Jornal Estado de Minas

Estrutura de clube na Pampulha fica sob suspeita após morte de menina

Polícia diz que falta de acesso a energia impediu uso de máquina para aspirar água que a menina engoliu

Landercy Hemerson

Piscina do clube continua interditada para a polícia fazer levantamentos técnicos - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D. A Press


Problemas estruturais teriam dificultado o socorro da menina Mariana Silva Rabelo de Oliveira, de 8 anos, que morreu afogada depois de ter os cabelos sugados pela tubulação do toboágua de uma das piscinas do Jaraguá Country Club, na PampulhaA Polícia Civil já sabe que a chave da caixa de força que desliga a bomba de sucção não fica próximo ao brinquedo, o que dificultou a rápida retirada da criança da água, já que ela teve os cabelos, longos, presos ao ralo da tubulaçãoA distância das tomadas de energia em relação a piscina e a falta de cabos impediu que fosse ligado de imediato o equipamento para aspirar a água que a menina engoliuAs informações foram dadas ontem pelo delegado que apura o caso, Thiago de Oliveira Souza Pacheco, do 3º Distrito Policial de Venda Nova.

Ontem, além de ouvir o casal de tios de Mariana, que a levaram ao clube, o delegado pegou as declarações de uma das duas médicas sócias do clube que prestaram os primeiros socorros à criança e de um salva-vidas do Jaraguá“Todos os depoimentos convergem para uma gama de problemas que contribuíram para o desfecho trágicoAlém da tubulação da bomba de sucção do toboágua posicionada em local inadequado, ocasionando o acidente, o que se seguiu foram dificuldades estruturais para o socorro da menina, que ficou entre três e quatro minutos submersa e entre 10 e 15 minutos recebendo o primeiro atendimento sem as condições ideais”, disse o policial.

Segundo ele, a tia de Mariana e a médica não souberam dizer se o equipamento para aspirar a água engolida pela criança chegou a ser usado, bem como o desfibrilador“As duas acompanharam a menina até o ambulatório e em seguida a equipe do Samu assumiu as manobras de reanimaçãoA médica deixou claro que Mariana foi levada desacordada até o ambulatório embora ela e a outra colega de profissão realizassem respiração boca a boca”, explicouO delegado deve concluir o inquérito no fim do mês, mas já admite que os problemas estruturais que dificultaram o uso dos equipamentos necessários serão destacados na conclusão das apurações.

Laudo

Em princípio, o delegado Thiago Pacheco vai manter a piscina interditada, para possíveis levantamentos técnicosEle aguarda um parecer do Instituto de Criminalística, que já realizou três perícias no local, e pode fazer novas avaliaçõesPara o policial, a realização de uma simulação do acidente não vem sendo considerada, já os dados colhidos, inclusive os técnicos, têm permitido esclarecer as questões investigadas.

Em nota, o presidente do Jaraguá Club, Marco Faria, informou ontem que uma comissão interna vai apurar administrativamente o que ocorreu, indiferentemente das investigações policiais

E que, depois de divulgado o laudo oficial da polícia, vai se manifestar, dando os esclarecimentos necessáriosHoje o delegado Thiago vai ouvir a outra médica que prestou os primeiros cuidados, um funcionário do clube e um sócio que acompanhou a retirada da criança da piscina.