Jornal Estado de Minas

Esquema de falsificação de cerveja é desmontado em Contagem

Oito foram presos durante operação da Polícia Civil. Responsáveis pelo esquema poderão responder até por crime análogo à escravidão

Daniel Silveira
Garrafas de cerveja da marca Lokal recebiam rótulos das de marca Brahma e Skol - Foto: Déborah Morato/TV Alterosa


Um esquema fraudulento de falsificação de cerveja foi descoberto nesta quarta-feira em Contagem, na Grande BHOito pessoas foram presas e um adolescente apreendido em um galpão localizado na Rua Dália, no Bairro Campina VerdeDe acordo com a Polícia Civil, os responsáveis pelo esquema poderão responder por crimes diversos, incluindo por crime análogo à escravidão.
Veja algumas fotos da apreensão

De acordo com o delegado da 1ª Delegacia de Contagem, Otávio Luiz de Carvalho, o grupo atuava em Contagem há aproximadamente 15 dias“Desde que alugaram o galpão começamos a monitorar a atividadeChamou a atenção o fato de entrar e sair caminhão durante todo dia e noite, e assim que o veículo entrava o portão era fechado”, esclarece o investigador.

Os policiais constataram que garrafas de cerveja da marca Lokal tinham os rótulos e tampas trocados pelas marcas Skol e Brahma, que têm valor de mercado superiorHá suspeita de que ocorresse sonegação fiscal na aquisição da bebidaAinda não se sabe se havia, também, adulteração do produto.

No galpão, dois caminhões, com cerca de 300 caixas de cervejas cada, foram apreendidosSegundo a polícia, metade das garrafas já havia recebido os novos rótulos e tampas.

Um inquérito será instaurado para investigador a atuação da quadrilhaA polícia ainda não sabe, por exemplo, se o grupo já atuava antes de alugar o referido galpão em Contagem.

Trabalho escravo

Embora vítimas de crime análogo à escravidão, aliciados também poderão ser responsabilizados pela falsificação - Foto: Déborah Morato/TV Alterosa Ao entrarem no galpão, os policiais identificaram que trabalhadores eram explorados ali, mantidos numa jornada de trabalho ininterrupta e abrigados sob condições desumanas“Eles foram aliciados em outros estados, a maioria no Tocantins, e mantidos em situação análoga à escravidão”, afirma o delegado Otávio Luiz

Embora vítimas, estes trabalhadores também poderão responder criminalmente pela atividade ilegal
“Entendemos que eles são partícipes, já que sabiam tratar-se de um esquema criminoso”, aponta o delegadoEntre os oito presos, os policiais identificaram que três deles podem ser os mentores do esquemaTodos foram levados para a delegacia para devida identificação.

O adolescente de 17 é filho de um dos homens presosO pai contou que saiu do Tocantins com a promessa de um bom salário, mas até hoje não recebeu nenhum valorEle relatou que o trabalho é exaustivo, pois não tem hora para começar ou terminarO menor atua na função de cozinheiro do grupo, que dorme sobre colchões finos no interior do galpão

Ainda segundo o delegado, os presos poderão responder por crime contra a saúde pública, formação de quadrilha, corrupção de menor e escravidão