Moradores da Rua Cabo Verde, no Bairro Cruzeiro, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, cobram providências em relação ao afundamento do asfalto da via, provocado por uma obra
De acordo com a médica, a LVG Participações LTDA começou a mexer no terreno, que fica na esquina da Cabo Verde com Rua Muzambinho, há mais de um anoDuas casas foram demolidas para a construção do novo prédioSegundo Maria de Fátima, nesse período, a obra do prédio foi embargada, mas a empresa apresentou soluções para liberar a escavação do terrenoA moradora relatou os prejuízos que a vizinhança teve por causa da movimentação do terreno, como rachaduras enormes em apartamentos
A médica afirma que a construtora escavou o terreno para construir o edifício abaixo do nível da rua, mas não montou uma contenção para evitar o deslocamento de terra no período chuvosoEla relata que uma fenda está se abrindo na Rua Cabo Verde“Com a chuva, está um lago dentro da obra
A bancária Selma Carvalho Costa de Lacerda, que também mora na rua, disse que na última sexta-feira acordou por volta de 5h com barulho de operários tampando os estragos causados no passeio e no asfalto“Domingo, quando saí da garagem, senti um solavancoDependendo da posição do carro, dá para ver que a terra está cedendo e levando o asfalto”, conta.
As moradoras temem que a rua esteja condenada, por isso acionaram a Defesa Civil e a prefeitura, que mandou fiscais ao terreno nessa quarta-feira“Se o buraco na obra está cedendo, os prédios vão ficar expostosVai ser um efeito dominó, uma tragédiaSe acontecer algum problema na Rua Cabo Verde, os edifícios vão cair sobre aqueles que ficam na Rua Muzambinho”, afirma a bancária
De acordo com a prefeitura, os fiscais avaliaram que a obra está regular e não fizeram qualquer interdiçãoA Sudecap foi acionada para verificar os problemas no asfalto e fará vistoria em breve.
Explicação técnica
O engenheiro responsável pela obra da LGV, Gustavo Lourenço Valadares Gontijo, assumiu que houve um deslocamento de terra e desnível da rua provocados pelas intervenções da empresa e explicou as providências
Para montar a garagem prevista no projeto, ocorreu a retirada de terra e foram feitas contenções com estacas de concreto armado, momento em que surgiram os problemasDe acordo com Gontijo, a inserção de 88 estacas provocou barulho, movimentação de terra e pequenos tremores percebidos por vizinhos
“Existia um muro de arrimo anteriormente e tivermos que tirar a base desse muro para cravar as estacas o mais próximo possível da divisa do terreno com a ruaNão conseguimos colocar a estaca colada no muro, por isso ali há uma pequena movimentação de terra”, afirmaSegundo o engenheiro, essa é a origem das trincas no asfalto e na calçada, que estão sendo reparadas pela empresaA chuva piora a situação porque, com volume de água, a terra vai se “acomodando” mais, o que provoca abertura da fenda
Reparação na via
A empresa garantiu que está acompanhando as intervenções dentro do terreno e as trincas na Rua Cabo VerdeApesar de ser responsabilidade da prefeitura a reparação de vias públicas, a LVG comprou pó de pedra e manta asfáltica e iniciou os reparosDe acordo com o engenheiro, os problemas vão acabar quando os três pavimentos de subsolo forem levantados, porque darão mais estabilidade à contenção
O que a construtora está tentando agora é evitar a entrada de água, que pode piorar a compactação de terra“A nossa estrutura é muito forte, há estacas de metro em metro com concreto armadoNão tem perigo daquilo ali romperO único perigo seria o muro de arrimo romper e descer a terra, mas isso é muito difícil de acontecer”, afirma Gontijo
Embargo
Conforme o engenheiro, a obra foi embargada em novembro de 2012 por causa de um problema na contençãoCinco estacas foram colocadas oito centímetros dentro do passeio, o que motivou uma notificação da prefeituraEm menos de 20 dias o problema foi resolvido e os trabalhos recomeçaramA prefeitura confirmou as informações do embargo repassadas pelo engenheiro