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Estado de Minas

Pistoleiro e policial civil acusados da morte de jornalista em Ipatinga vão a júri popular

Alessandro Neves Augusto, o 'Pitote', de 31 anos, e Lúcio Lírio Leal, de 22 anos, são acusados da execução em 8 de março de 2013


postado em 20/02/2014 08:33 / atualizado em 20/02/2014 08:55

Para MP, Rodrigo foi assassinado a mando de policiais, em uma 'ação típica de grupo extermínio'(foto: Arquivo Pessoal )
Para MP, Rodrigo foi assassinado a mando de policiais, em uma 'ação típica de grupo extermínio' (foto: Arquivo Pessoal )
O pistoleiro Alessandro Neves Augusto, o “Pitote”, de 31 anos, acusado de ter executado o jornalista Rodrigo Neto, de 38, em Ipatinga, no Vale do Aço, vai a júri popular. Também será julgado pelo Tribunal do Júri o policial civil Lúcio Lírio Leal, de 22 anos, acusado de envolvimento no crime. A sentença de pronúncia foi proferida no último dia 14 de fevereiro, pelo juiz Antônio Augusto Calaes de Oliveira, da 2ª Vara Criminal da cidade.

Segundo acusação do Ministério Público (MP), Rodrigo foi assassinado a mando de policiais, em uma “ação típica de grupo extermínio”, por fazer uma série de reportagens cobrando a identificação e a punição dos responsáveis por uma série de homicídios na região - mortes em que há suspeita de envolvimento desses mesmos policiais. No ano passado, a Polícia Civil montou uma força-tarefa para investigar 14 assassinatos. (Veja resultados abaixo).

Conforme o MP, Alessandro e Lúcio atiraram com arma de fogo contra o jornalista no dia 8 de março de 2013. Na garupa de uma moto escura pilotada por motociclista não identificado, o pistoleiro surpreendeu a vítima pelas costas e disparou várias vezes, atingindo-a na cabeça, tórax e costas, fugindo em seguida. Os assassinos também tentaram atirar contra outro homem que acompanhava Rodrigo Neto, mas erraram. A função de Lúcio foi passar pelo local, minutos antes, e dar aos executores a posição do jornalista, para confirmar que o atentado poderia acontecer.

A audiência ainda não tem data para aconteceu, mas os réus vão continuar presos até o júri. O magistrado negou o direito de recorrerem em liberdade por tratar-se de crimes hediondos. De acordo com o juiz, a materialidade dos crimes ficou provada no relatório de necropsia e há indícios suficientes de autoria das infrações penais, demonstrados pelos depoimentos e relatórios constantes do processo. Na época da investigação, O exame de balística revelou que os projéteis que mataram Rodrigo Neto partiram da arma de fogo apreendida com Alessandro. Ele também é acusado de matar com essa mesma arma o fotógrafo Walgney Carvalho, de 43, em Coronel Fabriciano.

Relembre aqui os crimes descobertos por força-tarefa policial. Muitos deles, eram denunciados pelo jornalista que acabou vítima por causa das matérias investigativas:


» 1) Execução da testemunha Cleidson Mendes do Nascimento,
o Cabeça, em 16 de setembro de 2011, no Bairro Canaãzinho, em Ipatinga. O suspeito é o cabo Victor Emmanuel, preso em quartel da PM de BH.

» 2) Chacina na localidade de Revés do Belém, em 25 de outubro
de 2011. Morreram Nilson Nascimento Campos, de 17 anos, Eduardo Dias Gomes, de 16, John Enison da Silva e Felipe Andrade, de 15. Os policiais civis Ronaldo de Oliveira Andrade, José Cassiano Ferreira Guarda, Leonardo Alves Correia e Jimmy Casseano Andrade foram reconhecidos por testemunhas e estão presos em BH.

» 3) Morte do morador de rua Célio Nunes Pereira, em 4 de
agosto de 2009, na Fazenda Cajá, em Santana do Paraíso. Suspeito é o sargento Michel Luiz da Silva, preso no Batalhão de Ipatinga.

» 4) Assassinato de Marcos Vinícius Lopes Pereira e Clauco Antônio
Lourenço Faria, em 3 de julho de 2010, no Córrego Boa Vista, distrito de Santana do Paraíso. Foram indiciados, mas não estão presos, os policiais civis Ronaldo Andrade, Elton Pereira e Fabrício Quenupe.

» 5) Homicídio de Eduardo Luiz da Costa, em 16 de agosto de
2007, no Bairro Jardim Panorama, em Ipatinga. Preso o cabo Victor Emmanuel Miranda de Andrade e indiciado Joaquim Pereira de Moura. O cabo Amarildo Pereira de Moura também era suspeito, mas foi assassinado no início do ano.

» 6) Caso Padaria Guerra, em Ipatinga, onde foram mortos
o mototaxista Diunismar Vital Ferreira, o “Juninho”, e José Maria, em 8 de julho de 2007. Preso o capitão Charles Clemencius Diniz Teixeira e indiciada sua mulher, ex-namorada de Juninho, Cynthia Ramos Farini.

» 7) Morte da testemunha Sebastião Ludovino de Siqueira, o
“Tião”, em 22 de fevereiro, no Bairro Águas Claras, em Santana do Paraíso. A vítima era pai de Daniel Wattson Costa Siqueira, denunciado pela morte do cabo Amarildo Moura. Suspeitos são os investigadores Albertino Pereira da Costa Filho (amigo do cabo) e Geraldino Pereira de Moura (irmão do militar). Albertino está preso e Geraldino foragido.

» 8) Execução do jornalista Rodrigo Neto, em 7 de março,
em Ipatinga. A polícia não soube determinar os motivos, mas o repórter vinha denunciando uma série de crimes envolvendo policiais da região. Depois de escutas telefônicas, rastreamentos de celulares e comprovações de exames de balísticas, ficou provado que os autores foram Alessandro Neves Augusto, o “Pitote”, que teria sido o assassino, e o policial civil Lúcio Lírio Leal, cúmplice.

» 9) Homicídio do fotógrafo Walgney Assis de Carvalho, morto a
tiros em 14 de abril, num pesque e pague em Coronel Fabriciano. Walgney teria sido assassinado numa operação de queima de arquivo, pois dizia para todo mundo que sabia quem havia matado o repórter Rodrigo Neto. Temendo ser descoberto, Pitote resolveu matar Walgney.


(Com informações de Mateus Parreiras)


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