Jornal Estado de Minas

Clima de medo fecha bares e restaurantes na Savassi

Temor de vandalismo leva maioria dos comerciantes a fechar as portas, à exceção de lojas que atenderam torcedores

Jorge Macedo - especial para o EM
Walter Sebastião

  Na hora do almoço, Avenida Cristóvão Colombo estava quase deserta, com bares e lanchonetes fechados. Alguns restaurantes afixaram cartaz para avisar os clientes - Foto: Crisitna Horta/EM/D.A Press.

Alem de lojas e escritórios, a maioria dos bares e restaurantes da Praça Diogo de Vasconcelos e de seu entorno, na Savassi, Centro-Sul de Belo Horizonte, ficou fechada ontemA exceção foram alguns estabelecimentos no cruzamento das ruas Paraíba e Antônio de Albuquerque, próximo do ponto dos ônibus que levavam torcedores para o MineirãoA clientela aproveitava para beber ou comer alguma coisa antes de seguir para o jogo na Pampulha

“Sabia que neste local haveria público suficiente para que valesse a pena abrir a casa”, explicou José da Costa, de 39 anos, proprietário do AssacabrasaPara tanto, ele criou estrutura para vender bebidas separadamente do almoçoRemanejou horários de funcionários e colocou carro para buscá-los em casa, caso faltasse ônibusPreocupado com o vandalismo, contratou segurança“Se eu tiver tantas despesas, em todos os jogos, corro o risco de ter prejuízo”, lamentou

Pequenos bares ou lanchonetes da região avaliam que, apesar das manifestações, a Copa das Confederações gerou um bom movimentoEles estimam que nos dias de jogos o público cresceu entre 25% e 30%

Veja minuto a minuto das manifestações desta quarta-feira, dia do jogo do Brasil em BH



CAUTELA

Ninguém esconde a apreensão com o vandalismo na vizinhança ou boatos que, na semana passada, levaram vários estabelecimentos a fechar portas

A cautela se deve ao pânico que fez clientes saírem sem pagar a contaMarlon Rodrigues, de 28 anos, administrador do 80 Bar, antes de decidir abrir o local, analisou a situação“Já tive de fechar devido a tumultosMas antes disso a venda foi boa”, observa.

As opiniões se dividem quanto ao quê esperar durante a Copa do Mundo no próximo ano“Vão avançar serviços como o de bares e restaurantesEstou otimista”, garante Ademilde Fonseca, proprietária do Orizontina, já {as voltas com ampliação de horários de atendimento e do cardápio“Há muita fantasia com a CopaA clientela vai aumentar, mas não tanto quanto se imaginaE durante apenas um mês, o que não justifica tanta supervalorização do evento”, argumenta Leandro de Castro Melo, de 35, proprietário da Takos.


Arsenal de guerra nas mochilas

Os conflitos ainda nem haviam começado e 18 pessoas estavam detidas na 5ª Delegacia Distrital da Polícia Militar até as 16hEram 11 adultos e sete menores de 14 a 17 anos
Eles foram detidos depois que a revista policial encontrou materiais suspeitos nas mochilas que carregavam“São pessoas que vão para as ruas vandalizarSair de casa com esse material é só para causar desordem públicaNão há nada de manifestação nisso”, afirmou o chefe do 1º Departamento de Polícia Civil da capital, delegado Ânderson AlcantaraPor recomendação do Ministério Público, todos os presos foram levados para um mesmo local.

Nas imediações da Avenida Antônio Carlos cinco jovens foram presos com estilingue, bolas de gude, soco-inglês e pedaços de galão de plástico, que seriam usados como escudoRodolfo Aparecido de Paula Martins, de 20; Marcos Gledeson Balbino Leocádio, de 32; Wilson Rodrigues Cabral, de 29; Roberto Rezende Prado Júnior, de 26; Luiz Henrique Santos Malta, de 22; e Daniel Magalhães de Oliveira, de 18, vieram juntos de Betim.

- Foto: Crisitna Horta/EM/D.A Press.“Não temos vergonha de ir para as ruas, mas estamos arrependidos de sair com esse materialEra para a gente se proteger e resistir ao ataque da polícia”, defendeu-se Roberto RezendeEle é professor de história e aluno de direito da PUC Minas BetimWilson, que portava um pacote de bolas de gude na mochila, disse que usaria para evitar depredaçãoSegundo a polícia, o grupo planejava espalhar as bolas na pista para impedir o avanço da cavalariaTodos tinham nas bolsas cordas para amarrar pedaços de plástico de galões de água na barrigaMarcos Gledeson viu, na internet, como fazer o “escudo” caseiro e ensinou aos colegas.

Vinícius Roosevelt Moreira Mendes, de 23, foi detido na esquina das avenidas Antônio Carlos e Bernardo Vasconcelos carregando parafusosNa porta da UFMG, três jovens chamaram a atenção de guardas municipais pois vestiam casacos pesadosNa revista foi apreendida uma marreta com Gabriel Emílio Lima de Oliveira, de 26, que estava acompanhado de Nikolas Francisco Assiz Clements e Matheus Soares Siman, ambos de 19.

No Centro da capital os policiais encontraram dentro de uma lixeira cinco sinalizadores e uma bombaNa Avenida Pedro I, a ação policial flagrou homens surfando em cima de um ônibus e apreendeu materiais como foguete, touca, coquetel molotov e tesoura, entre outros objetosApenas na Pedro I, três homens foram presos


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CENAS DE GUERRA: QUEBRADEIRA E VANDALISMO