Jornal Estado de Minas

Passeata do sem-terra deixa o trânsito lento no entorno do Fórum Lafayette

Aproximadamente 500 pessoas saíram da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e seguiram para o local. Elas vão acompanhar o julgamento da Chacina de Felisburgo

João Henrique do Vale
Aproximadamente 500 pessoas se reuniram nas imediações do Fórum Lafayette - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press

Integrantes do Movimento dos Sem-Terra saíram em passeata na manhã desta quarta-feira pelas ruas de Belo HorizonteO grupo, de aproximadamente 300 pessoas, estava acampado no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e seguiram até o Fórum Lafayette onde está previsto para acontecer o julgamento dos acusados de participação na Chacina de Felisburgo, no Vale do JequitinhonhaO crime aconteceu há quase nove anos, quando cinco trabalhadores sem-terra foram assassinados e 12 feridos a tiros

De acordo com a BHTrans, os manifestantes saíram da ALMG e seguiram para a Avenida Augusto de Lima, onde interditaram metade da pistaAlgumas pessoas também ficaram na Rua Paracatu, o que deixou o trânsito lento na regiãoIntegrantes do MST pretendem acompanhar o júri dos quatro réus dos assassinatos“Estamos aqui com aproximadamente 500 pessoasMetade vai credenciar para entrar e o restante ficará no entorno do Fórum”, explica Ênio Bohnenberger, um dos coordenadores do movimento

O julgamento da chacina de Felisburgo já foi adiado três vezesPorém, os manifestantes acreditam que nessa quinta-feira o destino dos réus seja traçado“Estamos esperançosos que aconteça
Havia um boato que os réus e os advogados deles não viessem, mas estão todos aqui”, diz Ênio

Vão a júri Adriano Chafik Luedy – apontado como mandante -, Washington Agostinho da Silva, Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira e Milton Francisco de Souza, acusados de invadir a Fazenda Nova Alegria, no município de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha.

De acordo com a denúncia do Ministério Publico em Minas, Adriano Chafik teria ordenado o ataque à fazenda, após ter perdido uma ação de reintegração de posse, ganha pelo Movimento Sem Terra (MST), que ocupava o localApós a decisão da Justiça, ele teria reunido um grupo que passou a ameaçar os assentadosConforme o MP, no dia 20 de novembro, Chafik comandou um ataque à fazendaO terreno, do qual Adriano alegava ser dono, era propriedade pública

Parte do grupo conseguiu entrar no salão do júri aonde acontece o julgamento - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press

Os quatro homens serão julgados pelos crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio e incêndioJá Adriano, acusado de ordenar o ataque, responde também por formação de quadrilhaInicialmente, os réus respondiam pelos crimes em dois processos distintosPor economia processual e com vistas a agilizar o julgamento - já que os quatro estavam sendo acusados de participar do mesmo crime e, principalmente por estarem os autos no mesmo momento processual -, o juiz Glauco Soares determinou a reunião dos processos, decisão acolhida pelo MP e pela defesa dos acusadosAs testemunhas já foram ouvidas por carta precatória