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Estado de Minas

Criminoso que matou jornalistas se preparava para mais uma execução no Vale do Aço

Segundo delegado, no momento em que foi preso, pistoleiro tinha em seu poder nome e endereço de testemunha de uma chacina na qual policiais civis estariam envolvidos


postado em 25/07/2013 06:00 / atualizado em 25/07/2013 21:30

De acordo com a polícia,
De acordo com a polícia, "Pitote" matou Rodrigo Neto (foto), o fotógrafo Walgney Carvalho e estaria se preparando para executar testemunha (foto: Arquivo pessoal/Reprodução)
O pistoleiro Alessandro Neves Augusto, o “Pitote”, de 31 anos, acusado pela Polícia Civil de ter executado os jornalistas Rodrigo Neto, de 38, e Walgney Carvalho, de 43, em Ipatinga e Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, no início do ano, estava pronto para atacar mais uma pessoa se não tivesse sido preso no mês passado. De acordo com o delegado Emerson Morais, que integra a força-tarefa que investiga 14 crimes ocorridos na região e que tiveram o envolvimento de policiais, quando foi detido pelas mortes de Rodrigo e Walgney, o suspeito tinha na carteira o endereço de uma testemunha-chave de um dos casos investigados e que ficou conhecido como a chacina do Revés do Belém. “O depoimento dessa pessoa foi fundamental para identificarmos e prendermos quatro policiais civis”, conta o delegado. Há suspeitas de que Rodrigo tenha sido assassinado a mando desses investigadores, por fazer uma série de reportagens cobrando a identificação e a punição dos responsáveis pelo crime.

O policial civil Lúcio Lírio Leal, de 22 anos, também foi preso pela morte de Rodrigo Lopes. Ao todo, nove casos, que resultaram em 14 mortes, tiveram a autoria indicada, mas nem todos estão encerrados. Durante as investigações foram presos três policiais militares, seis policiais civis e um pistoleiro. Cinco pessoas foram indiciadas, mas estão em liberdade, incluindo três investigadores. Um policial continua foragido, uma testemunha desaparecida e três estão sob proteção do Estado em local secreto.

Com Pitote foi encontrada um pistola PT, calibre 380, com numeração de série raspada. O exame de balística revelou que os projéteis que mataram Rodrigo Neto e Walgney Carvalho partiram dessa arma de fogo. Ao ser abordado, o suspeito tentou ludibriar os investigadores, apresentando uma carteira falsa da Polícia Civil, o que resultou em sua prisão imediata por porte ilegal de arma e falsificação. Ao rastrear as últimas atividades do suspeito, a polícia descobriu que Pitote tinha visitado recentemente na Casa de Custódia da Polícia Civil, em Belo Horizonte, os investigadores detidos pela chacina do Revés do Belém, Ronaldo de Oliveira Andrade, José Cassiano Ferreira Guarda, Leonardo Alves Correia e Jimmy Casseano Andrade. “O suspeito confirmou que tinha visitado os presos. Disse que os conhecia, mas não conseguiu explicar por que tinha em seu poder o endereço da testemunha do crime”, conta o delegado Morais.

A chacina do Revés do Belém ocorreu em 25 de outubro de 2011 e o nome é uma referência ao distrito em que foram encontrados os corpos de Nilson Nascimento Campos, de 17 anos, Eduardo Dias Gomes, de 16, John Enison da Silva e Felipe Andrade, de 15. Os quatro foram levados à delegacia por posse de drogas, no Centro de Ipatinga. Foram ouvidos pelo delegado, mas, ao saírem do distrito, teriam atirado pedras em viaturas da Polícia Civil. Por esse motivo, teriam desaparecido e depois encontrados mortos. Essa versão, contudo, tem sido contestada por denúncias anônimas que dão conta de que os quatro teriam sido espancados de tal forma que isso incriminaria os policiais civis num simples exame de corpo de delito e por isso eles foram eliminados e desovados num matagal ermo.

