Jornal Estado de Minas

Avenida do risco, esquina com rua do medo

Levantamento inédito lista endereços em BH onde é maior a ameaça de desastres

Grandes corredores lideram zonas quentes do tráfego, mas áreas periféricas também têm armadilhas

Mateus Parreiras
Veja o mapa com os trechos mais perigosos no trânsito da capital. Clique para ampliar a imagem. - Foto: Arte Paulinho Miranda
Entre ruas e avenidas de Belo Horizonte, há muito mais que simples cruzamentos: pelo menos 95 pontos de extremo perigo – onde é alto o risco de pedestres serem atropelados e de veículos se envolverem em capotagens e batidas – estão listados em levantamento inédito feito pelo Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), ao qual o Estado de Minas teve acesso com exclusividadeA disposição dos trechos mais críticos confirma que grandes corredores, campeões de desastres com mortos e feridos – como as avenidas Cristiano Machado, Antônio Carlos e Amazonas –, também detêm o maior número de zonas críticas

Mas o trabalho revela também um mapa de perigos disfarçadosSão interseções e trechos aparentemente menos violentos, muitos em bairros residenciais de fama tranquila, como o Vera Cruz (Região Leste) e o Jardim América (Região Oeste), que reservam armadilhas tão arriscadas quanto as das grandes avenidasPara especialistas, a concentração de acidentes aponta a necessidade de investimentos em segurança muitas vezes mais complexos do que a simples alteração na sinalização.

Detentora do fluxo mais intenso de veículos, por ser a área com mais serviços públicos e privados, recebendo a convergência dos principais corredores da capital, a campeã de pontos críticos para pedestres e condutores é a Região Centro-Sul, com 22 trechos de alto registro de acidentesEm seguida, segundo o Detran, vêm as regiões Nordeste (15), Noroeste (14), Pampulha (11), Venda Nova (10), Barreiro (6), Leste (6), Norte (6) e Oeste (5)Cada ponto demarcado remete a um local onde mais de 10 batidas ou atropelamentos foram registrados na época da coleta de dados, referente a 2011.

A via belo-horizontina que concentra mais trechos de alto risco de acidentes é a Avenida Cristiano Machado, importante ligação entre o Centro da capital e a cidade administrativa do governo do estado, o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, e as áreas turísticas da Serra do Cipó e da Gruta da LapinhaSão 21 pontos críticos ao longo dos 14,3 quilômetros da via, média de um trecho de extremo perigo a cada 680 metrosPorém, a Avenida Antônio Carlos – uma alternativa de acesso aos mesmos destinos – é a que tem a maior frequência de zonas de perigo, com 13 áreas críticas ao longo dos seus 7,5 quilômetros, proporção de uma a cada 577 metros.

Para o coordenador-geral do Núcleo de Transportes da UFMG (Nucletrans), professor Ronaldo Guimarães Gouvêa, o estudo desses pontos é fundamental para a gestão de tráfego, engenharia de trânsito e segurança dos usuários“Sabendo que em um ponto ocorrem muitos acidentes é que se investigam as causasPode ser um semáforo que fica visível de outra pista e estimula motoristas a arrancarem com o sinal vermelho; curvas mal projetadas; refúgios insuficientes; canteiros muito estreitos”, exemplifica
O especialista acrescenta que esses pontos não mudam significativamente de um ano para o outro e, portanto, deveriam ser alvo de intervenções para aumento da segurança.

Veja a lista completa dos 95 pontos com mais risco de acidentes em BH