Uma capitã do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais acaba de conquistar a habilitação de piloto comercialA oficial Karla Lessa, de 31 anos, é a única integrante do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) e em breve, a única mulher na função de comandante dos dois helicópteros Arcanjo atualmente usados pela corporação.
A bordo de um helicóptero Schweizer, a capitão Karla Lessa realizou um voo de check, que a habilitou na função de Piloto Comercial de Helicóptero (PHC)O voo teve duração de uma hora e foi realizado no aeroporto Carlos Prates, região Noroeste de Belo HorizonteA autorização permite que a oficial continue os treinamentos para comandar os helicópteros modelo Esquilo usados nas ocorrências atendidas pelo BOAA conquista foi comemorada pelos companheiros de Esquadrilha com o tradicional banho frio.
Para conseguir o PCH, o aluno passa por um curso teórico onde são repassados conhecimentos exigidos pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) como Meteorologia, Navegação Aérea, Conhecimentos Técnicos de Helicóptero, Teoria de Voo e Regulamento de Tráfego AéreoA capitão Karla explica que é necessário ser aprovado em um curso específico para cada modelo de aeronaveDurante o check, o aluno é avaliado por um piloto credenciado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e precisa executar todas as manobras aprendidas como procedimentos de emergência, pousos e decolagens em situações variáveis e domínio da aeronave de forma geral.
Privilégio
Bombeiro há 12 anos, a capitão Karla começou a preparação para voar em 2009, quando foi selecionada em um concurso interno para realizar o Curso de Piloto Privado de Helicóptero e Comandante de Operações Aéreas – PPH/COA, no Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo da PMMG“O curso contou com uma grade de matérias destinadas a capacitar os alunos a tripular, operar equipamentos especiais como gancho e guincho, triar e engajar as aeronaves em ocorrência através de coordenação ar e solo”, contaEm 2010, ela conseguiu a habilitação de Piloto Privado de Helicóptero (PPH).
Desde 2011 , a oficial está lotada no Batalhão de Operações Aéreas onde assume a função de comandante de operações aéreasPara assumir a função de comandante do helicóptero Arcanjo, a oficial que hoje acumula 120 horas de voo, terá que completar 500 horas, uma exigência do seguro da aeronaveDesafios que a capitão de voz suave e gestos tranquilos encara com muita naturalidade ao explicar porque escolheu estar nos ares para salvar vidas
Quanto a ser a única mulher entre mais de 40 homens, a capitão afirma que isso não é problema e que não há diferenciação“Somos uma equipe e todos, independentemente do sexo, estamos unidos na missão de salvar vidas”, afirmaOpinião reforçada pelo comandante do BOA, Tenente-coronel Maurício Ramos“É uma satisfação poder ter a capitão no BOAIsso é uma prova de que as mulheres estão realmente conquistando novos espaçosAs mulheres são mais atentas aos detalhes e o chamado toque feminino tem a ver com essa característicaNão há função na qual a mulher não possa atuar, comandar uma aeronave, por exemplo, exige técnica e estudo e isso, independe do sexoQuanto à necessidade de uso da força, se for preciso, todos ajudam, afinal, nosso trabalho é em equipe”, comenta.
Bombeiro militar por opção, a capitão Karla Lessa abandonou a carreira de futura engenheira química ao optar pelo Curso de Formação de Oficiais, opção que causou estranheza, mas que hoje é um orgulho para toda a família e para a própria oficial“Me sinto privilegiada por ser bombeiro e pela população nos ver com tão bons olhos
Realização pessoal que impulsiona a oficial a alçar voos cada vez mais altos“O que eu espero é continuar minha capacitaçãoEm muitos momentos somos a última resposta do Estado para salvar uma vidaQuero me tornar efetivamente uma comandante de aeronave e ajudar o Corpo de Bombeiros a realizar a atividade aérea no EstadoÉ o meu desejo”, finaliza.
(Com Agência Minas)