Jornal Estado de Minas

Após reportagem do EM, Papai Noel voluntário consegue arrecadar mais 7 mil presentes

Voluntário do Restaurante Popular, unidade Barro Preto, vai distribuir os itens para as crianças no almoço de quarta-feira

Tiago de Holanda
ANTES - Mário de Assis, voluntário, estava chateado por receber poucas doações este ano - Foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 10/12/13
A escassez foi substituída pela abundânciaE a preocupação sumiu do rosto de Mário de Assis, de 53 anosNa quarta-feira, ele se vestirá de Papai Noel, com os bigodes pintados com tinta branca, e distribuirá milhares de presentes a crianças e adultos no almoço natalino da unidade do Restaurante Popular no Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo HorizonteNo dia 11, matéria do Estado de Minas mostrou que o homem estava angustiado com a falta de doações: tinha arrecadado somente 500 itensDesde o apelo, porém, a solidariedade não para de bater à porta do velhinho de barba grisalhaEle estima que a meta inicial de 7 mil brinquedos, guloseimas e outros mimos já foi atingida“A benevolência cresceuGraças a Deus as pessoas se sensibilizaramAgora estamos querendo chegar a 10 mil”, anima-se.


Carrinhos, bolas de futebol, cozinhas em miniatura, batedeiras de mentirinha, bonecas, sacos de pipoca, barras de chocolate, cadernos, material de higiene pessoalOs objetos se espalham pelo hall de entrada do edifício no número 43 da Rua Goitacazes, no CentroO endereço é o principal dos dois locais de entrega das doações

O outro fica em Sabará, na Grande BH, na distribuidora de bebidas e artigos para festas pertencente a Mário de AssisDesde 1995, o voluntário distribui os presentes durante a festa Natal sem fome, Natal da alegria, realizada pela prefeitura da capital no Restaurante PopularNeste ano, a 20ª edição do almoço planeja servir 5 mil refeições gratuitas

As doações são tantas que uma parte precisou ser alojada na casa de Mário, presidente da Federação das Associações de Pais e Alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais (Fapaemg)“No nosso quarto está difícil até de entrarTive de arredar a cama para um cantinho”, conta a mulher do Papai Noel, a funcionária pública Cristina Assis, de 52Na manhã de ontem, ela e uma irmã de Mário, a dona de casa Maria de Lourdes, de 65, ajudavam a pôr tudo em grandes sacos plásticosOs itens estão sendo separados por faixa etária“Quase todos os presentes são novos e doados de forma anônima”, ressalta o homem“Antes as doações estavam demorando a chegar
Hoje estamos tendo um ‘problema’ que todo mundo queria ter: muitos presentes para embalarOlha que ‘problemão’”, brinca eleNa quarta-feira, dezenas de voluntários o ajudarão a organizar as filas no restaurante.

DEPOIS- Ontem, feliz, ele mostrou um dos pontos de coleta, no Centro, repleto de embrulhos. A expectativa agora é passar de 10 mil itens - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

Mário cresceu no Bairro da Graça, Região Leste de BHA família não tinha muito dinheiroEle se lembra do presente que sua mãe deu para ele e seus 12 irmãos em um Natal“Eu tinha 4 ou 5 anosMamãe comprou um velocípede para todos nósTinha uma carrocinha com lugar para duas criançasQuebrou um mês depoisMamãe guardou em cima do guarda-roupa, depois levou pra uma oficina mecânica, mandou pintar e o presente do Natal seguinte foi o velocípedeEla fez isso em vários anos, sempre renovando o mesmo presente”, recordaNas refeições, a mãe fazia questão de deixar as melhores partes do frango para os rebentos“Ela dizia: ‘Guarda o pé de frango para mim’Mas é claro que ela não gostava do pé.”

Na escola, Mário cursou apenas o antigo primário“Tenho a faculdade da vida”, dizDepois, batalhou para os três filhos, já adultos, terem mais educação formal que ele“Uma é formada em administraçãoOutra estuda gastronomia, mas teve de trancar a matrícula por falta de dinheiro para pagar a mensalidadeOutro abandonou o ensino médio, mas estou lutando para ele voltar”, contaNa primeira vez em que foi Papai Noel no Restaurante Popular, ele lembra que não havia a atual abundância“Eu comprei quase tudoBalas, pipoca, lembrancinhas, coisas mais simplesFoi tomando dimensão e não parou mais”, conta.

Ele comemora a quantidade já arrecadada este ano, mas acredita que pode ser ainda melhor“Este é o ano em que recebemos mais doaçõesElas começaram a chegar em grande número depois da reportagem do Estado de Minas.” Quem quiser colaborar pode doar brinquedos novos ou usados em bom estado de conservação, doces, biscoitos, material escolar e de higiene pessoalRoupas serão encaminhadas para a Cruz Vermelha“Espero que cheguem maisSe sobrar, guardamos para o próximo ano”, explicaE acrescenta: “Os passos são largos, mas a estrada é longa”.

SERVIÇO

Locais para entrega de doações: Rua Goitacazes, 43 (quase esquina com Rua da Bahia), Centro, das 8h às 18hTelefone: (31) 3222-4721Rua Panamá, 127, Bairro Nações Unidas, em Sabará, das 8h às 18hTelefone: (31) 3671-9510.