Jornal Estado de Minas

Paróquia define destino de frei Cláudio nesta segunda-feira

Frei Claúdio poderá permanecer na capital, embora sem exercer qualquer função na igreja localizada na Região Centro-Sul de Belo Horizonte

Gustavo Werneck
No domingo passado, a missa das 11h foi impedida de ser realizada por um grupo de fiéis inconformados com a ausência de frei Cláudio no altar - Foto: Beto Novaes/EM/D.A Press

Poderá ser definida, amanhã, a situação de frei Cláudio van Balen, de 80 anos, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, vinculada à Província Carmelita de Santo EliasDepois de uma reunião, ontem, os superiores da Ordem Carmelita fizeram uma proposta ao religioso – o teor completo não foi revelado – que, em resumo, conforme apurou o Estado de Minas, permitirá a permanência de Van Balen na capital, embora sem exercer qualquer função na igreja localizada na Região Centro-Sul de Belo Horizonte


No domingo passado, a missa das 11h foi impedida de ser realizada por um grupo de fiéis que, inconformado com a ausência de frei Cláudio no altar – ele tradicionalmente era o celebrante nesse horário –, vaiou sacerdotes, bateu boca com outros católicos e protestou com gritosA confusão exigiu a presença da Polícia Militar e teve como resposta a suspensão por tempo indeterminado da celebração eucarística dominical das 11h, numa decisão conjunta com a Arquidiocese de BH


No seu site, a arquidiocese informou que “sempre respeitou a autonomia da ordem, responsável pela administração da Paróquia Nossa Senhora do CarmoEm respeito, esperamos uma solução da Província Carmelita de Santo Elias (local e nacional) para a atual situação da paróquia”E mais: “Ao longo de todos esses anos, a relação entre a Arquidiocese de BH sempre foi fundamentada no diálogo, respeito e convivência fraterna”O titular da paróquia e recém-eleito prior provincial (superior) da ordem no Brasil para as regiões Sul e Sudeste, frei Evaldo Xavier Gomes, disse, ontem, que respeita e reconhece o trabalho de frei Cláudio em mais de 40 anos na paróquiaA Ordem Carmelita tem muita gratidão a ele.”
O EM tentou falar ontem com frei Cláudio, pelo telefone celular, mas não obteve respostaNa quarta-feira, ele divulgou o texto “Um esclarecimento necessário”, no qual explica que estava ausente de BH, quando ocorreram manifestações imprevistas“Informo que nada disso foi planejado

O que houve foi uma explosão emocional por parte de fiéis, que estranhavam a presença, previamente não anunciada, do pároco, frei Evaldo, que não costuma presidir a celebração nesse horárioEu, responsável pela mesma, fui informado por terceiros de que estaria liberado da celebraçãoAo saber disso, resolvi acompanhar um casal amigo à sua residência na vizinhança de BH.”

ADEUS A PADRE LIBÂNIO
Centenas de amigos, parentes, colegas de trabalho, alunos, autoridades religiosas e integrantes da comunidade jesuíta se despediram, ontem, do padre João Batista Libânio, que morreu quinta-feira, aos 81 anos, em Curitiba (PR), onde foi fazer uma palestra para professores de um colégioSob forte emoção e muitos aplausos, o corpo de um dos mais importantes teólogos do país e intelectual de renome foi sepultado às 17h, no Cemitério Bosque da Esperança, na Região Norte da capitalÀs 8h, o arcebispo metropolitano de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo, celebrou missa de exéquias no auditório da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje), no Bairro Planalto, na Região Norte da capital, onde Libânio era professor de teologiaDom Walmor destacou a importância do padre, que também atuou, durante três décadas, na Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, em Vespasiano, na Grande BH


“Ele era uma pessoa únicaO seu maior legado está na formação de uma consciência crítica, a disponibilidade para com todas as pessoas e o dom do diálogo”, disse a sobrinha de padre Libânio, a professora de história da PUC Minas Ana Maria Coutinho“Quando todos os parentes estavam reunidos, à mesa do almoço e jantar da casa da minha mãe, ele questionava de forma aberta sobre todos os assuntosGostava de dividir o seu conhecimento”, acrescentou a professora

Para o reitor da Faje, padre Jaldemir Vitório, “era um homem do nosso tempo, valorizava a tradição com tê maiúsculo”
A presidente Dilma Rousseff enviou à família um telegrama de condolências(Colaborou Paula Takahashi)