flores é realmente do mestre do barroco. Pesquisador do tema, o escultor Luciomar Sebastião de Jesus, de Congonhas, na Região Central, viu a foto num site de notícias e explicou ser preciso ficar diante da imagem para dar maiores detalhes. “À primeira vista, a peça não se parece com outras de Antonio Francisco Lisboa, não vejo similaridade, embora esteja especificado que pode ser da fase de juventude do artista”, disse Luciomar. O pesquisador de Congonhas acredita que, com o bicentenário de morte de Aleijadinho, “muitas peças vão aparecer como sendo de autoria dele”. “Mas é impossível afirmar sem documentação”, diz o escultor.
O restaurador e professor Antônio Fernando Batista dos Santos também viu a notícia na internet e afirmou que a imagem não traz referências suficientes para atribuí-la a Aleijadinho. E especifica as vestes, que não trazem as marcas, como dobras marcantes e elaboradas”. Ao lado de Myriam Andrade Ribeiro Oliveira e Olinto Rodrigues dos Santos Filho, Antônio, atualmente coordenador do curso de design da Universidade Fumec, é um dos autores da obra referência O Aleijadinho e sua oficina – Catálogo das esculturas devocionais, editado em 2002.
PROCURADAS Minas tem centenas de sacras desaparecidas e procuradas pelo Ministério Público de Minas Gerais e demais instituições de defesa do patrimônio. O banco de dados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), em Belo Horizonte, tem 12 imagens de São Benedito cadastradas como desaparecidas e apenas cinco delas com fotografias. Nenhuma é creditada a Aleijadinho ou tem o complemento “das Flores” no nome.
Em entrevista concedida à imprensa paulista, Coimbra contou que “a peça achada em Itu foi trazida de uma fazenda mineira por um antiquário e ficou por muitos anos ’escondida’ entre outros objetos à venda”. “Quando vi o São Benedito levei um susto, pois os principais estilemas (marcas do estilo do autor) do Aleijadinho estão presentes na imagem.” Para ele, a obra é da fase inicial, tendo o rosto semelhante aos de diversos anjos retratados pelo escultor mineiro, mas com o nariz largo africano, diferente dos modelos europeus. “É uma imagem tão rara na iconografia do Aleijadinho que tomei a liberdade de batizá-la de diamante negro”, disse.
Coimbra já encaminhou fotos e descrição da imagem a especialistas reconhecidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a atribuição de autoria. Enquanto aguarda o resultado, ele pretende incluir a escultura na exposição ‘Berço do Barroco Brasileiro e seu Apogeu com Aleijadinho’, da qual é curador e que segue até 11 de maio na Galeria Principal da Caixa Cultural, em Brasília. A mostra reúne 140 peças, das quais 47 do escultor mineiro. (Com agências)
Para especialistas mineiros, são necessários muitos estudos para afirmar se o São Benedito das Flores é realmente do mestre do barroco. Pesquisador do tema, o escultor Luciomar Sebastião de Jesus, de Congonhas, na Região Central, viu a foto num site de notícias e explicou ser preciso ficar diante da imagem para dar maiores detalhes. “À primeira vista, a peça não se parece com outras de Antonio Francisco Lisboa, não vejo similaridade, embora esteja especificado que pode ser da fase de juventude do artista”, disse Luciomar. O pesquisador de Congonhas acredita que, com o bicentenário de morte de Aleijadinho, “muitas peças vão aparecer como sendo de autoria dele”. “Mas é impossível afirmar sem documentação”, diz o escultor.
O restaurador e professor Antônio Fernando Batista dos Santos também viu a notícia na internet e afirmou que a imagem não traz referências suficientes para atribuí-la a Aleijadinho. E especifica as vestes, que não trazem as marcas, como dobras marcantes e elaboradas”. Ao lado de Myriam Andrade Ribeiro Oliveira e Olinto Rodrigues dos Santos Filho, Antônio, atualmente coordenador do curso de design da Universidade Fumec, é um dos autores da obra referência O Aleijadinho e sua oficina – Catálogo das esculturas devocionais, editado em 2002.
PROCURADAS Minas tem centenas de sacras desaparecidas e procuradas pelo Ministério Público de Minas Gerais e demais instituições de defesa do patrimônio. O banco de dados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), em Belo Horizonte, tem 12 imagens de São Benedito cadastradas como desaparecidas e apenas cinco delas com fotografias. Nenhuma é creditada a Aleijadinho ou tem o complemento “das Flores” no nome.
Em entrevista concedida à imprensa paulista, Coimbra contou que “a peça achada em Itu foi trazida de uma fazenda mineira por um antiquário e ficou por muitos anos ’escondida’ entre outros objetos à venda”. “Quando vi o São Benedito levei um susto, pois os principais estilemas (marcas do estilo do autor) do Aleijadinho estão presentes na imagem.” Para ele, a obra é da fase inicial, tendo o rosto semelhante aos de diversos anjos retratados pelo escultor mineiro, mas com o nariz largo africano, diferente dos modelos europeus. “É uma imagem tão rara na iconografia do Aleijadinho que tomei a liberdade de batizá-la de diamante negro”, disse.
Coimbra já encaminhou fotos e descrição da imagem a especialistas reconhecidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a atribuição de autoria. Enquanto aguarda o resultado, ele pretende incluir a escultura na exposição ‘Berço do Barroco Brasileiro e seu Apogeu com Aleijadinho’, da qual é curador e que segue até 11 de maio na Galeria Principal da Caixa Cultural, em Brasília. A mostra reúne 140 peças, das quais 47 do escultor mineiro. (Com agências)