BR-040 tem uma sucessão de armadilhas

Guilherme Paranaiba

Enquanto motoristas desrespeitam limites de velocidade sem ter de pagar multa nas estradas federais de Minas sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), sobram problemas nos trechos onde os radares estão instalados. Com arrecadação de pouco mais de R$ 150 mil de agosto de 2012 a setembro deste ano, dinheiro que poderia ser usado para resolver gargalos das estradas, condutores reclamam de sinalização confusa e sem manutenção.

Das quase 290 mil infrações registradas por 338 aparelhos entre agosto de 2012 e setembro de 2013, 108.552 foram capturadas na BR-040. A rodovia lidera o ranking mineiro de notificações. No km 518 da rodovia, entre Contagem e Ribeirão das Neves, em uma distância de 100 metros há três placas informando o limite de velocidade permitido. Elas indicam 60km/h, 70km/h e 80km/h. Perto dali, o redutor de velocidade é de 70 km/h. O caminhoneiro Leonardo Cangussú, de 43 anos, é um dos motoristas que foram autuados por excesso de velocidade pelo equipamento, em fevereiro de 2013. “Quem sabe passa na velocidade certa, quem não sabe fica na dúvida e às vezes diminui demais, aumentando o risco de acidentes”, alerta.

Já no km 524, em Contagem, está posicionado outro radar. Assim como todos que estão no trecho entre BH e Sete Lagoas (Central) ele multa veículos acima de 70km/h, mas uma placa exatamente em cima do radar indica 60km/h. E como a sinalização está pichada, confunde ainda mais os motoristas. Outro problema está no km 513, em Ribeirão das Neves. Na saída de um radar que estabelece velocidade máxima de 70km/h há uma placa grande indicando 110km/h para carros de passeio e 90km/h para os pesados.

Perigo

Na outra ponta da 040, parado em um posto de gasolina em Nova Lima, na Grande BH, o caminhoneiro João Cláudio Pereira da Silva, de 44, reclama das condições da estrada. “O lado direito está inviável e por isso os caminhões jogam para esquerda. Para ficar na pista rápida, temos que andar a 100km/h e, por isso, muitos acabam passando em radares acima do permitido”, diz ele. O casal de promotores de Justiça Luís Gustavo de Melo Beltrão, de 42, e Denise Guerzoni, de 44, usa com frequência o trecho da 040 em direção ao Rio para visitar a filha em Cataguases, na Zona da Mata. Eles também reclamam da dificuldade de entender a sinalização que atesta qual velocidade respeitar. “Aqui ocorre muito de ter mais de uma placa com velocidades diferentes, dificultando as coisas”, diz Denise. “Sou a favor dos radares, eles são importantes para segurar os motoristas”, diz Luís Gustavo. “Mas é necessário um padrão para que eles funcionem”, completa.

Osias Batista, especialista em transporte e trânsito, critica a política de controle de velocidade. “Essa desordem na sinalização causa impacto nas condições de segurança da via. Desse jeito, as pessoas não levam o radar a sério e os acidentes acabam acontecendo”, afirma.

Segundo o Dnit, o órgão está fazendo vistorias com o objetivo de corrigir falhas de sinalização nas estradas federais. Sobre a qualidade do asfalto da 040, o órgão informou que o trecho entre a curva do Ponteio, ainda na capital, e Ressaquinha, na Região Central, passa por obras de revitalização.