Jornal Estado de Minas

Motorista quase atropela manifestantes e tem carro destruído em protesto na BR-040

Acompanhando as manifestações na BR-040, em Congonhas, o repórter Tiago de Holanda e o repórter fotográfico João Miranda testemunharam o momento em que o motorista de um Gol quase atropelou manifestantes

Tiago de Holanda Clarisse Souza
- Foto: João Miranda/Esp.EM/D.A Press


Em Congonhas, na Região Central do estado, a 89 quilômetros de BH, um carro de passeio foi inteiramente destruído, um homem foi quase linchado e por pouco não houve uma tragédia em protesto no km 603 da BR-040 na tarde de terça-feira. 

Moradores protestavam, com apoio de caminhoneiros, pela construção de uma passarela sobre a BR-040, o momento mais tenso ocorreu quando um motorista tentou furar o bloqueio, avançando com o carro sobre manifestantes e quase atropelando alguns delesParticipantes da manifestação cercaram o veículo e, depois de bate-boca, o grupo começou a balançá-lo e dar socos na latariaAcuado, o motorista deu ré em alta velocidade e um rapaz quebrou parte do parabrisa com uma pauladaOutras pessoas jogaram pedrasO motorista voltou a avançar, acelerou, passou por cima dos cones e seguiu no sentido Belo Horizonte

- Foto: João Miranda/Esp.EM/D.A Press

Manifestantes decidiram perseguir o Gol de carro e o encontraram em um posto de combustível próximoO homem tomou pedradas, mas conseguiu fugir sem ser identificadoUm dos moradores conduziu o veículo de volta ao local da manifestaçãoLá, mais manifestantes prosseguiram a depredaçãoAfinal, o carro foi virado e só não foi queimado porque alguns ponderaram que poderia explodirTudo isso sem o menor sinal de policiamento.

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- Foto: João Miranda/Esp.EM/D.A Press

Os moradores, assim como na manifestação de segunda-feira, cobram a construção de uma passarela
“Muita gente já foi atropelada aquiEm 2011, minha prima de 26 anos foi atingida por um carro e morreu”, contou a manicure Janaína Firmino, de 22 anosNo mesmo ano e pela mesma causa, a vítima foi Jhonathan André Gomes Bento, que tinha 19 anos e trabalhava como mecânico com o pai, Nazareno Gomes Bento, de 41O protesto também reuniu um grupo de caminhoneiros, residentes no bairro“Queremos que baixe os preços do óleo diesel e dos pedágios e que aumente a remuneração dos fretes”, disse um deles, que não quis se identificar.

No começo da manifestação, a barreira impedia apenas a passagem de caminhões que não carregavam animais ou mercadorias perecíveis, carros de firmas que prestam serviço a mineradoras, veículos fretados e carros com logomarca do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que os manifestantes culpam pela não construção da passarelaA poucos minutos das 14h, pneus passaram a ocupar cerca de dois terços da rodovia, e 50 minutos depois foram queimadosNaquele momento era permitida somente a passagem de ambulâncias e carros com crianças pequenas, idosos ou alguém que passasse mal.

Nenhum policial acompanhou a manifestação na barreiraDois agentes da PRF, que estavam em uma viatura estacionada a mais de 200 metros e em poucas horas foram embora, cederam cones para ajudar a compor a interdiçãoÀs 11h40, surgiu outra viatura da corporaçãoDois minutos depois, foi embora
Às 13h10, mais uma viatura apareceu e só então policiais perguntaram qual era o motivo do protestoO agente Alecsander Reis prometeu tentar contato com o Dnit, não conseguiu e também partiuDepois, mais dois policiais chegaram, foram recebidos sob vaias e, após malsucedida tentativa de liberar a passagem de carros pequenos, foram embora.

VÍDEO MOSTRA A DESTRUIÇÃO DO VEÍCULO