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Estado de Minas ORQUIDÓFILOS DE BH

Apaixonados por orquídeas revelam os mistérios da planta

Dedicados ao cultivo de orquídeas revelam, além dos mistérios dessas plantas, um amor incondicional por elas, que já provocaram até mesmo separação de um casal em Minas


postado em 11/09/2013 07:13 / atualizado em 11/09/2013 07:36

Dedicados ao cultivo de orquídeas revelam, além dos mistérios dessas plantas, um amor incondicional por elas(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press. )
Dedicados ao cultivo de orquídeas revelam, além dos mistérios dessas plantas, um amor incondicional por elas (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press. )

Plantas cultivadas ao som de música clássica, com carinho e a dedicação de muitas horas do dia. São de cores, formas e beleza raras, que encantam seus donos e, em alguns casos, chegam a gerar ciúmes entre membros da família. Já foi motivo de divórcio no interior de Minas, e quem gosta, admite: as orquídeas são como filhas, como bebês, como um ser humano exigente. Outros vão além e dizem que cultivar a flor é algo viciante, um caminho sem retorno. Apaixonados por orquídeas revelam os mistérios da planta e dizem que, para entender tanto amor, é preciso cultivá-la. Em Belo Horizonte, um grupo de orquidófilos mantém espaços especiais em suas casas para cuidar não apenas de uma, mas de centenas, milhares de orquídeas de diferentes espécies.

 


Que o diga a enfermeira aposentada Olga Shirley Carneiro Ricardo, de 74 anos, amante da flor desde a juventude. Em 1959 ganhou a primeira planta, uma muda da espécie Cattleya walkeriana, – ela tinha 19 anos. São 54 anos que transformaram uma única flor em um orquidário com mais de 15 mil exemplares da planta. O estabelecimento, que leva o nome Warnerri, a espécie predileta de Olga, foi aberto em 1991, quando a enfermeira se aposentou. Fica no quintal da casa dela, no Bairro Sagrada Família (Leste da capital) e mistura plantas, fonte de água corrente e pássaros, como se fosse um oásis em meio ao concreto dos edifícios da Rua Vicentina de Souza. “No início eram poucas, mas fui comprando outras e ganhando algumas; comecei então a participar de exposições.

Precisei abrir uma empresa para ter autorização de transporte. O negócio foi crescendo e hoje recebo pessoas do Brasil inteiro em minha casa”, conta Olga, que, além de vender e comprar as flores, oferece o serviço de assessoria técnica e realiza cursos sobre o cultivo. O carinho com que ela fala das flores é de impressionar. Com as mãos em um movimento leve de vaivém sobre as folhas de um dos exemplares, ela revela: “Amo essas plantas e prefiro aquelas que são mais desafiadoras para receber nossos cuidados”. Manter o jardim florido exige tempo e Olga conta que se o dia tivesse 25 horas passaria todas em meio às plantas. Tanta dedicação também encantou a filha de Olga, a psicóloga Ângela Carneiro Ricardo, que ajuda no negócio há dois anos. Mas no início, foi motivo de ciúmes.

“Minha mãe ficava tanto tempo com as orquídeas que eu disputava a atenção dela com as flores”, lembra. O problema, no entanto, não se restringe à família de Olga. Ela conta que em uma cidade do interior do estado, a mulher enciumada aproveitou a viagem do marido para jogar todas as orquídeas dele no lixo. “Chamou um carroceiro para levar todas embora. O resultado não foi outro: terminou em divórcio”, conta a aposentada.

A orquídea também tocou o coração do coronel reformado da Polícia Militar Euro Magalhães, justo na época do seu casamento. Foi em março de 1970, um mês depois da união com a dançarina Zita Magalhães. Hoje, ele admite: “As orquídeas estão em primeiro lugar sempre”. Para não ficar mal com a mulher, ele conserta a frase, sorridente. “Mas minha mulher está acima de tudo”, conta. O militar, que teve carreira policial de 30 anos, não acredita que o cultivo tenha sido uma fuga para a violência cotidiana que ele enfrentou. No entanto, admite: “As flores me fizeram uma pessoa mais humanizada”, diz o colecionador, que atualmente preside a Sociedade de Orquidófilos de Belo Horizonte (SOBH). Euro já chegou a ter 400 plantas da espécie e hoje mantém uma coleção de 150 orquídeas no Bairro Colégio Batista, na Região Leste.

TERAPIA


O cultivo de orquídeas foi decisivo na vida da administradora de empresas Gleuza Dayrell, de 57, que diz ter se tornado uma pessoa mais calma e ponderada depois que se dedicou à planta. A mudança, ela descreve: “Vem do cuidado que você precisa ter com as orquídeas, que são delicadas e exigem carinho”. A mulher, que nasceu no interior e de lá guarda o amor pelo contato com a terra, mantém sua casa, no Bairro Mangabeiras, repleta de flores. Na sala, tem um jardim, com as orquídeas floridas; no fundo do imóvel, estão as 870 mudas, cultivadas em vasos suspensos.

“Não imagino mais minha vida sem as orquídeas. Elas são como pessoas da minha família”, diz Gleuza, que é a atual presidente da Associação Mineira de Orquidófilos. A entidade prepara para os dias 18, 19 e 20 de outubro a exposição nacional de orquídeas, no Minascentro. Para todos os orquidófilos, tratar das orquídeas é uma prática vista como muito mais que um hobby. O gerente de compras José Antônio dos Reis, de 61, define bem: “É qualidade de vida, terapia, bem-estar”. Desde 1994 cultivanhíbridos de orquídea (mistura de espécies), ele coleciona mais de 200 troféus conquistados em exposições. “Rego as orquídeas pela manhã e à noite, quando volto do trabalho; entro no orquidário e fico lá por horas. Se a lua estiver bonita, então, o prazer é ainda maior”, conta José Antônio, vice-presidente da SOBH. Para abertura da primavera, a entidade prepara uma exposição no Shopping Pátio Savassi, marcada para os dias 19, 20 e 21.


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