Jornal Estado de Minas

Justiça nega liberdade a PM envolvido em série de assassinatos no Vale do Aço

Desembargadores foram unânimes ao decidir manter preso o soldado, que pode ter participação direta em pelo menos dois homicídios

Daniel Silveira
Um soldado da Polícia Militar, indiciado por envolvimento em uma série de assassinatos ocorridos na Região do Vale do Aço, teve negado pela Justiça o pedido de liberdade
Preso preventivamente, o militar Victor Emanuel Miranda de Andrade é acusado de mandar matar um comerciante que testemunhou contra ele por outro homicídio ocorrido em IpatingaA defesa alegou, entre outros fatores, que o policial é réu primário e tem “ilibado comportamento profissional”Três desembargadores foram unânimes ao rechaçar a tese dos advogados e decidir mantê-lo preso.

De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o soldado foi preso acusado de ser o mandante do assassinato de Cleidson Mendes do Nascimento, de 26 anos, em setembro de 2011 Quatro anos antes, a vítima testemunhou contra o policial, que respondia processo pelo homicídio de um comercianteA prisão do policial ocorreu depois que uma força tarefa foi montada para apurar uma série de crimes ocorridos na região cuja autoria não havia sido esclarecida.

Segundo o TJMG, o advogado Leon Bambirra Obregon Gonçalves, que defende o policial, pediu a desconstituição do decreto de prisão preventivaO defensor afirmou que o fato de o acusado ser policial militar não é fundamento para que ele seja mantido presoEle alegou ainda que a prisão de seu cliente se deu por causa do depoimento de apenas uma testemunha e que não havia demonstração de que a liberdade dele representaria algum risco ao andamento do processo e à sociedade.

O relator do recurso, desembargador Jayme Silvestre Corrêa Camargo desqualificou a tese do advogado que defende o soldadoSegundo o magistrado, há elementos evidentes de que a prisão do policial é necessária para garantia da ordem públicaO desembargador destacou a “ reiterada prática delitiva” do acusado, que responde a três processos criminais distintosOs desembargadores Edison Feital Leite e Eduardo Brum acompanharam o voto do relator.

Crimes esclarecidos

A força tarefa que culminou no indiciamento do soldado Victor Emanuel e outras 15 pessoas foi montada depois do assassinato de dois jornalistas que atuavam no Vale do Aço e denunciavam a participação de policiais em crimes misteriosos
O repórter Rodrigo Neto, de 38 anos, e o fotógrafo Walgney Carvalho, de 43, foram mortos, respectivamente, em Ipatinga e Coronel Fabriciano, entre março e abril deste anoA série de crimes investigada teve início em 2007Dos 16 indiciados, seis são policiais civis e três militares

As apurações do grupo, composto por quatro delegados, três escrivães e 12 investigadores, já esclareceram 12 dos 18 homicídios investigados, incluindo a execução dos dois jornalistas.