Jornal Estado de Minas

LMG-808 é bloqueada por manifestantes em Contagem

O protesto é contra a reintegração de posse, que pode acontecer a qualquer momento, de um terreno ocupado no Bairro Tupã, em Contagem

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri

- Foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press

Moradores bloquearam os dois sentidos da LMG-808, estrada que liga Contagem a Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, durante um protesto na manhã desta segunda-feiraA manifestação é contra a reintegração de posse, que pode acontecer a qualquer momento, de um terreno ocupado no Bairro TupãDe acordo com representantes da comunidade, a área ocupada no início deste ano estava ociosa e aproximadamente 150 famílias se instalaram na regiãoSegundo a prefeitura, a invasão está colocando e risco uma região é Área de Proteção Ambiental (APA) e uma Área de Preservação Permanente (APP) perto da Várzea das Flores

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Cerca de 300 manifestantes queimaram pneus e impediram a passagem de veículos nesta manhãA Polícia Militar monitora o protestoDois motociclistas tentaram furar o bloqueio dos manifestantes e provocaram tumulto, sendo que um deles foi detido por militaresO grupo exige um posicionamento do prefeito de Contagem sobre a remoção de famíliasUma ação de reintegração de posse tramita na Justiça e já está permitido que a Polícia Militar (PM) cumpra o despejo das famílias

Segundo a PM, já são mais de quatro horas de interdição e centenas de pessoas aguardam dentro de carros e ônibus para passarA dona de casa Marildes Dias, de 50 anos, perdeu os exames médicos marcados pelo SUS e vai demorar no minimo três meses para conseguir fazer novamente

De jejum, ela foi salva pelo motorista do ônibus com um copo de caféNão há comércio por perto e além de calor, as pessoas enfrentam fome e sede na estradaAlgumas pessoas seguiram a pé por mais de 5 quilômetros para fugir do bloqueio.

- Foto: Pedro Ferreira/EM DA Press

Essa é a terceira manifestação dos moradores em menos de um mêsNo dia 11 de outubro, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade informou que em 3 de maio deste ano o grupo ocupou uma área de proteção de quase um milhão de metros quadrados.

Mesmo sendo um terreno privado, a prefeitura foi acionada porque a ocupação causa prejuízos ambientais ao leito da várzeaOs fiscais autuaram as famílias por crime ambiental e os grupos deixaram o localDuas semanas depois, retornaram com maior quantidade de pessoas para a ocupação

Segundo a secretaria, foi aberta uma grande área de desmatamento e ocorreram muitas queimadasO órgão autuou novamente os representantes da comunidade, acumulando 133 registros de multa naquela operação de fiscalizaçãoTambém foram punidos os proprietários da área, por não cuidarem devidamente do espaço.

Devido à permanência das famílias a Procuradoria do Município entrou com uma ação de reintegração de posse por motivo ambiental e ganhou, no dia 12 de agosto, a liminar determinado o despejo no entorno da reserva, que é nove vezes maior que a Lagoa da Pampulha

De acordo com a secretaria, o impacto dessa ocupação para a várzea é perigoso por causar desequilíbrio ao meio natural e por oferecer risco ao sistema de abastecimento da lagoa, que fornecer água a 400 mil famílias da Grande BH