Jornal Estado de Minas

Estado de Minas acompanha a trajetória de usuários de crack por seis meses

Reportagem mostra como a droga é capaz de mudar a rotina deles e transformar em um inferno a vida dos familiares

Guilherme Paranaiba Sandra Kiefer

- Foto: SANDRA KIEFER/EM/D.A PRESS - TÚLIO SANTOS/EM/D.A PRESS -BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS - CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS - GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS - MARCOS MICHELIN/EM/D.A PRESS - GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS -PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS - BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS - BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS



Eles estão por todo lugar. Vagueiam pelas ruas ou se reúnem em grupos, muitos com as roupas sujas, os corpos magros, o olhar perdido. É possível notá-los da janela de casa, de dentro do carro, da mesa do bar. Mas, para muita gente, é como se fossem invisíveis: a aparência transtornada e o comportamento errante fazem de uma aproximação algo improvável. São  usuários de crack, a droga que mais avança no país. A pedra que mais rapidamente provoca danos à saúde. Chegaram a ser chamados de zumbis, pelos hábitos noturnos e pela impressão de que suas histórias já foram apagadas. Não foram.

Veja mais fotos dos usuários nas ruas


Por seis meses, o Estado de Minas acompanhou a trajetória de 10 mineiros usuários de crack. São um retrato de como a droga, mistura barata de pasta-base de cocaína e bicarbonato de sódio, ainda atrai muitos brasileiros de renda mais baixa, mas não só eles. Wagner é dono de bancas de jornal

. Frederico teve uma empresa de comunicação visual. Depois do primeiro trago, que não tarda mais de 15 segundos em fazer efeito, os dois se viciaram na pedra, como o porteiro Wilquer, o jardineiro Cleiton, a dona de casa Dione de Deus, a garçonete Natália e a diarista Vanessa. Completam o grupo a também diarista Sandra, o segurança Carlos e o pedreiro Marcus, os únicos que em um último contato asseguravam viver momento de paz depois de se submeter a tratamento.

Desta segunda até quarta-feira, o EM mostra os altos e baixos do grupo, conta como o drama deles também vira tormento para as famílias e revela que, apesar do difícil caminho até a recuperação, a maioria ainda sonha com o dia em que vencerá o vício. Na primeira reportagem da série, as histórias de quatro mineiros para quem seis meses foram pouco tempo para sair das trevas.


1,3 milhão

É a estimativa de usuários de crack no Brasil, segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, de 2012. O número é subnotificado: leva em conta apenas quem tem residência fixa.