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Estado de Minas

Pistas exclusivas dividem opiniões na capital

Anúncio de que a BHTrans pretende criar faixas exclusivas para ônibus em corredores como a Avenida Pedro II acirra disputa entre os motoristas particulares e de coletivos


postado em 08/11/2013 06:00 / atualizado em 08/11/2013 06:39

Avenida Pedro II, na altura da Rua Peçanha: desleixo com sinalização favorece inversão de posições entre transporte coletivo e carros particulares(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Avenida Pedro II, na altura da Rua Peçanha: desleixo com sinalização favorece inversão de posições entre transporte coletivo e carros particulares (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)


Com a distribuição de 150 quilômetros de pistas para ônibus por toda a cidade, a BHTrans pretende adotar a fiscalização como arma para evitar que os carros desrespeitem as regras e garantir a livre circulação do transporte coletivo. A avenida que terá mais pontos vigiados é a Pedro II, com 48 pontos, em sistema de rodízio, o que indica que a pista própria de ônibus será extensa. Nos arredores dos cruzamentos com as ruas Peçanha, Mariana e Jaguarão, entre os bairros Bonfim e Carlos Prates (Região Noroeste), onde os olhos eletrônicos serão instalados, o conflito entre carros e coletivos ocorre diariamente. Veículos de passeio transitam pelo lado direito da pista, onde a sinalização que indica a preferência para ônibus está apagada na maioria dos trechos. Os coletivos, por sua vez, constantemente ocupam a faixa da esquerda. O resultado é um congestionamento que começa na entrada do Viaduto A do Complexo da Lagoinha e se estende ao longo de toda a avenida.

Ao descobrir que a Pedro II vai ter espaço exclusivo para ônibus, com fiscalização eletrônica, o vendedor Ricardo Soares, de 55 anos, se espanta: “Não acredito que eles vão fazer isso na Pedro II. Não tem jeito, não tem espaço. Onde vamos circular?”, questiona. Já os motoristas de ônibus Roney de Oliveira, de 43, e Luan Carlos, de 23, não têm dúvidas de que vai melhorar. “Os ônibus não podem ficar parados como ficamos normalmente”, afirma Roney. “Vai melhorar demais, temos dificuldade de andar por aqui diariamente”, acrescenta Luan.

Inicialmente, o corredor formado pelas avenidas Pedro II e Carlos Luz era uma das promessas da Prefeitura de BH para receber o transporte rápido por ônibus (BRT, da sigla em inglês), mas o projeto foi abandonado sob justificativa de dificuldades encontradas nas desapropriações. “Antes a avenida seria alargada e teria mais espaço, tanto para carros quanto para ônibus. Agora nós vamos perder uma faixa. Será que vai criar um gargalo?”, questiona, sem esconder a ironia, o engenheiro químico Josimar Felippe Antunes, de 36.

ESTRANGULAMENTO Entre os corredores que vão receber faixas exclusivas como as que estão previstas para a Pedro II está a Rua Niquelina, importante corredor do Bairro Santa Efigênia (Região Leste), que faz ligação com a Avenida do Contorno. “Você tem que ver esta rua entre as 6h30 e as 8h. Se não fizerem isso, não andamos”, diz o motorista de ônibus Dimas Rodrigues, de 61, referindo-se ao congestionamento que atinge a Niquelina entre as avenidas do Contorno e Mem de Sá no horário de pico. “De fato os ônibus precisam. Mas aqui não tem espaço. Vai estrangular totalmente para os carros”, diz o taxista Maurício Machezini, de 53.

Também contemplada no projeto para receber faixa exclusiva, a Avenida Assis Chateaubriand, no Bairro Floresta, Leste da capital, tem grande demanda de estacionamento entre as avenidas Fracisco Sales e do Contorno. Apesar de a BHTrans não confirmar se vagas serão extintas para ceder espaço aos ônibus, fica difícil imaginar como o transporte coletivo poderá ter exclusividade se isso não ocorrer. A professora Sandra Maria Soares, de 54, estava com o carro parado no trecho ontem, mas não se importa se a área sumir. “Tudo o que favorecer o ônibus é válido, porque a mobilidade em Belo Horizonte está muito prejudicada”, diz ela.

Na Avenida Nossa Senhora do Carmo, onde as faixas exclusivas já funcionam para os coletivos em 900 metros, entre as avenidas do Contorno e Uruguai, a ampliação do percurso também está prevista no pacote anunciado pela BHTrans, mas atualmente há dificuldades no trecho. Uma delas está na saída da trincheira, pois os coletivos precisam vencer o engarrafamento nos horários de pico para chegar ao espaço reservado a eles. Quando passam da Avenida Uruguai, ficam reféns do engarrafamento, que muitas vezes ses se arrasta até o BH Shopping.

Para o coordenador do Núcleo de Logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, a implantação das faixas exclusivas seria viável se a cidade pudesse oferecer à população uma alternativa de transporte de alta capacidade, como o metrô. “Sem essa possibilidade, os projetos forçam um modelo que tem limite de capacidade e por isso a transferência de pessoas vai ser muito pequena”, prevê o professor. Ele também chama a atenção para o fato de que o sistema tem desempenho melhorado onde há pistas exclusivas, mas os ônibus continuarão enfrentando trânsito nos demais lugares.


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