Jornal Estado de Minas

Livro celebra 60 anos de história da escola Santo Tomás de Aquino

Obra será lançada no dia 20 de maior, após três anos de desenvolvimento

As amigas Maria Terezinha Campos Machado e Maria Sylvia Castro Alvim fundaram a Escola Santo Tomás de Aquino - Foto: Euler Junior/EM/D.A Press

Duas professoras e um desejo em comum: oferecer uma escola com ensino de qualidade e tratamento personalizado para cada aluno. Foi com este objetivo que, em 7 de março de 1954, as amigas Maria Terezinha Campos Machado e Maria Sylvia Castro Alvim fundaram a Escola Santo Tomás de Aquino, também conhecida como Esta. Inicialmente localizada na Rua Guajajaras, em 1959 a escola foi transferida para uma residência próxima à Faculdade de Direito da UFMG, na Rua Timbiras. Mas pouco tempo depois teve que se mudar novamente. “Como estávamos vivendo uma época de grandes mudanças no governo brasileiro, todo dia tinha manifestações em frente à faculdade e isso estava atrapalhando os alunos da escola”, relembra Maria Terezinha.

O aumento do fluxo de trânsito local e a entrada de novos alunos também contribuíram para que Terezinha tivesse que escolher um novo espaço para a escola. Antes de tomar qualquer decisão, a fundadora se reuniu com os pais dos alunos para fazer o comunicado, e foi aí que apareceu a solução: um dos pais ofereceu um lote no Bairro São Bento, que ainda estava nascendo e era considerado “o lugar do futuro”. “Não queria aceitar, pois era um lugar muito afastado, mas ele nos fez uma proposta muito boa e não tive como recusar”, conta.
“Após quitar a dívida dos lotes, começamos a pensar em construir lá. Na época, o marido da coordenadora da escola, um arquiteto, se ofereceu para fazer o projeto da nova escola no São Bento e, como estávamos com a situação financeira um pouco apertada, tivemos que fazer empréstimo no banco para dar início à construção. Mas aos poucos tudo foi dando certo”, diz.

Como o São Bento ainda estava em sua fase inicial, dona Terezinha lembra que, além da escola, só existiam uma casa e uma loja que vendia os lotes do bairro. “Quando ficaram sabendo da mudança, algumas pessoas chegaram a dizer que éramos loucas de fazer isso. Todos estavam preocupados com a nossa coragem de investir em algo novo.” Pouco tempo depois de a nova sede ter sido inaugurada, em 1978, uma forte chuva fez com que tubulões de água estourassem e deixou os alunos ilhados na escola. O episódio é lembrado com certa diversão. “Tivemos que chamar o Corpo de Bombeiros para resgatar os alunos ”, conta a diretora, em meio a uma risada descontraída.

O método de avaliação adotado por Terezinha e Maria Sílvia consistia em um conceito qualitativo, no qual se avalia o aluno como um todo. “Na época isso foi considerado algo inovador, pois a avaliação levava em conta o comportamento do aluno e não só o que estava escrito nas provas”, diz. Neste método, o professor faz um acompanhamento de perto com o aluno e, em caso de queda no rendimento escolar, ele conversa com o estudante para tentar entender os motivos que estão influenciando e interferindo nos estudos. “O professor avalia o fato como um todo e não só as partes separadas. Por exemplo, se o aluno sabe escrever e teve preguiça no dia da prova, ele terá uma nota menor. Já aquele que tinha dificuldade e se esforçou durante a prova conseguia uma nota maior em função do seu esforço”, explica.
Porém, com a chegada do Enem, a escola teve que utilizar a avaliação quantitativa, que mede o desempenho dos alunos por nota e não por conceitos.

PROXIMIDADE De acordo com Maria Terezinha, a escola não se expandiu para não perder a proximidade com os alunos. “Não somos uma escola grande e nunca tivemos a pretensão de ser, pois não queríamos perder a qualidade.” Na Esta, o ensino vai muito além do português e matemática. Respeito ao próximo e consciência ambiental são também aspectos trabalhados com os alunos. “Uma das coisas que temos que ensinar na escola é a disciplina, pois sem ela não fazemos nada. Se temos uma lata de lixo, porque vou jogar lixo do chão? Não é porque tem um funcionário para limpar que temos que fazer sujeira”, diz.

A dedicação e amor de dona Terezinha pela escola são reconhecidos pelos alunos e ex-alunos da instituição. “Uma vez estávamos viajando de avião e, por coincidência, um aluno também estava. Ele se levantou para me cumprimentar e metade dos passageiros, que eram ex-alunos do Esta, se levantaram para me cumprimentar também. A aeromoça ficou desesperada”, relembra, de modo divertido.

Com a morte de Maria Sylvia, em 1997, uma amiga de Terezinha sugeriu que ela escrevesse um livro contando a história da instituição, para que as memórias não se perdessem no tempo. “Eu dizia que iria escrever, mas só ficava adiando. Então, várias pessoas começaram a me incentiva.” Após três anos de desenvolvimento do livro, em 20 de março dona Terezinha fará o lançamento da obra.
Intitulada Esta é a nossa história, a obra reúne depoimentos de ex-professores, alunos, funcionários, algumas histórias divertidas da instituição, além do relato de Maria Terezinha sobre a fundação e memórias da escola..