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Estado de Minas

Assassino que matou jornalista no Vale do Aço também é executor de fotógrafo

Alessandro Neves, de 31, o Pitote, usou a mesma arma nos dois crimes. Mesmo não sendo policial, ele circulava livremente pelas delegacias de Ipatinga e até participava de ações da Polícia Civil na cidade


postado em 23/07/2013 12:28 / atualizado em 23/07/2013 14:02

Walgney Assis de Carvalho, de 43 e Rodrigo Neto, de 38, mortos pelo mesmo atirador(foto: Reprodução de Internet e Arquivo Pessoal )
Walgney Assis de Carvalho, de 43 e Rodrigo Neto, de 38, mortos pelo mesmo atirador (foto: Reprodução de Internet e Arquivo Pessoal )

A Polícia Civil informou nesta terça-feira que o mesmo homem que matou o jornalista Rodrigo Neto, de 38 anos, em março deste ano, é também assassino do fotógrafo Walgney Assis de Carvalho, de 43, executado no mês seguinte. Alessandro Neves, de 31, o Pitote, ficou sabendo que o fotógrafo estava comentando informações sobre a morte do repórter e acabou armando também a morte dele, uma queima de arquivo. O exame pericial de balística comprovou que o assassino usou a mesma arma nos dois crimes. Na morte de Rodrigo, também está envolvido o investigador Lúcio Lírio Leal, de 22. Os dois suspeitos estão presos.

De acordo com a polícia, no início das investigações do assassinato de Rodrigo Neto, Walgney chegou a ser investigado como possível mandante ou mesmo autor do crime. Isso porque, o fotógrafo fez alguns comentários suspeitos com pessoas da sua convivência, dando detalhes do assassinato do jornalista. Além disso, seis dias antes da morte do repórter, ele assumiu o cargo da vítima no jornal. Walgney manifestou publicamente críticas severas contra Rodrigo.

Intimado e ouvido em cartório, Walgney negou qualquer participação na morte do colega de profissão. Um mandado de busca e apreensão foi cumprido na casa do fotógrafo, mas nada de ilícito foi encontrado. Walgney passou a fazer constantes comentários de que “sabia quem eram os assassinos de Rodrigo Neto” e “que o crime nunca seria solucionado”. Várias vezes, após beber em bares ou festas públicas, reiterava seus comentários. Por fim, acabou assassinado pelo mesmo autor do crime contra o repórter.

Delegados apresentaram os detalhes das morte em Ipatinga nesta terça-feira (foto: João Miranda/EM DA Press)
Delegados apresentaram os detalhes das morte em Ipatinga nesta terça-feira (foto: João Miranda/EM DA Press)


Nesta terça-feira, a polícia apresentou novos detalhes sobre os motivos para a execuções que assombraram a cidade de Ipatinga. Por causa das mortes, a cúpula da corporação na região foi trocada e uma força-tarefa com delegados e corregedores da cidade e de Belo Horizonte foi instituída para investigar crimes com suspeitas de participação de policiais.

Atuando desde abril, o grupo tem sob sua custódia 10 presos, nove deles policiais, sendo três militares e seis civis. As primeiras prisões, de um investigador e um médico-legista, ocorreram em 19 de abril. O médico foi solto em menos de uma semana ao comprovar que não tinha envolvimento com os crimes, por estar em locais diferentes e apresentar álibis.

O último detido foi o capitão Charles Clemencius Diniz Teixeira, suspeito de ser o mandante da execução do mototaxista Diunismar Vital Ferreira, o Juninho, de 41. O ataque ao mototaxista resultou na morte do instalador de máquinas José Maria, de 58, atingido por uma bala perdida quando estava na padaria onde o alvo dos criminosos foi atacado, em Ipatinga.

Quando a força-tarefa foi iniciada, apurava 10 crimes, todos denunciados à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Mas, conforme a apuração da polícia avançava e relacionava mais casos denunciados pela imprensa de Ipatinga, os casos de homicídios investigados passaram a somar 14, ainda que a comissão admita a existência de mais de 20 ocorrências tendo policiais como executores ou mandantes.

Mortes

Morto a tiros em março no Bairro Canaã, em Ipatinga, Rodrigo Neto vinha denunciado em seu programa de rádio o envolvimento de integrantes das forças de segurança pública em crimes ocorridos na região. De acordo com colegas de trabalho, Rodrigou ampliou a pressão para apuração dos casos quando voltou a trabalhar no Jornal Vale do Aço, e começou a revelar mais mortes com suspeitas de participação do mesmo grupo de matadores. O repórter preparava um dossiê tido como bombástico, relacionando mais crimes e o envolvimento de policiais em chacinas e assassinatos ocorridos no Vale do Aço. A publicação marcaria o retorno do repórter ao jornalismo impresso. A polícia concluiu que Pitote é autor dos cinco disparos que atingiram o jornalista. Mesmo não sendo policial, Pitote circulava livremente pelas delegacias de Ipatinga e até participava de ações da Polícia Civil na cidade.

Na primeira semana de maio, um fotógrafo freelancer do Jornal Vale do Aço também foi assassinado. Walgney Carvalho, que trabalhava nas apurações dos casos e tinha relacionamento profissional e pessoal com policiais e peritos do Instituto de Criminalística, foi executado a tiros dentro de um pesque-pague que costumava frequentar em Coronel Fabriciano, na Região do Rio Doce. Um homem encapuzado chegou na garupa de uma moto, armado e atirou três vezes à queima-roupa contra a vítima.


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