Divulgados ontem, os dados são da pesquisa Vigitel 2012 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da SaúdeO estudo entrevistou por telefone 45 mil pessoas com mais de 18 anos, em 26 capitais e no Distrito FederalOs homens continuam sendo mais gordos que elasEm BH, 44,7% das mulheres estão fora do peso ideal, enquanto 52% deles se encontram nessa situação.
A gravidade do problema se traduz também no aumento no número de obesos no país, definição adotada quando o Índice de Massa Corporal (IMC) – peso dividido pela altura ao quadrado – extrapola os 30kg/m²De acordo com a pesquisa, 17,4% dos brasileiros são considerados obesosNos tamanhos extragrande, as mulheres se sobressaemSegundo o Vigitel, 18,2% delas são obesas, contra 16,5% dos homens.
A obesidade também avança na capital mineira, onde a estimativa da população obesa é de 14,5%, índice 5,7 pontos percentuais acima do registrado em 2006 (8,8%)
O presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional Minas, Paulo Augusto Carvalho Miranda, chama atenção para a necessidade de mudança de postura“Estamos assistindo de forma passiva à evolução do sobrepeso e da obesidade e todas as medidas têm sido ineficazes”, afirmaO especialista alerta para o fato de que o problema não é de estética, mas de saúde“O excesso de peso está relacionado ao aumento de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, infarto e derrame”, afirma Miranda, reforçando a importância da prática de exercícios físicos e de uma alimentação balanceada.
A arquiteta Aléxia Amaral, de 40 anos, sabe bem o peso da obesidadeCom 1,70m, ela passou dos 70 quilos na juventude para os 145 quilosHoje na fila da cirurgia bariátrica, Aléxia conta que o ganho de peso a levou a uma forte depressão“Quando comprei um carro, depois que me formei, parei de fazer exercícios e engordei 15 quilosA partir daí, fiz dietas malucas com drogas pesadas e só piorei”, diz
Prato
Os hábitos alimentares ajudam a entender os quilos a mais na balançaEm Belo Horizonte, 38,2% da população come carne gordurosa e 54,2% consomem leite integral, com maior teor de gordura, regularmenteOs refrigerantes estão na mesa de 27,3% dos belo-horizontinos pelo menos cinco vezes por semana
Mas há também boas notíciasO consumo de hortaliças e frutas cinco vezes por semana cresceu na capital e passou de 34,4%, em 2006, para 42,9%BH também continua liderando o consumo de feijão no país, sendo que 85,6% da população consome uma porção diária do grão, contra 67,5% dos brasileiros.
A prática de atividades físicas também cresce na capitalEnquanto em 2006, 15,9% da população se exercitava no tempo livre, esse percentual subiu para 36,4%Os homens (45,5%) são mais ativos em relação às mulheres (28,7%)O secretário municipal-adjunto de Saúde, Fabiano Pimenta Júnior, ressalta que as políticas públicas direcionadas para a questão são recentes e que o prazo ainda é curto para atingir resultados“Expandimos de oito para 59 o número de academias da cidadesAté o fim do ano vamos passar de 91 para 176 academias a céu aberto nas praças e parquesOs nutricionistas também estão presentes nos centros de saúde, mas o tempo é curto para ver o reflexo dessas ações”, afirma.
Saúde da mulher
Elas estão se prevenindo maisA pesquisa Vigitel 2012 mostrou aumento no número de mamografias e exames de papanicolau entre as mulheresEm 2012, 77,4% das brasileiras e 86% das belo-horizontinas entre 50 e 69 anos haviam feitos mamografia nos dois anos anteriores
No penúltimo levantamento, o percentual era de 73,3% e 81,5%, respectivamenteNo ano passado, 82,3% das mulheres de 25 a 59 anos no país e 84% delas em BH haviam feito papanicolau nos três anos que antecederam a pesquisa, contra 80% e 81,1% em 2011
O que você tem feito para evitar o ganho de peso
Anderson Matias
gerente de vendas, 33 anos
“Por falta de tempo, não pratico atividades físicas e também não adoto nenhum tipo de restrição com a alimentaçãoO assunto precisa ser tratado com atenção, mas ainda não consigo conciliar minha rotina de trabalho com algum exercício físico”
Cíntia Pereira
cuidadora, 20 anos
“Não como carne vermelhaE desço a Afonso Pena inteira a pé todos os diasFora isso, não tenho tempo para me exercitar”
Jurandir Magalhães,
aposentado, 75 anos
“Caminho diariamente pela Avenida Bandeirantes por cerca de uma horaNos fins de semana faço trilha pelas imediações de Nova Lima”