Jornal Estado de Minas

Apenas 10 das 19 obras para Copa estarão prontas a tempo

De 19 intervenções incluídas na primeira matriz de responsabilidades, apenas 10 ficaram prontas ou serão concluídas. Ampliação de Confins e testes do BRT preocupam especialistas

Jorge Macedo - especial para o EM
Mateus Parreiras e
Tiago de Holanda



Obras em Confins: segundo Infraero, ampliação não será concluída até a Copa - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press

Quase a metade das intervenções, obras e medidas previstas para Minas Gerais no lançamento da primeira matriz de responsabilidade para a Copa do Mundo de 2014 não será concluída a tempo para a competiçãoDas 19 ações, firmadas entre os governos federal, estadual e Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), apenas 10 ficaram prontas ou serão finalizadas até o MundialDuas das principais obras prometidas são as que mais preocupam especialistasO Aeroporto de Confins não terá 100% da ampliação concluída a tempoJá o BRT, sistema de transporte rápido por ônibus batizado de Move, está previsto para começar a funcionar antes da competição, mas há receio de que período para testes do novo sistema seja insuficiente.

Das ações incluídas inicialmente na matriz da Copa, quatro já foram concluídasSão elas a reforma do Mineirão, em 21 de dezembro de 2012; a ampliação do Bulevar Arrudas, entre as ruas Extrema e dos Carijós, em junho do ano passado; a expansão da Central de Controle de Trânsito da BHTrans, em maio de 2012; e o Centro de Comando e Controle Regional de Minas Gerais, em funcionamento desde o dia 15 de março de 2013, na Cidade AdministrativaOutras nove, porém, foram descartadas ou não ficarão prontas a tempo: o corredor cultural da Praça da Estação, a restauração do Viaduto Santa Tereza, a Via 710 (Cristiano Machado/Andradas), o BRT da Avenida Dom Pedro II, estruturação dos Centros de Atendimento aos Turistas e sinalização turística na Rota das Grutas de Lund e a despoluição da Lagoa da PampulhaOutras seis medidas tem conclusão prometida para antes do Mundial.

A obra considerada mais crítica e que poderá trazer maior prejuízo para a população e os visitantes que virão a BH para a competição, na avaliação de especialistas, é a ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins (Grande BH)A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informou que não concluirá mais de 85% do previsto, sendo que o restante das ações deve terminar em 2015.

“Os problemas de trânsito serão amenizados com a decretação de feriado durante o evento esportivo, a meu ver uma medida paliativaMas, para o aeroporto, que já está funcionando lotado, essa medida não surtirá efeito”, analisa o professor da Fumec Márcio Aguiar, mestre em engenharia de transportesPara a arquiteta e urbanista Jurema Rugani, colaboradora técnica do Movimento das Associações de Moradores de BH, o aeroporto também é o que mais preocupa

“Se há o interesse em captar os turistas que vem assistir aos jogos, Confins será fundamentalHoje, do jeito que está, não atende a população nem mesmo nos feriados”, disse.

Transporte

A intervenção mais cara (R$ 1,57 bilhão) prevê a implantação de 25 quilômetros do BRTA expectativa da prefeitura é de que no dia 15 de fevereiro sejam inaugurados os corredores Santos Dumont/Paraná e Cristiano MachadoUm mês depois, deverá entrar em funcionamento o sistema da Avenida Antônio CarlosO último trecho liberado será o Avenida Pedro I/Vilarinho, em 15 de abrilOs primeiros testes do sistema foram programados para fevereiro nas pistas que estiverem concluídas“A margem para testes, aprimoramentos e adaptações será muito apertada”, alerta o professor Márcio AguiarPor meio de sua assessoria de imprensa, a BHTrans afirmou que o tempo de testes será suficiente e que os corredores foram projetados para comportar satisfatoriamente a operação do novo sistema de transportes.

Por sua vez, a Secretaria Municipal para a Copa do Mundo (SMCopa) informou que Belo Horizonte está pronta para receber o evento esportivo e ressalta que a cidade conseguiu atrair as seleções da Argentina, Chile e Uruguai para se concentrar na cidadeA expectativa da SMCopa é de que o sistema de transportes e a rede hoteleira sejam suficientes para a demanda esperada, de 540 mil turistasDe acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado Extraordinária da Copa do Mundo não havia ninguém disponível ontem para comentar o assunto
(Colaborou Guilherme Paranaiba)

- Foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press

Corredor cultural e despoluição a passos lentos

Intervenções que poderiam agradar turistas que vêm à capital mineira para a Copa do Mundo e manter conservado o patrimônio da cidade não sairão do papel até o início da competiçãoÉ o caso da revitalização do entorno da Praça da Estação, no Centro, sem data para ocorrerEm março, a Fundação Municipal de Cultura (FMC) anunciou o lançamento do Corredor Cultural Praça da Estação até a CopaO corredor abrangerá a Avenida dos Andradas da Rua Varginha o Parque Municipal e inclui melhoria dos passeios, iluminação e a sinalização dos prédios e monumentosA proposta está emperrada na comissão formada para discuti-la e tem previsão de ter o projeto pronto até o primeiro semestre de 2014.

Também em março, o presidente da FMC, Leônidas de Oliveira, disse que a reforma do Viaduto Santa Tereza, que se arrasta desde 2009, estava garantida para o mundial de futebolNo entanto, segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, as obras têm previsão para se iniciarem em janeiro, devem durar 300 dias e estão aguardando assinatura da ordem de serviçoO projeto, cuja execução deve custar R$ 3,399 milhões.

Indicada ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade, a Lagoa da Pampulha começou a ser revitalizada neste anoO trabalho foi iniciado em outubro, com a etapa de desassoreamento, orçada em R$ 109 milhões e composta por serviços de dragagem, desidratação, transporte e destinação final de sedimentosNeste primeiro semestre deverá ser implantado o sistema de esgotamento sanitário da Bacia da Pampulha, com a execução de redes coletoras e outras ações pela Copasa, que planeja captar R$ 102 milhões junto ao governo federalA terceira etapa, de responsabilidade da PBH, está orçada em R$ 30 milhões para a recuperação da qualidade das águas, segundo a Secretaria Municipal de Obras e InfraestruturaA tecnologia ainda está em processo de licitação e os serviços devem durar 22 meses, informa o órgão(TH)