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Estado de Minas

Universidade Federal de Itajubá celebra centenário e busca desenvolvimento de novas tecnologias

Centro de Excelência em Redes Elétricas Inteligentes, que buscará desenvolver novas tecnologias


postado em 21/12/2013 06:00 / atualizado em 21/12/2013 07:28

Edifício restaurado da reitoria, onde o novo e o antigo convivem: instituição é referência tecnológica no país(foto: Fotos: Unifei/Divulgação)
Edifício restaurado da reitoria, onde o novo e o antigo convivem: instituição é referência tecnológica no país (foto: Fotos: Unifei/Divulgação)

Referência entre as instituições de ensino brasileiras na área tecnológica, a Universidade Federal de Itajubá, no Sul de Minas Gerais, celebra 100 anos investindo ainda mais em pesquisa, por meio dos seus centros de excelência. Com 8 mil alunos, 31 cursos de graduação e 16 de pós-graduação, tendo em seu quadro de docentes 56% da mão de obra formada por doutores, a escola foi fundada em novembro de 1913 por iniciativa pessoal do advogado Theodomiro Carneiro Santiago. Naquela época, foi a 10ª escola de engenharia a se instalar no país, como Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá(Iemi). Desde o início, o Iemi se destacou na formação de profissionais especializados em sistemas energéticos, notadamente em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.

Anos depois, foi reformulado e equiparado ao da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, tendo seu nome mudado para Instituto Eletrotécnico de Itajubá (IEI). Somente em janeiro de 1956 a escola foi federalizada. Mudou de nome mais uma vez, passando a se chamar Escola Federal de Engenharia de Itajubá (Efei), em 1968. A competência e o renome adquiridos em um século de atuação levaram à expertise nos cursos de engenharia elétrica e mecânica, com destaque especial para as ênfases em eletrotécnica e mecânica plena.

No fim da década de 1960, a escola passou a investir em pós- graduação, com mestrados em engenharia elétrica, mecânica e biomédica, esse último posteriormente desativado. Em resposta à evolução da tecnologia e à expansão das novas áreas contempladas pela engenharia, a Unifei ampliou suas ênfases na década de 1980, passando a incluir a de produção no curso de engenharia mecânica e a de eletrônica no de elétrica.

Dentro das comemorações do centenário, a universidade acaba de inaugurar o Centro de Excelência em Redes Elétricas Inteligentes (Cerin). A intenção é promover o desenvolvimento de tecnologias em redes elétricas inteligentes com inovação científica, pesquisa e planejamento na geração, transmissão e distribuição de eletricidade. "O centro era na verdade um grupo de estudos em qualidade da energia elétrica que reunia seis professores desde 1995", afirma Paulo Márcio da Silveira, coordenador do Cerin. Agora, com espaço próprio, o grupo, que reúne ainda mestrandos e doutorandos, vai intensificar pesquisas para buscar melhorar o funcionamento da rede elétrica. "Está em curso uma pesquisa feita em parceria com a Cemig para o desenvolvimento da regulação de tensão na rede de distribuição elétrica", exemplifica Silveira. Trocando em miúdos, o estudo visa a otimizar as tensões que aparecem para os consumidores. É também lá um equipamento simula, em tempo real, o funcionamento de um sistema elétrico. "Em vez de você ir a campo para modelar, fazemos isso num simulador”, acrescenta.

Laboratório do Núcleo de Excelência em Geração Termelétrica e Distribuída ocupará novo prédio
Laboratório do Núcleo de Excelência em Geração Termelétrica e Distribuída ocupará novo prédio

Além da engenharia elétrica, o Centro de Biomateriais é destaque na instituição, e desde 2012 integra o Parque Científico e Tecnológico. Uma área que vem despontando mundialmente quando se fala em inovação, ciência e tecnologia está presente por lá também: a nanobiotecnologia. “Começamos a montar o centro em 2011, e os novos equipamentos e prédio abriram outras possibilidades”, conta a farmacêutica Daniela Sachs, que coordena o Centro de Biomateriais, espaço que reúne sete professores da Unifei e pesquisadores associados.

Câncer
Um dos focos do centro é a nanobiotecnologia, tendo como mais atual uma pesquisa sobre tratamento de câncer coordenada pelo professor Álvaro Queirós. "Cada professor trabalha com no mínimo quatro pesquisas diferente. E as pesquisas não são excludentes, há algumas voltadas para a área de arquitetura e energia, por exemplo", acrescenta Daniela. Uma delas é para o aproveitamento de resíduos ósseos na fabricação de cerâmicas.

Outro setor da Unifei que aguarda para 2014 sua sede própria é o Núcleo de Excelência em Geração Termelétrica e Distribuída (Nest), que vai funcionar num galpão e num prédio de quatro pavimentos. "Estamos montando agora o primeiro laboratório de energia heliotérmica (que converte energia solar em energia térmica e, depois, em elétrica)", conta Osvaldo Venturini, coordenador adjunto do Nest e coautor, ao lado de Electo Eduardo Silva Lora, do livro Biocombustíveis, uma das raras publicações do gênero no país. O núcleo, criado na universidade há 15 anos, vem atuando como um centro de treinamento de operadores de centrais termelétricas, o único do Brasil.

A universidade já recebeu algumas centenas de prêmios, principalmente por meio de seus alunos e pesquisas que lá são desenvolvidas. O mais recente deles foi há um mês, quando o doutorando em engenharia mecânica Gustavo Meirelles Lima ficou com o primeiro lugar na categoria Mestre e Doutor da 27ª edição do Prêmio Jovem Cientista, que teve como tema “Água: desafios da sociedade”. Ele venceu a premiação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com a pesquisa “Microgeração em sistemas de abastecimentos de água”, que foi orientada pelo professor Augusto Nelson Carvalho Viana.

Ex-alunos


Ex-alunos ilustres da Universidade Federal de Itajubá destacaram-se na política, em secretarias de governos estaduais, nas empresas públicas, nas agências reguladoras e de fomento à pesquisa e inovação, no setor empresarial e na academia. Entre eles estão o ex-vice-presidente e ex-governador de Minas Gerais Aureliano Chaves; o ex-governador do Estado do Piauí Alberto Silva; o ex-presidente da Petrobras Joel Rennó; os ex-presidentes de Furnas Centrais Elétricas Licínio Seabra e Laércio Simões Machado; o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), José Policarpo Gonçalves de Abreu, entre outros.

Entre o técnico e o prático


Dia de festa em Itajubá aquele 23 de novembro de 1913. A cidade do Sul do estado iria ter sua escola de engenharia. Professores europeus, que ministrariam aulas exclusivamente em francês, estavam presentes na inauguração do Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá. A abertura tinha todas as honras e já na solenidade também estariam presentes o presidente da República, Hermes da Fonseca, e seu vice, Wencesleu Braz, nascido em Brazópolis, município da região de Itajubá. A festa, contudo, sofreu um revés. Durante a cerimônia, Theodomiro Carneiro Santiago, fundador da escola (e cunhado de Wenceslau Braz), entrou numa discussão acalorada com Paulo de Frontin, então diretor da Escola Nacional de Engenharia, no Rio de Janeiro. O primeiro defendia o ensino prático, o segundo, o teórico. Os ânimos se exaltaram tanto que, em meio à discussão, o presidente e toda a sua comitiva se retiraram da solenidade, pegando um trem de volta para o Rio, então capital do Brasil. Cem anos depois, o mal-estar, que repercutiu muito na imprensa da época, entrou para a história da Universidade Federal de Itajubá.


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