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Estado de Minas

Ambulâncias e viaturas pertubam hospitais de BH

Veículos não desligam sirenes ao entrar em hospitais ou passar por áreas onde estão unidades de saúde


postado em 28/07/2013 00:12 / atualizado em 28/07/2013 08:20

Helvécio de Faria acompanhou o tio no João XXIII e diz que sirenes o incomodaram:
Helvécio de Faria acompanhou o tio no João XXIII e diz que sirenes o incomodaram: "Dormir, mesmo, só entre 2h e 4h30, quando tinha menos ônibus e ambulâncias" (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Nas 15 noites em que acompanhou a luta do tio para se curar de um derrame no Hospital João XXIII, no Bairro Santa Efigênia, o lavrador Helvécio Anísio de Faria, de 45 anos, teve dificuldades para descansar. O que mais incomodava, ele conta, eram ruídos de ônibus e sirenes de ambulâncias e viaturas policiais. “Dormir, mesmo, só entre as 2h e as 4h30, quando tinha menos ônibus e ambulâncias passando”, relata. Depois de ficar metade de um mês em vigília, veio a notícia da morte do tio. O cansaço pelas noites maldormidas tornou tudo mais difícil. “A gente fica triste e cansado. Apesar de incomodar a todos, achava que as ambulâncias podiam chegar perto do hospital com as sirenes ligadas, que isso era normal”, disse.

"Coloquei os fones do radinho no ouvido para ver se abafava o barulho, mas não funcionou" reclama José Pinto, que se recuperou de cirurgia no Hospital Belo Horizonte (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)
A legislação determina que ambulâncias não podem entrar em áreas de hospitais com sirenes ligadas e que viaturas policiais também devem desligar a sinalização sonora ao passar por região de unidades de saúde. Mas o Estado de Minas ouviu reclamações de pacientes e acompanhantes de que a regra é descumprida e constatou que parte dos condutores desrespeitam a norma. A reportagem esteve no ambiente interno dos hospitais Socor, Belo Horizonte, São Lucas, João XXIII e Centro de Especialidades Médicas/UPA Centro-Sul e verificou que em três (Socor, São Lucas e João XXIII) as sirenes estavam entre os ruídos externos que perturbavam o ambiente.

No João XXIII, quem estava no saguão de atendimento e no corredor de entrada de acompanhantes ouvia as sirenes que entram acionadas dentro do acesso de emergência, apesar de uma placa ter sido instalada para informar que os veículos médicos devem desativar seu sistema de alerta sonoro antes de entrar na área de desembarque de pacientes. O som é tão alto que chega a marcar 91,8 decibéis no decibelímetro. O som médio aferido no local, mesmo com barreiras de vidro instaladas na entrada, chega a 83dB, o que equivale a uma esmerilhadeira ligada ininterruptamente.

"Nos horários de pico, sirenes e buzinas não respeitam a área do hospital", diz Joana D%u2019Arc Jacome, que acompanhou a mãe no Socor (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)
Buzinas Também no Socor, no Barro Preto, acompanhantes de pacientes relatam que o problema ocorre. “Nos horários de pico, sirenes e buzinas não respeitam a área do hospital”, diz a radiologista Joana D’Arc Jacome, que acompanha a mãe, de 98 anos, internada na instituição. “Mais tarde, o que incomoda são carros, ônibus e o metrô. E isso no 6º andar”, acrescenta. O barulho do trânsito se tornou um problema também para Luci de Souza, de 66 anos, que acompanhou o marido, o militar aposentado Antônio de Souza, de 75, levado de madrugada há 10 dias para o Hospital Belo Horizonte, no Bairro Preto.

Por causa de uma insuficiência respiratória, o aposentado recebeu soro e foi submetido a respiração mecânica. Quando tudo parecida mais tranquilo, o barulho que vinha da rua começou a incomodar o casal, segundo Luci. “Tem um estacionamento de motos aqui e a gente escuta tudo. Meu marido acordava de repente, assustado”, reclamou.

Medições feitas com decibelímetro e submetidas ao professor da UFMG Marco Antônio Vecci, especialista em acústica e vibrações
Medições feitas com decibelímetro e submetidas ao professor da UFMG Marco Antônio Vecci, especialista em acústica e vibrações
O que diz a lei

O barulho excessivo de veículos que incomoda pacientes e acompanhantes em hospitais pode resultar em punição para os responsáveis pelos ruídos. Há pelo menos quatro infrações de trânsito específicas no Código de Trânsito Brasileiro e nas normas do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Conduzir veículo reprovado na avaliação de emissão de poluentes e ruído é penalidade grave, com multa de R$ 127,69 e cinco pontos na carteira. Usar no veículo aparelho que produza ruído que perturbe o sossego público é infração média, que pune o condutor com multa de R$ 85,13 e quatro pontos. São infrações consideradas leves, com multa de R$ 53,20 e três pontos, buzinar entre as22h e as 6h e usar buzina em locais e  horários proibidos pela sinalização, como nas proximidades de hospitais.

Enquanto isso...

…Menos barulho em prédios novos


Desde o dia 19, as regras para vedação acústica de construções habitacionais ficaram mais severas, reduzindo o nível de ruídos que pode vazar para os imóveis. A Normativa 15.575/2013, conhecida como Norma de Desempenho de Edificações Habitacionais, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), determina, entre outras melhorias, prazos de validade dos componentes utilizados na obra, além de isolamentos acústico e térmico mais eficazes. A normativa contém 157 regras e foca no conforto dos moradores. Entre as medidas, há a determinação para que as paredes que separam as áreas privativas das comuns tenham uma redução sonora de 40 decibéis. Nos pisos, a diminuição é de 45dB. Com isso, espera-se que haja, além de uma redução dos ruídos externos, uma diminuição dos conflitos entre vizinhos e moradores de condomínios.


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