Jornal Estado de Minas

Delegado acusado de matar namorada adolescente é expulso da Polícia Civil

A Corregedoria da corporação pediu a demissão de Geraldo do Amaral Toledo Neto por "transgressões disciplinares" cometidas entre 2005 e 2007 no Detran em Betim. Além das fraudes, ele é acusado por homicídio qualificado e fraude processual no caso sobre a morte de Amanda Linhares Santos

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri

Quando Amanda foi baleada, em 14 de abril deste ano, Toledo já respondia a nove sindicâncias, dez inquéritos e dois processos administrativos na Corregedoria - Foto: Cristina Horta/EM/D.A Press.

O delegado Geraldo do Amaral Toledo Neto, acusado de matar a ex-namorada adolescente Amanda Linhares Santos, 17 anos, está expulso da Polícia Civil de Minas GeraisA demissão foi publicada nesta quarta-feira no Diário Oficial do Estado com justificativa de que, conforme inquérito instaurado pela Corregedoria da corporação, ele se comportou com “prática das transgressões disciplinares”Embora Toledo esteja preso e tenha sido denunciado pelo Ministério Público por homicídio qualificado e fraude processual, o pedido de demissão feito pela Corregedoria se baseou em transgressão disciplinar cometida entre 2005 e 2007

Naquele período, a Corregedoria apurou fraudes praticadas quando Toledo era delegado titular da circunscrição do Detran em BetimEle foi preso naquele ano, em São Joaquim de Bicas, acusado de receptação, formação de quadrilha e falsidade ideológicaDesde 2002, ele já respondia a processo por suspeita de irregularidade no licenciamento de veículosA comissão confirmou, somente agora, que ele providenciou o registro e licenciamento de duas motocicletas com motores e chassis de procedência irregularesUm dos veículos tinha chassi com registro de roubo em outro estado

Quando Amanda foi baleada, em abril deste ano, Toledo já respondia a nove sindicâncias, dez inquéritos e dois processos administrativos na CorregedoriaEle havia sido indiciado por lesão corporal contra a adolescente com quem mantinha um relacionamento amorosoNatural de Pouso Alegre, o delegado atuou, além do Detran, na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e na Delegacia de Atendimento à Pessoa Deficiente e ao Idoso



- Foto: Reprodução FacebookO crime contra a adolescente aconteceu no dia 14 de abril deste anoAmanda e Toledo brigaram e a jovem foi baleada na cabeçaTestemunhas disseram que o casal estava no carro do policial, na estrada entre Ouro Preto e o distrito de Lavras Novas, na Região Central de MinasO delegado nega que tenha atirado na adolescente, com quem mantinha um relacionamento marcado por desavenças, que geraram ocorrências policiaisA Justiça chegou a determinar que o policial não poderia se aproximar de AmandaPorém, a advogada dele informou que seu cliente não chegou a ser notificado da decisão.

Pela versão do delegado, Amanda tentou se matar, mas provas periciais derrubam essa hipóteseExames residuográficos nas mãos dela não acharam vestígios de pólvoraSegundo as investigações, Toledo buscou a jovem em Conselheiro Lafaiete e depois seguiram para Ouro Preto

Depois de uma ligação à Polícia Militar avisando que o casal foi visto brigando na estrada, veio a informação de que Amanda havia sido deixada em unidade de pronto atendimento (UPA) da cidade com um tiro na cabeçaFuncionários da unidade de saúde informaram aos militares que o homem que a deixou no local disse que ela tentou o suicídio
O carro do policial, um Peugeot preto, foi apreendido e periciadoAmanda foi transferida para o Hospital João XIII, onde morreu em 3 de junho, após 51 dias internada

Reconstituição do crime no momento em que o delegado deixa Amanda ferida na unidade de saúde em Ouro Preto - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

(Com informações de Daniel Silveira)