Jornal Estado de Minas

Patrimônio cultural, casarão que abriga escola corre risco de desabar em Minas

O imóvel do século 19, onde funciona educandário há mais de 50 anos, tem paredes descascadas, rachaduras e uma área isolada. Projeto de reforma é orçado em R$ 842 mil e ainda não tem prazo para execução

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri

O sobrado de dois andares em Santa Bárbara está em condições precárias - Foto: Everaldo Francisco da Cruz

Moradores de Santa Bárbara, na Região Central de Minas Gerais, e ex-alunos da Escola Nossa Senhora do Sagrado Coração estão preocupados com a degradação do casarão onde funciona a instituição de ensinoO imóvel do século 19, tombado como patrimônio cultural da cidade, está com paredes descascadas, rachaduras, teto sob risco de desabamento e com uma área isolada há quase um ano devido à possibilidade de rupturaA escola particular de estilo colonial atende 616 alunos do ensino infantil ao médioA estrutura das 19 salas de aulas não está comprometida, por isso não há interrupção das aulas, mas o risco é grande para os estudantesO Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) recomendou à prefeitura que sejam executadas obras de revitalização, mas a reforma ainda está na fase de projeto.

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O sobrado tem dois andares, alvenaria de pau a pique e adobe, além de algumas partes de tijolosNa fachada, as portas são protegidas por um gradil de ferro maciço no estilo colonial, com parapeito de madeiraO prédio, datado de 1864, era do coronel Pedro Moreira Teixeira e serviu de residência oficial para prefeitosEm 1964, foi doado para a Sociedade Civil Irmãs Missionárias Capuchinhas, que transformou o espaço em educandário e administra até hoje o imóvel.

De acordo com a diretora, irmã Geovânia Maria Pereira, na parte interditada funcionava a diretoria, a sala dos professores, espaço de reuniões, mecanografia e depósito de material de artesCom o deslocamento desses setores para outras áreas do terreno, as atividades ficam prejudicadasÉ o caso da disciplina de ciência, cujo laboratório também abriga provisoriamente a sala dos docentes

Segundo a diretora, a área isolada – cerca de 300 metros quadrados, cobertos por uma lona - tem paredes que podem romper com um simples esbarrão nas escoras, o que coloca em risco alunos que tentarem entrar na região interditada.
“Receio que, com as chuvas, a lona receba água e peseA inclinação do sobrado para a rua da frente é cada vez maior”, relata a irmã GeovâniaEla afirma que não tem recursos para recuperar o imóvelSegundo a diretora, as últimas pequenas melhorias foram pagas com rifas e arrecadações em festas promovidas por pais e alunos.

Ex-aluna da instituição, a escritora Andréia Donadon Leal frequentou a escola entre 1985 e 1988“A comunidade está correndo atrás da prefeitura, que não está junto para colocar o prédio em situação apresentável”, lamentaAndréia fala do legado do educandário na sua vida profissional e pessoal“Essa escola é muito importante para mim, porque sou artista plástica e escritoraJá representei o Brasil em 11 países e publiquei 10 livrosAprendi as primeiras técnicas pictórias na aula de educação artística, aulas gratuitas com uma irmãEu era bolsista
A educação que tive nessa escola foi crucial para meu tornar o que sou hoje”, conta.