Jornal Estado de Minas

Concurso nacional seleciona quatro projetos para requalificar viadutos de BH

Espaços debaixo de viadutos em BH ganharam equipamentos para integrar a população com a cidade

Valquiria Lopes

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Espaço para artes, esporte e lazer e até albergue para catadores de papel e moradores de ruaÉ vasta a lista de equipamentos detalhados nos projetos arquitetônicos vencedores do concurso para requalificação dos baixios de viadutos de Belo Horizonte, proposta que visa integrar a cidade com a população que por ali transitaAs quatro propostas ganhadoras foram eleitas entre 62 projetos inscritos na seleção aberta pela prefeitura em novembro de 2013O resultado foi divulgado nessa sexta-feiraA ideia é dar nova cara à parte de baixo de quatro equipamentos da cidade: o Elevado Castelo Branco, que liga os bairros Barro Preto e Carlos Prates; o Viaduto Cinquenta e Dois, na Avenida Silva Lobo, sob a Avenida Amazonas; o Viaduto Engenheiro Andrade Pinto, no Barreiro; e o Viaduto Pedro Aguinaldo Fulgêncio, que faz a ligação da região hospitalar com o Bairro FlorestaA lista de vencedores não tem mineirosO concurso que é de abrangência nacional elegeu arquitetos de São Paulo e Campinas (SP) e Porto Alegre (RS)

Um grupo de três paulistas levou o prêmio em duas propostasSão deles os projetos da requalificação do Elevado Castelo Branco e do viaduto da Silva LoboEnquanto este último trabalha com a ocupação do espaço voltada para a prática esportiva e de lazer, com playground, balanços, pista de skate, bicicletário, entre outros equipamentos, o Castelo Branco foi integrado à população de rua e aos catadores de papelO destaque da proposta é a instalação de um albergue formado por contêineres empilhados
São oito “cômodos” na parte superior para abrigar população de rua, trabalhadores locais ou mochileiros e viajantesNa parte de baixo serão instalados banheiros, restaurante popular, praça de alimentação, administração do albergue, entre outros

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“Ao pensar uma intervenção para o local, analisamos as necessidades do espaço e das pessoas, para que estas fossem integradasA possibilidade de ter um espaço de pernoite para quem vive ali une arquitetura com política pública”, explica um dos autores do projeto, o arquiteto Vinícius Capela, de 27 anosEle afirma que a escolha pelo contêiner está relacionada ao custo e ao caráter efêmero das cidades“Além de mais barato do que fazer uma obra física, o material pode ser readaptado, com retirada ou colocação de novos conteineres, de acordo com a demandaÉ uma intervenção rápida e que permite a reconfiguração do lugar a longo prazo”, diz.

ALBERGUE A proposta agradou quem trabalha diretamente com moradores de rua em BHMembro da comissão julgadora do concurso, a coordenadora do comitê de monitoramento das políticas para a população de rua, Soraya Romina, diz que a proposta é completamente viável“O projeto do Castelo Branco conseguiu ir além das questões arquitetônicas e pensar a cidade a partir das pessoasA prefeitura, como estabelece o edital, não tem obrigação de implantá-lo, mas essa é uma ideia muito pertinente”, afirma Soraya
Ela diz que, se as intervenções forem adiante, serviços como abordagem social, saúde e cultura podem ser agregados às atividades do albergue.

No Viaduto Pedro Aguinaldo Fulgêncio, o destaque do projeto é a implantação de uma passagem aérea para pedestres e ciclistasJá o equipamento urbano do Barreiro terá espaço para exposições e artesO próximo passo da PBH é analisar melhor os projetosDe acordo com o arquiteto da Secretaria Adjunta de Planejamento Urbano, Mauro Ribeiro, o edital não determina que as propostas serão mesmo implantadasCada vencedor ganhou R$ 8 mil
Elevado Castelo Branco: albergues em contêineres para dar apoio a moradores de rua. Perspectivas nos viadutos na Silva Lobo e no Barreiro - Foto: