Jornal Estado de Minas

Bombeiros encontram corpo de homem que caiu no Córrego do Onça durante temporal

Caso aconteceu no Bairro Ribeiro de Abreu. Temporal paralisou a cidade: ruas ficaram alagadas, carros foram arrastados, o Córrego Cachoeirinha transbordou e o saguão do aeroporto da Pampulha ficou debaixo d'água

Cristiane Silva, Sandra Kiefer, Valquíria Lopes e João Henrique do Vale Guilherme Paranaiba
Bombeiros resgatam corpo de Womar Gonçalves Caldeira, no Bairro Ribeiro de Abreu - Foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press

Militares do 3º Batalhão do Corpo de Bombeiros encontram nesta manhã o corpo do homem que caiu no Córrego do Onça, durante o forte temporal que atingiu Belo Horizonte no fim da tarde de quarta-feira.
Segundo a corporação, a vítima foi identificada como Womar Gonçalves Caldeira, de 43 anos. O corpo dele foi encontrado perto de uma ponte no Bairro Ribeiro de Abreu, Região Nordeste da capital.

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A corporação recebeu um chamado via 193, às 18h50 de ontem, informando que um pedestre havia sido levado pelas águas. A vítima usava camisa vermelha e bermuda jeans. A procura começou ainda durante a noite, mas a escuridão e o tempo prejudicaram os trabalhos, que só puderam ser retomados às 6h40 desta quinta-feira. Parentes da vítima, que era um motorista de ônibus aposentado, disseram que ele tinha o hábito de nadar no córrego. Eles disseram que Womar bebeu muito durante o dia e saltou no córrego, usando uma boia, junto com o amigo, mas não conseguiu voltar para a margem. O outro homem saiu da água.


Esta é a primeira morte em decorrência da chuva confirmada pela Defesa Civil em Minas Gerais em 2014. O último registro datava de 27 de dezembro, quando o adolescente Allison Pablo da Silva Rocha, de 17 anos, se envolveu em um acidente na BR-365, onde a chuva e o vendaval causaram quedas de árvores. O acidente aconteceu em Buritizeiro, no Norte de Minas Gerais. No dia 23 daquele mês, em Belo Horizonte, um homem de 56 anos morreu afogado após ficar preso dentro do carro durante um alagamento na Avenida Cristiano Machado, altura do Bairro Dona Clara. Desde o início do período chuvoso, 23 pessoas morreram no estado.

Equipes dos bombeiros foram deslocadas para vários pontos da cidade durante a chuva, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Leste. Conforme o balanço da corporação, os militares atenderam 27 ocorrências de inundações em casas e vias públicas, 13 quedas de árvores em vias públicas, com danos à rede elétrica, e 11 situações de pessoas ilhadas em ruas, avenidas e imóveis.

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Rua Borba Gato, no Bairro Lagoinha, foi um dos 41 pontos de alagamento registrados pela Defesa Civil - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

CHUVA DO MÊS INTEIRO EM UMA HORA
No primeiro temporal do ano da Região Metropolitana de Belo Horizonte, despencou quase a totalidade do volume de água previsto para o mês inteiro. Em uma hora de tempestade, aproximadamente entre 17h e 18h de ontem, a meteorologia registrou a queda de 55 milímetros de água, contra os 61 mm previstos para todo o mês de abril. Foi o bastante para alagar vários pontos da cidade e arrastar carros ao longo da Avenida Bernardo Vasconcelos, no Bairro Ipiranga, na Região Nordeste da capital. As regiões Norte e Nordeste da capital mineira foram as mais afetadas. Segundo balanço do Corpo de Bombeiros, foram 11 pessoas presas em veículos e, para a Defesa Civil, foram 41 pontos alagados.

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Água atingiu 1 metro de altura no saguão do aeroporto - Foto: Whatsapp/ReproduçãoO Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, na Pampulha, teve o saguão totalmente alagado. Por volta das 17h30, passageiros que estavam no primeiro andar, subindo nas cadeiras para fugir das águas, foram transferidos para o segundo andar do terminal.
Segundo a Infraero, a água subiu 1 metro e nenhum voo precisou ser cancelado. Por meio do Twitter, o internauta Victor Marcondes contou a situação. “Chuva forte em BH. Acabamos de ser removidos para o segundo piso do aeroporto da Pampulha por, literalmente, alagamento do aeroporto”, disse.

Na Avenida Bernardo Vasconcelos, diversos comerciantes e moradores do Bairro Ipiranga tiveram prejuízos. O córrego Cachoeirinha não suportou o volume de chuva e transbordou. A enxurrada levou tudo o que havia pela frente. “A água começou a subir às 17h25 e chegou a avançar uns 50 centímetros para dentro da minha loja. Ainda está alagando toda a pista e o canteiro. Como isso já aconteceu outras vezes, guardei todo o material nos fundos para evitar prejuízos”, relata o proprietário de uma loja de ar-condicionado automotivo, Ronaldo Francisco Campos.

Agência bancária na Bernardo Vasconcelos foi inundada - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press“A situação ficou feia.
A água chegou a subir um metro e quebrou várias chapas de mármore e granito que tinha aqui, um prejuízo de pelo menos R$ 25 mil”, afirma o empresário Lourival Augusto Soares, proprietário de uma marmoraria na avenida. “Todo ano é a mesma coisa. A gente vê o tempo fechar e já corre para a porta da loja para vigiar o leito do rio”, diz Lourival, que diz ter visto pelo menos três carros sendo arrastados pela enxurrada no fim da tarde de ontem.

CONGESTIONAMENTO O trânsito ficou complicado na Avenida Francisco Sá, no Prado, Região Oeste de BH. O nível da água subiu e uma van e um caminhão que passavam pela via estragaram, atrapalhando a passagem de carros no quarteirão próximo à Avenida Amazonas. De acordo com um funcionário da padaria Tempão Dionísio Figueiredo, a enxurrada foi forte na rua. “Foram cerca de 40 minutos de chuva forte. Não houve prejuízos como de outras vezes, mas o clima foi de alerta e o trânsito ficou inoperante”, disse.

A mesma situação aconteceu em outros dois bairros da capital. Na Rua Itabira, no cruzamento com Rua Ponte Nova, um carro foi arrastado. Já na Avenida Antônio Carlos, um microônibus também foi levado pelas águas. O KM 12 da rodovia MG-020, no sentido Santa Luzia/BH, próximo ao Bairro Ribeiro de Abreu, Região Nordeste da capital, foi completamente tomado pela enxurrada e os motoristas não se arriscaram a atravessar. Com isso, o trânsito no local ficou complicado e a fila de carros, ônibus e caminhões era de aproximadamente dois quilômetros. Ainda no Bairro Ribeiro de Abreu, o Ribeirão do Onça transbordou e várias casas na Rua Antônio Ribeiro de Abreu foram alagadas. O trânsito no local também ficou prejudicado.

ACIDENTE
Na Avenida do Contorno, próximo ao Viaduto Leste, uma mulher ficou ferida ao cair da garupa de uma moto. O condutor se desequilibrou com a forte correnteza. A probabilidade de chover hoje na capital é menor, segundo o meteorologista do MG Tempo Ruibran dos Reis. “Foi uma chuva de verão, só que fora de época, no outono. Veio para encerrar a estação de chuvas.” As altas temperaturas permanecem até o fim de semana. Ontem, BH registrou 29,1 °C que, devido à umidade acentuada, chegou a 33°C..