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Estado de Minas ÁRVORES QUE SÃO ARMADILHAS

BH pode ter 465 mil plantas, 100 mil a mais do que acreditava a prefeitura

Parte do acervo está no meio da rede elétrica, tem galhos que invadem as ruas ou pode cair a qualquer momento


postado em 21/08/2013 06:00 / atualizado em 21/08/2013 06:42

Próxima parada da equipe é a Região da Pampulha, onde fica até janeiro (foto: CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS)
Próxima parada da equipe é a Região da Pampulha, onde fica até janeiro (foto: CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS)

 

Belo Horizonte poderá ser chamada novamente de cidade jardim, título que a tornou conhecida em todo o país e, com o tempo, caiu no esquecimento devido à degradação da flora urbana. A estimativa é de que a capital tenha quase meio milhão de árvores e não 350 mil como estimavam os técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA). Quarenta e sete por cento, ou 67,5 mil, são de grande porte, atingindo 6 metros de altura. Os dados estão no Inventário das Árvores de BH, divulgado na tarde de ontem, um sistema de identificação compreendendo, até agora, 165 mil exemplares das regiões Leste, Oeste, Noroeste e parte da Centro-Sul. Apesar da boa saúde, já identificada no levantamento, é possível ver uma série de problemas em ruas e avenidas. O engenheiro florestal da Universidade Federal de Lavras (Ufla), que coordena a equipe, Dimas Vital Sabioni Resck, foi a campo a convite do Estado de Minas e mostrou que elas têm galhos emaranhados nos fios, raízes arrebentando as calçadas, folhas secas prestes a cair e uma série de outras armadilhas.


Para celebrar a primeira etapa do trabalho iniciado há um ano e meio e com término previsto para o início de 2015, foi catalogada, às 15h, o espécime de número 165 mil – uma quaresmeira em flor, símbolo da cidade, localizada na Avenida José Oswaldo de Araújo, no Bairro Santa Lúcia, na Região Centro-Sul. “Esse inventário é inédito no Brasil e queremos que evolua para o Programa de Saúde da Árvore, a exemplo do que ocorre com o da Família (PSF), com um monitoramento da flora”, disse o vice-prefeito e secretário municipal de Meio Ambiente, Délio Malheiros, destacando que, em cada espécime, a equipe encarregada do serviço, formada por biólogos e engenheiros agrônomos e florestais, está coletando 57 tipos diferentes de informações: características físicas, estado fitossanitário e entorno imediato de cada um, além de três fotos por unidade.


Junto ao trabalho nas vias públicas, os técnicos atuam também em lotes vagos e nos jardins abertos. Nesse último caso, uma surpresa, já que as árvores estão bem cuidadas, pois são regadas regularmente, não sofrem podas radicais e recebem outros tratos vitais. O inventário tem custo de R$ 3,5 milhões e é fruto de parceria entre a PBH e Cemig, com execução da Ufla.


“A flora urbana tem boa saúde e este trabalho vai nortear ações da prefeitura. Com o inventário, será possível um melhor planejamento do manejo e aprimoramento da arborização urbana, por meio do conhecimento pleno e modernas ferramentas de gestão”, afirmou Malheiros. A gerente de Gestão Urbana da SMMA, Márcia Mourão, disse que já foram identificadas 382 espécies, número bem maior do estimado, que era de 185, incluindo goiabeiras. As campeãs de plantio na cidade são murtas, sibipirunas, quaresmeiras, castanheiras, bauinhas, escumilha-africanas, leucenas, goiabeiras, ipês rosados e fícus benjamim. “As goiabeiras geralmente estão nos jardins”, disse Márcia. Depois da Centro-Sul, os técnicos vão para Pampulha, concluindo lá o serviço em janeiro. A estimativa é de que a cidade tenha 465 mil árvores e Márcia adianta que a avaliação dos dados permitirá uma leitura completa da fauna urbana de BH e possibilitará maior conscientização dos cidadãos para preservar.


Problemas

Em uma volta com o engenheiro florestal, foi possível ver várias armadilhas. Na avenida José Oswaldo Araújo, perto da quaresmeira número 165 mil, Resck mostrou um flamboyant cujos galhos estavam entrelaçados nos fios. “É preferível que a árvore fique acima da fiação do que dessa forma”, mostrou o engenheiro floresta. Na mesma avenida, o galho de uma sibipiruna atravessou a pista, oferecendo risco principalmente aos caminhões e veículos mais altos. No fim do canteiro central, ele apontou outro galho, mais baixo, com perigo para os motociclistas. Do outro lado da rua, um alfeneiro está tomado pela erva-de-passarinho. “A praga sufoca as folhas e mata os galhos, até o momento que eles caírem na calçada.”


“Cada caso é um caso. Se a folha de uma palmeira estiver oferecendo risco à população, deve ser cortada de imediato. Da mesma forma, uma árvore que estiver morrendo precisa ser retirada e plantada outra no lugar”, diz o coordenador. Na esquina da Rua Paulo Afonso com Barão de Macaúbas, no Bairro Santo Antônio, a pata de vaca tem o tronco grosso demais para um passeio fino. Resultado: danos à calçada e risco para pedestres, além da completa falta de acessibilidade para cadeirantes e cegos. Já na Avenida Pasteur, no Bairro Santa Efigênia, as folhas enormes da palmeira imperial ameaçam a segurança dos pedestres e os carros estacionados. Na calçada, o pau brasil cheio de espinhos, com os galhos baixos, podem ferir os desavisados. A cena mais triste está no canteiro central: a quaresmeira está doente, com tronco e copa ocos. Há dois caminhos: retirá-la ou esperar pela morte, em breve.

 


OS SETE ERROS

1)INVASÃO
O galho de sibipiruna invade a rua na Avenida José Oswaldo de Araújo, no Bairro Santa Lúcia. Como atravessa a via pública, há perigo de um caminhão bater e provocar um acidente

2)PRAGAS
As ervas-de-passarinho tomaram conta do alfeneiro na Avenida José Oswaldo de Araújo, no Bairro Santa Lúcia. A praga sufoca as folhas e mata os galhos, até eles caírem na calçada.

3)CALÇADAS
A pata-de-vaca na Rua Paulo Afonso esquina com Barão de Macaúbas, no Bairro Santo Antônio, tem o tronco grosso demais para um passeio fino. Resultado: danos à calçada, risco para pedestres e falta de acessibilidade.

4)ACIDENTES
Galhos secos do alfeneiro devem ser podados imediatamente. Nesse caso, pode danificar os carros que estacionam e causar acidentes.

5)ESPINHOS
O tronco e galhos do pau-brasil têm muitos espinhos. Essa árvore pequena, na calçada na Avenida Pasteur, no Bairro Santa Efigênia, pode machucar alguém.

6)SINAL DE PERIGO
As folhas secas da palmeira imperial são um perigo para quem passa na rua e há várias assim pela cidade. Se caírem, podem machucar o pedestre.

7)FIM DA LINHA
A quaresmeira, no canteiro central da Avenida Pasteur, no Bairro Santa Efigênia, está doente, com tronco e copa ocos. Se não for suprimida, estará morta em breve.
 


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