Jornal Estado de Minas

Casa Kubitschek é inaugurada como museu na Pampulha e já está aberta ao público

Imóvel na Pampulha que foi residência de JK e depois de casal de amigos do presidente agora é espaço cultural. Projetada por Niemeyer, edificação teve mobília restaurada

- Foto: Divulgação/Fundação Municipal de Cultura

Belo Horizonte ganhou mais um espaço culturalA Prefeitura reinaugurou na noite de terça-feira a Casa Kubitschek (Avenida Otacílio Negrão de Lima, 4.188, Pampulha), espaço que será administrado pela Fundação Municipal de CulturaO espaço integra o projeto Pampulha: Patrimônio da HumanidadeDuas exposições marcam a abertura do novo espaço museológico, que será aberto hoje para o público, “Casa Kubitschek: Uma Invenção Modernista do Morar” e “Pampulha: Território da Modernidade”.

O espaço, às margens da Lagoa da Pampulha, será dedicado a contar a história de uma casa modernista por meio de espacializações, objetos e estímulos sensoriaisA ideia é ampliar a experiência do visitante em relação aos modos de habitar dos anos 1940, 1950 e 1960, período singular para consolidação do pensamento modernista em Minas Gerais e suas manifestações na arquitetura, no urbanismo, no paisagismo e nas artesPersonagens importantes do período também ganharão destaque no localA Casa de Kubitschek tem entrada gratuita e ficará aberta de terça a sábado, da 10h às 17h.

- Foto: Divulgação/Fundação Municipal de CulturaA casa apresenta as várias características que tornam a Pampulha singular para o BrasilA começar pelos jardins do paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994), que acabam de passar por um processo de restauraçãoOs jardins ficam na frente e nos fundos da casa projetada em 1943 por Oscar Niemeyer (1907-2012) para ser a residência de fim de semana para o então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek (1902-1976)Com telhado em forma de asa de borboleta e planos inclinados, a Casa Kubitschek configura tipologia característica da arquitetura brasileira do modernismoDesapropriada pela Prefeitura de Belo Horizonte há alguns anos, após amplo processo de restauração e reconceituação, retorna ao público

A edificação é tombada pelos patrimônios municipal, estadual e federal.

Exposições


As mostras que inauguram o espaço pretendem levar o visitante a experimentar o movimento cultural que deixou marcas profundas no modo de ser local, o modernismoComo bem definiu o urbanista e arquiteto Lúcio Costa (1902-1998), um dos precursores daquele movimento, “ser moderno é ser prospectivo e atual”É esta experiência que o lugar oferecerá por meio de espaços arquitetônicos e afetivos, racionalizados e vividos, que se desdobram e se somam no caminho percorrido que vai da orla da Lagoa da Pampulha, passando pelo singular jardim frontal e seguindo pelos espaços sociais e íntimos desta “casa museu”.

- Foto: Divulgação/Fundação Municipal de CulturaA mostra “Casa Kubitschek: uma invenção modernista do morar”, com curadoria de Denise Bahia e Mariana Brandão, apresenta em sua narrativa dois eixos principais que se interpenetram: um referente à história e outro que remete à memóriaA proposta é de uma “casa museu”, com um percurso que parte da referência histórica do ambiente político e cultural em que surge o modernismo e no qual a Casa Kubitschek foi criadaHistória e memória seguem referenciadas em todo o percurso expositivo entre móveis, fotografias, vídeos e instalações alusivas à épocaA referência à memória de habitantes como Juscelino Kubitschek e, mais recentemente, os amigos Juracy e Joubert Guerra, também integram a proposta curatorial, assim como referências aos artistas que deixaram marcas naquela arquitetura, como Volpi e Paulo Werneck.

A outra exposição, “Pampulha: Território da Modernidade”, com curadoria de Luana Maia, instalada no andar térreo, traz um viés mais históricoInicialmente, contextualiza as várias “Pampulhas” no tempo e no espaçoEm seguida, recupera a “Era Kubitschek” em BH e, ainda, o momento de inauguração do complexo arquitetônico, em 16 de maio de 1943, materializando os anseios desenvolvimentistas e modernizadores de JKA mostra se completa com reminiscências do Arraial de Santo Antônio da Pampulha Velha, surgido em fins do século 19, às margens da atual avenida Antônio Carlos, próxima ao aeroportoApós a construção da capital, imigrantes que não possuíam condições para se estabelecer na zona urbana lá se fixaram como moradores
Coube ao casal de portugueses Manoel e Ana Moraes dos Reis, em 1904, fundar a Fazenda Pampulha