Prováveis mandantes

Por causa da relação de Pitote com os quatro policiais presos, suspeita-se que eles possam ter sido os mandantes da morte de Rodrigo Neto. Walgney Carvalho teria sido morto posteriormente por ter dito a amigos e escrito nas redes socais que sabia quem era o assassino do repórter. Como Pitote era seu amigo numa dessas redes sociais, foi fácil rastrear o fotógrafo e eliminá-lo. A moto encontrada com o pistoleiro também aparece em fotografias postadas na página eletrônica do suspeito, onde aparece com o codinome Alessandro Blindado e diz trabalhar na “Empresa do Silêncio”. A motocicleta seria de um amigo e teria sido devolvida dias antes da prisão toda suja de terra. “Estava suja porque o Walgney havia postado na rede social que iria para uma festa numa fazenda. O Pitote foi lá para matá-lo, mas o fotógrafo acabou não indo. Pouco tempo depois, o Walgney postou dizendo que ia para o pesque e pague. Foi quando Pitote conseguiu assassiná-lo”, disse o delegado da força-tarefa.

Os crimes e os acusados
» 1) Execução da testemunha Cleidson Mendes do Nascimento,
o Cabeça, em 16 de setembro de 2011, no Bairro Canaãzinho, em Ipatinga. O suspeito é o cabo Victor Emmanuel, preso em quartel da PM de BH.

» 2) Chacina na localidade de Revés do Belém, em 25 de outubro
de 2011. Morreram Nilson Nascimento Campos, de 17 anos, Eduardo Dias Gomes, de 16, John Enison da Silva e Felipe Andrade, de 15. Os policiais civis Ronaldo de Oliveira Andrade, José Cassiano Ferreira Guarda, Leonardo Alves Correia e Jimmy Casseano Andrade foram reconhecidos por testemunhas e estão presos em BH.

» 3) Morte do morador de rua Célio Nunes Pereira, em 4 de
agosto de 2009, na Fazenda Cajá, em Santana do Paraíso. Suspeito é o sargento Michel Luiz da Silva, preso no Batalhão de Ipatinga.

» 4) Assassinato de Marcos Vinícius Lopes Pereira e Clauco Antônio
Lourenço Faria, em 3 de julho de 2010, no Córrego Boa Vista, distrito de Santana do Paraíso. Foram indiciados, mas não estão presos, os policiais civis Ronaldo Andrade, Elton Pereira e Fabrício Quenupe.

» 5) Homicídio de Eduardo Luiz da Costa, em 16 de agosto de
2007, no Bairro Jardim Panorama, em Ipatinga. Preso o cabo Victor Emmanuel Miranda de Andrade e indiciado Joaquim Pereira de Moura. O cabo Amarildo Pereira de Moura também era suspeito, mas foi assassinado no início do ano.

» 6) Caso Padaria Guerra, em Ipatinga, onde foram mortos
o mototaxista Diunismar Vital Ferreira, o “Juninho”, e José Maria, em 8 de julho de 2007. Preso o capitão Charles Clemencius Diniz Teixeira e indiciada sua mulher, ex-namorada de Juninho, Cynthia Ramos Farini.

» 7) Morte da testemunha Sebastião Ludovino de Siqueira, o
“Tião”, em 22 de fevereiro, no Bairro Águas Claras, em Santana do Paraíso. A vítima era pai de Daniel Wattson Costa Siqueira, denunciado pela morte do cabo Amarildo Moura. Suspeitos são os investigadores Albertino Pereira da Costa Filho (amigo do cabo) e Geraldino Pereira de Moura (irmão do militar). Albertino está preso e Geraldino foragido.

» 8) Execução do jornalista Rodrigo Neto, em 7 de março,
em Ipatinga. A polícia não soube determinar os motivos, mas o repórter vinha denunciando uma série de crimes envolvendo policiais da região. Depois de escutas telefônicas, rastreamentos de celulares e comprovações de exames de balísticas, ficou provado que os autores foram Alessandro Neves Augusto, o “Pitote”, que teria sido o assassino, e o policial civil Lúcio Lírio Leal, cúmplice.

» 9) Homicídio do fotógrafo Walgney Assis de Carvalho, morto a
tiros em 14 de abril, num pesque e pague em Coronel Fabriciano. Walgney teria sido assassinado numa operação de queima de arquivo, pois dizia para todo mundo que sabia quem havia matado o repórter Rodrigo Neto. Temendo ser descoberto, Pitote resolveu matar Walgney.

Fonte: Polícia Civil de Minas Gerais


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