Segundo acusação do Ministério Público (MP), Rodrigo foi assassinado a mando de policiais, em uma “ação típica de grupo extermínio”, por fazer uma série de reportagens cobrando a identificação e a punição dos responsáveis por uma série de homicídios na região - mortes em que há suspeita de envolvimento desses mesmos policiais. No ano passado, a Polícia Civil montou uma força-tarefa para investigar 14 assassinatos. (Veja resultados abaixo).
Conforme o MP, Alessandro e Lúcio atiraram com arma de fogo contra o jornalista no dia 8 de março de 2013. Na garupa de uma moto escura pilotada por motociclista não identificado, o pistoleiro surpreendeu a vítima pelas costas e disparou várias vezes, atingindo-a na cabeça, tórax e costas, fugindo em seguida. Os assassinos também tentaram atirar contra outro homem que acompanhava Rodrigo Neto, mas erraram. A função de Lúcio foi passar pelo local, minutos antes, e dar aos executores a posição do jornalista, para confirmar que o atentado poderia acontecer.
A audiência ainda não tem data para aconteceu, mas os réus vão continuar presos até o júri. O magistrado negou o direito de recorrerem em liberdade por tratar-se de crimes hediondos. De acordo com o juiz, a materialidade dos crimes ficou provada no relatório de necropsia e há indícios suficientes de autoria das infrações penais, demonstrados pelos depoimentos e relatórios constantes do processo. Na época da investigação, O exame de balística revelou que os projéteis que mataram Rodrigo Neto partiram da arma de fogo apreendida com Alessandro. Ele também é acusado de matar com essa mesma arma o fotógrafo Walgney Carvalho, de 43, em Coronel Fabriciano.
» 1) Execução da testemunha Cleidson Mendes do Nascimento,
o Cabeça, em 16 de setembro de 2011, no Bairro Canaãzinho, em Ipatinga. O suspeito é o cabo Victor Emmanuel, preso em quartel da PM de BH.
» 2) Chacina na localidade de Revés do Belém, em 25 de outubro
de 2011. Morreram Nilson Nascimento Campos, de 17 anos, Eduardo Dias Gomes, de 16, John Enison da Silva e Felipe Andrade, de 15. Os policiais civis Ronaldo de Oliveira Andrade, José Cassiano Ferreira Guarda, Leonardo Alves Correia e Jimmy Casseano Andrade foram reconhecidos por testemunhas e estão presos em BH.
» 3) Morte do morador de rua Célio Nunes Pereira, em 4 de
agosto de 2009, na Fazenda Cajá, em Santana do Paraíso. Suspeito é o sargento Michel Luiz da Silva, preso no Batalhão de Ipatinga.
» 4) Assassinato de Marcos Vinícius Lopes Pereira e Clauco Antônio
Lourenço Faria, em 3 de julho de 2010, no Córrego Boa Vista, distrito de Santana do Paraíso. Foram indiciados, mas não estão presos, os policiais civis Ronaldo Andrade, Elton Pereira e Fabrício Quenupe.
» 5) Homicídio de Eduardo Luiz da Costa, em 16 de agosto de
2007, no Bairro Jardim Panorama, em Ipatinga. Preso o cabo Victor Emmanuel Miranda de Andrade e indiciado Joaquim Pereira de Moura. O cabo Amarildo Pereira de Moura também era suspeito, mas foi assassinado no início do ano.
» 6) Caso Padaria Guerra, em Ipatinga, onde foram mortos
o mototaxista Diunismar Vital Ferreira, o “Juninho”, e José Maria, em 8 de julho de 2007. Preso o capitão Charles Clemencius Diniz Teixeira e indiciada sua mulher, ex-namorada de Juninho, Cynthia Ramos Farini.
» 7) Morte da testemunha Sebastião Ludovino de Siqueira, o
“Tião”, em 22 de fevereiro, no Bairro Águas Claras, em Santana do Paraíso. A vítima era pai de Daniel Wattson Costa Siqueira, denunciado pela morte do cabo Amarildo Moura. Suspeitos são os investigadores Albertino Pereira da Costa Filho (amigo do cabo) e Geraldino Pereira de Moura (irmão do militar). Albertino está preso e Geraldino foragido.
» 8) Execução do jornalista Rodrigo Neto, em 7 de março,
em Ipatinga. A polícia não soube determinar os motivos, mas o repórter vinha denunciando uma série de crimes envolvendo policiais da região. Depois de escutas telefônicas, rastreamentos de celulares e comprovações de exames de balísticas, ficou provado que os autores foram Alessandro Neves Augusto, o “Pitote”, que teria sido o assassino, e o policial civil Lúcio Lírio Leal, cúmplice.
» 9) Homicídio do fotógrafo Walgney Assis de Carvalho, morto a
tiros em 14 de abril, num pesque e pague em Coronel Fabriciano. Walgney teria sido assassinado numa operação de queima de arquivo, pois dizia para todo mundo que sabia quem havia matado o repórter Rodrigo Neto. Temendo ser descoberto, Pitote resolveu matar Walgney.
(Com informações de Mateus Parreiras)