Na onda das manifestações das últimas semanas, uma greve geral convocada nacionalmente por movimentos sindicais, sociais e estudantis prometia tomar Belo Horizonte no 11 de julhoMas, com adesão bem abaixo da expectativa, a paralisação organizada por instituições acabou ficando aquém dos protestos espontâneos ocorridos durante a Copa das ConfederaçõesOntem, o ápice ocorreu durante ato que reuniu cerca de 7 mil pessoas na capitalMas isso não impediu a greve de afetar a rotina da cidade, já que o setor do transporte teve forte presença no movimentoFechado, o metrô deixou de transportar cerca de 215 mil passageiros e, apenas na Estação Diamante, no Barreiro, 30 mil pessoas foram surpreendidas com os ônibus paradosEm efeito dominó, escolas ficaram vaziasParte dos alunos não chegou por falta de transporte, outros, por medo de encontrar no caminho a violência que ocorreu em movimentos anteriores.
A situação ficou ainda pior nos limites entre Contagem e BHComo o transporte sobre trilhos não funcionou, apenas os ônibus rodaram na Estação Eldorado
Segundo a Polícia Militar, a situação do trânsito na região fez com que motoristas de ônibus se recusassem a sair da Estação Diamante, no BarreiroMoradores prejudicados acabaram se revoltando e resolveram impedir a passagem dos coletivos quando o tráfego já estava liberado, por volta das 9hEles também aproveitaram a situação para reclamar dos veículos lotados que circulam em condições precárias
A situação se repetiu na Estação BHBus Barreiro, porém, com mais organização, já que o movimento foi comandado por sindicalistasSegundo o tenente-coronel André Leão, comandante do 41º Batalhão da PM, em nenhum dos dois locais houve enfrentamento
Nas escolas, foram alunos que faltaram
No dia nacional de protesto, escolas tradicionais da rede pública de ensino na capital ficaram com os bancos vazios, mas por falta de alunosPor causa da ameaça de greve geral, muitos nem arriscaram sair de casaNo Colégio Estadual Central, no Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul, compareceram cerca de 50 dos mais de 3 mil estudantes matriculados nos turnos da manhã e tarde“Os professores vieram, mas os alunos, nãoAcredito que muitos ficaram com medo de chegar ao Centro, no meio das manifestações”, afirmou a vice-diretora, Kelly Guimarães.
No Instituto de Educação de Minas Gerais, no Centro, nem 20% dos 1,4 mil alunos da manhã e tarde compareceram, na avaliação do diretor, Orivaldo Diogo, que atribui aos ônibus parados o principal motivo da ausênciaNa Escola Estadual Barão do Rio Branco, a baixa presença de alunos – apenas 50 dos 400 estudantes – fez a direção mudar a programaçãoEm vez das aulas, um mutirão foi formado para montar a decoração da festa julinaA Secretaria de Estado de Educação (SEE) informa que 92,3% das escolas estaduais funcionaram e apenas 1,6% dos professores aderiram à paralisação.
Houve reflexo, embora limitado, também em postos de saúde e hospitais públicosDe acordo com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), a adesão de profissionais à greve não prejudicou o funcionamentoA maior paralisação ocorreu no Hospital Júlia Kubitschek, onde 26 dos 147 técnicos de enfermagem entraram em greve e outros 12 não foram ao trabalho por causa dos ônibusSegundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), nos centros de saúde, “ocorreram faltas pontuais, em função do transporte público, não afetando o funcionamento geral do atendimento à população”.
O Sindicato dos Metroviários de Belo Horizonte pode ser multado em mais de R$ 50 mil pela paralisação total de ontemA decisão do Tribunal Regional do Trabalho respondeu ao questionamento da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) sobre o não cumprimento da escala mínima pela categoriaNa quarta-feira, o TRT já havia concedido liminar determinando que o metrô operasse nos horários de pico com 50% dos trens circulando das 5h20 às 9h e das 17h às 20h, por ocasião da greve geral, e que, em caso de descumprimento, a multa diária seria de R$ 5 milOntem, com a paralisação total do sistema, o tribunal concedeu nova liminar, visando a operação dos trens entre as 17h e as 20h em escala mínimaA presidente do Sindicato dos Metroviários, Alda Lúcia dos Santos, disse à noite que o departamento jurídico da entidade vai recorrer da decisão e que hoje os trabalhadores retomam as atividades normais, com todas as estações abertas às 5h15