Transitar de carro pelas ruas de Belo Horizonte já é um desafio em condições normaisO aumento de 100% da frota nos últimos 12 anos criou engarrafamentos que se arrastam pelos principais corredores e avançam na mesma velocidade de uma frota que cresce quase 8%, em média, a cada anoDados mais recentes do Departamento Nacional de Trânsito mostram que a quantidade de veículos na capital já atingiu 1.565.500, mas, se os motoristas acreditam que a falta de espaço chegou ao limite, é hora de apertar o cinto, porque a prefeitura está determinada a reduzir ainda mais a área de tráfego para veículos de passeioCom a previsão de alargamento de calçadas em mais vias da cidade, da conclusão de 150 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus, da implantação de mais 140 quilômetros de ciclovias e de fechamento de quarteirões com extinção de vagas de estacionamento, quem é adepto do transporte individual ficará cada vez mais cercado.
A BHTrans confirma que as já raríssimas vagas para estacionar vão diminuir também como consequência do alargamento de passeios, que reduzirá ainda o espaço para circulação de veículos, como ocorreu nas ruas Caetés, Carijós e Rio de Janeiro, no CentroO diretor de Planejamento da empresa, Célio Freitas, informou que a intenção é que todas as vias da área central passem pela mudançaA Secretaria Adjunta de Planejamento Urbano confirmou ações na Rua Espírito Santo, nas avenidas Afonso Pena e Carandaí e na Alameda Ezequiel DiasO mesmo deve ser feito na área hospitalar e no Barro Preto – onde um projeto de requalificação urbana inclui arborização, instalação de mobiliário urbano e iluminação nas ruas Tupis, Goitacazes, Araguari, Guajajaras, Mato Grosso e Timbiras, com fechamento de quarteirões ao tráfegoApenas as obras do polo da moda já têm data marcada: a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que a revitalização começa em 2014
Célio Freitas diz que as alterações na circulação em Belo Horizonte fazem parte da instituição de uma rede que dá prioridade aos ônibus, ao sistema BRT e ao metrôPara isso, 100 quilômetros de pistas para coletivos em mais de 20 corredores espalhados por toda a cidade devem ser implantados depois da Copa do Mundo, somando-se aos 50 quilômetros das vias do BRT e à Avernida Nossa Senhora do CarmoEntre os trechos que ganharão faixas exclusivas, pelo menos oito terão 72 pontos fiscalizados por radares
Os 60 quilômetros de ciclovias que já existem em BH devem ser ampliados para 200 quilômetros em 2016A meta da BHTrans é que as faixas destinadas a bicicletas somem 360 quilômetros em sete anosSegundo a Diretoria de Planejamento da empresa, as primeiras instalações serão feitas nas regiões de Venda Nova e Barreiro, onde há mais adeptos desse meio de transportePara manter a segurança dos ciclistas, as faixas serão inseridas em vias paralelas a grandes avenidasJá estão projetados 100 quilômetros, que devem ter o início da implantação no segundo semestre do ano que vem.
Apesar dos estacionamento subterrâneos que a prefeitura pretende implantar na região central, a solução para a perda de vagas devido às mudanças anunciadas pela BHTrans é regulamentar novos espaços para o estacionamento rotativoMas Célio Freitas diz que ainda não é possível mensurar qual será o prejuízo para quem usa as vagas nos pontos que sofrerão intervenções.
Mobilidade controversa
O coordenador do Núcleo de Logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, constata que as alternativas em estudo diminuem cada vez mais o espaço dos carros
A capital mineira já está a caminho do padrão do trânsito europeu, em que há duas pessoas para cada carroCom o aquecimento do mercado automobilístico e as facilidades para comprar veículos, a tendência é de atingir o nível dos Estados Unidos: um habitante por automóvelA BHTrans argumenta que as alterações planejadas são uma resposta a esse quadroSegundo a empresa, atualmente 54% da população usa o transporte público e 46% prefere o carroCaso não haja medidas efetivas, a previsão é de que em menos de 10 anos essa situação se inverta e o nível de congestionamento triplique“A aposta no transporte coletivo é nossa resposta para a cidadeSenão, ela paraVamos oferecer segurança, redução do tempo de viagem e mais conforto”, argumenta Célio FreitasAs projeções da BHTrans estimam que 58% dos moradores da capital estejam usando o transporte público como principal meio de locomoção em 2020Dez anos depois, a expectativa é de que 70% dos deslocamentos sejam feitos por ônibus ou metrô.