Jornal Estado de Minas

BH registra redução do número de fumantes acima da média nacional

Pesquisa do Ministério da Saúde mostra que em seis anos houve queda de 20% no número de fumantes com mais de 18 anos no Brasil. Belo Horizonte registrou redução ainda maior

Flávia Ayer
Quantidade de mulheres que consomem cigarros na capital mineira vem caindo, mas ainda está acima da porcentagem nacional - Foto: Beto Novaes/EM/D.A Press 6/3/12


Fumar está fora de moda e os dependentes da nicotina estão se tornando parcela cada vez menor da populaçãoOntem, no Dia Nacional de Combate ao Fumo, o Ministério da Saúde divulgou dados da pesquisa Vigitel 2012 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), que mostram redução de 20% dos fumantes acima de 18 anos no BrasilNos últimos seis anos, eles passaram de 15% para 12% dos habitantes.

Em Belo Horizonte, a queda foi ainda maior, de 25%, com o percentual caindo de 16% para 12% da populaçãoApesar disso, a capital mineira continua entre as cidades com maior índice de adeptos do cigarroEles fumam mais que elas, mas em ambos os casos o número de dependentes caiuEntre os homens, em BH, a queda foi de 21% para 15%, mesmo percentual da média brasileiraJá entre as mulheres, o índice caiu de 11% para 10% e ficou acima da média nacional, de 9%.

Dos que ainda consomem cigarros, muitos sonham em pararÉ o que ocorre com o eletricista Israel de Oliveira Barbosa, de 52 anos, que tenta abandonar o fumo depois de mais 40 anos de dependência, com média três maços por diaHá uma semana ele iniciou tratamento a laser e interrompeu o hábito que cultiva desde os 10 anosAprendeu a fumar vendo o pai – que, aliás, morreu de enfisema pulmonarFoi a pedido da mulher que Israel procurou tratamento
“Queria parar, mas tinha medo de não conseguir”, explica.

As roupas completamente tomadas pelo cheiro de fumaça e as unhas sujas começaram a incomodar o eletricista“Antes, todo mundo fumavaAgora, para acender um cigarro, vou longe para não ficar perto das outras pessoasVocê vai sentindo vergonha”, contaOs remédios e o laser têm dado confiança ao eletricista“A gente lembra toda hora, mas estou decidido”, diz.

O aumento do preço do cigarro foi um dos principais motivos para a redução do número de fumantes, de acordo com a presidente da Comissão de Controle do Tabagismo, Alcoolismo e Uso de Outras Drogas, da Associação Médica de Minas Gerais, Maria das Graças Rodrigues de Oliveira“As políticas públicas que o país tem adotado também têm peso nessa queda, com leis de proibição de fumo em locais fechados e advertências nos maçosMas é preciso melhorarEm Minas Gerais, por exemplo, ainda se admite a existência do fumódromo”, afirma.

Riscos

Antes associado ao glamour e ao poder, o tabagismo representa problema grave de saúdeA médica explica que o fumo é a primeira causa de morte evitável do mundo, está associados a 30% de todos os tipos de câncer, a mais e 50 doenças, além de 90% dos casos de câncer de pulmão, 85% dos de bronquite crônica, 25% dos episódios de acidente vasculares cerebral (AVC) e de 25% dos casos de infarto agudo do miocárdio.

O tratamento dos fumantes é baseado em terapia cognitivo-comportamental, além do uso de medicamentos à base de nicotina
Se livrar da dependência pode ser mais simples do que se imaginaSegundo a especialista, 40% a 50% dos fumantes que não conseguem parar espontaneamente apresentam graus leves de dependência, com a possibilidade de abandonar o vício a partir de abordagens leves“É importante frisar que o problema não é apenas o cigarro, há também cachimbo, charuto e até narguilé, que virou moda entre os adolescentes”, alerta Maria das Graças.

Fumo passivo

A Vigitel 2012 mostrou também que 12% da população de Belo Horizonte é fumante passiva no domicílio, sendo 11% entre homens e 14% entre mulheresA frequência entre pessoas que fumam 20 ou mais cigarros por dia em BH é de 4% (5% homens e 3% mulheres)A capital com a maior concentração de fumantes é Porto Alegre (RS) com 18%, onde há maior percentual de pessoas que fumam 20 cigarros ou mais por dia (7%)Já a capital com o menor índice é Salvador (BA), onde 6% da população adulta diz ser fumante