Jornal Estado de Minas

Câmara continua ocupada por manifestantes nesta segunda-feira

Manifestantes criticam qualidade do transporte público e dizem que vão ficar na sede do Legislativo até encontro com o prefeito

Jorge Macedo - especial para o EM
Elian Guimarães e Clarisse Souza

- Foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press.

Manifestantes continuam ocupando, pelo terceiro dia seguido, a Câmara Municipal de Belo HorizonteEles passaram a segunda madrugada acampados no hall da CasaEm reunião realizada no início da noite de domingo, decidiram que vão permanecer no local até que sejam recebidos pelo prefeito da capital, Marcio Lacerda (PSB) e transferiram para a sede do Legislativo a assembleia que ocorreria hoje no Viaduto Santa Tereza, às 19hNessa mesma assembleia  será definida a comissão que vai se encontrar com LacerdaO grupo reivindica melhorias e redução de preços no transporte público da capitalA Prefeitura de BH sinalizou ontem que o prefeito vai receber a comissão que representa estudantes de vários segmentos sociais que estão ocupando a Casa desde a manhã de sábadoSegundo a assessoria de imprensa da PBH, o secretário de Governo, Josué Valadão, ainda vai definir data e local para o encontro

Galeria: fotos desta segunda-feira na Câmara de BH

No início da tarde de domingo, um grupo de representantes de Lacerda, entre eles o presidente da BHTrans, Ramon Victor César, e o próprio Valadão, se reuniu com a comissão de negociação do autodenominado movimento Assembleia Popular Horizontal (APH)Na reunião, os representantes do prefeito se limitaram a explicar a regras das licitações de concessão do serviço público, o que não agradou os representantes do movimentoSegundo Valadão, o objetivo do encontro seria preparar o formato da reunião com o chefe do Executivo“Discutimos sobre a necessidade de o pessoal conhecer todas as regras dos contratos de concessão assinados em 2008, que determinam que a tarifa é constituída por cinco itens: rodagem, combustível, frota, atividades administrativas e rodoviários
É importante que conheçam o contrato e como é feito e seu cálculo”, disse o secretário de Governo.

Para Valadão, este é o momento oportuno para discutir o sistema como um todo, o que inclui qualidade, necessidade de aumentar a quantidade de viagens nos fins de semana, nível adequado para a plataforma de cadeirante, entre outros pontos.

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Ele se comprometeu com a comissão de negociação do movimento a abrir no site da BHTrans, até o meio-dia de hoje, o contrato de concessão com todas as suas regras, além do contrato com a empresa de auditoriaValadão acredita que essas iniciativas ajudarão nas discussões a serem levadas ao prefeitoDe acordo com o secretário, será impossível atender o pedido de revogação do aumento da passagem que passou a valer em 29 de dezembro“Tudo o que pôde ser feito já está valendo, como as reduções do ISS e do custo de gerenciamento da BHTrans.” Ele garantiu que a prefeitura reconhece a legitimidade desse movimento e sua natureza popular espontânea“Queremos que todos tenham acesso a todos os dados para que seja um debate qualificado.”

REIVINDICAÇÕES Alexandre Mázus, integrante do movimento APH, criticou a votação na Câmara na manhã de sábado, quando emendas não passaram, entre elas o pedido de abertura dos custos de transporteSegundo ele, o movimento tem 11 eixos e, na pauta de transporte, são três reivindicações imediatas: revogação do último aumento, desoneração do PIS e Cofins, prevista em MP da presidente Dilma Rousseff, e abertura da planilha de custos de transportes das empresas

Além disso, segundo Mayra Reis, integrante do comitê de transportes do movimento, é preciso melhorar a qualidade do transporte público em BH, principalmente em relação ao número de viagens à noite e nos fins de semana e ao estado de conservação de veículo, além do acesso aos ônibus dos portadores de necessidades especiais

A Polícia Militar permaceu do lado de fora da CâmaraNo fim da tarde, um grupo de manifestantes saiu da sede e foi ao encontro da comandante de Policiamento da Capital, coronel Cláudia RomualdoEles carregavam cartazes e parodiavam músicas criticando a presença da polícia no local .

Desconcentração antenada

A descontração marcou o segundo dia de ocupação do saguão e jardins da Câmara de BH
Um piano colorido foi compartilhado por vários músicos no gramado do LegislativoDo lado de dentro, os manifestantes dançavam e cantavam.

Os movimentos artísticos só eram interrompidos nos momentos dos informesA reunião a portas fechadas entre a comissão de negociação dos manifestantes e representantes da prefeitura acabou sendo “furada” pela tecnologia da mídia alternativa “pós-TV”, que conseguiu transmissão sonora ao vivo para um saguão atento.

Organizados, os manifestantes se dividiram em grupos de limpeza, arrecadação de alimentação e produtos de higieneDeitados por toda a extensão do saguão e entrada do prédio, namoravam e discutiam questões de interesse do movimento.

A solidariedade estava presenteMuitas pessoas da vizinhança e de outros pontos da cidade foram ao local prestar apoio ao grupo, algumas delas acompanhadas de criançasCadeiras, mesas, fogão industrial, panelões, pratos, talheres, copos, chapa, mantas, cobertores, travesseiros eram despejados durante todo o tempo por carros que passavam à porta da Câmara.

ARROZ QUEIMADO Apesar de uma certa inabilidade de alguns manifestantes em lidar com o fogão, o que causou pequenos transtornos como arroz queimado, os quilos e quilos de comida preparada no almoço acabaram em poucos minutos