Integrantes do Movimento dos Sem-Terra saíram em passeata na manhã desta quarta-feira pelas ruas de Belo Horizonte. O grupo, de aproximadamente 300 pessoas, estava acampado no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e seguiram até o Fórum Lafayette onde está previsto para acontecer o julgamento dos acusados de participação na Chacina de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha. O crime aconteceu há quase nove anos, quando cinco trabalhadores sem-terra foram assassinados e 12 feridos a tiros.
De acordo com a BHTrans, os manifestantes saíram da ALMG e seguiram para a Avenida Augusto de Lima, onde interditaram metade da pista. Algumas pessoas também ficaram na Rua Paracatu, o que deixou o trânsito lento na região. Integrantes do MST pretendem acompanhar o júri dos quatro réus dos assassinatos. “Estamos aqui com aproximadamente 500 pessoas. Metade vai credenciar para entrar e o restante ficará no entorno do Fórum”, explica Ênio Bohnenberger, um dos coordenadores do movimento.
O julgamento da chacina de Felisburgo já foi adiado três vezes. Porém, os manifestantes acreditam que nessa quinta-feira o destino dos réus seja traçado. “Estamos esperançosos que aconteça. Havia um boato que os réus e os advogados deles não viessem, mas estão todos aqui”, diz Ênio.
Vão a júri Adriano Chafik Luedy – apontado como mandante -, Washington Agostinho da Silva, Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira e Milton Francisco de Souza, acusados de invadir a Fazenda Nova Alegria, no município de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha.
De acordo com a denúncia do Ministério Publico em Minas, Adriano Chafik teria ordenado o ataque à fazenda, após ter perdido uma ação de reintegração de posse, ganha pelo Movimento Sem Terra (MST), que ocupava o local. Após a decisão da Justiça, ele teria reunido um grupo que passou a ameaçar os assentados. Conforme o MP, no dia 20 de novembro, Chafik comandou um ataque à fazenda. O terreno, do qual Adriano alegava ser dono, era propriedade pública.
Os quatro homens serão julgados pelos crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio e incêndio. Já Adriano, acusado de ordenar o ataque, responde também por formação de quadrilha. Inicialmente, os réus respondiam pelos crimes em dois processos distintos. Por economia processual e com vistas a agilizar o julgamento - já que os quatro estavam sendo acusados de participar do mesmo crime e, principalmente por estarem os autos no mesmo momento processual -, o juiz Glauco Soares determinou a reunião dos processos, decisão acolhida pelo MP e pela defesa dos acusados. As testemunhas já foram ouvidas por carta precatória.