Jornal Estado de Minas

Preparados para o pior

Prejuízo com depredações na capital foi de R$ 1,6 mi

Depois das ações de vândalos que causaram prejuízo superior a R$ 1,6 milhão, bancos e comerciantes reforçam a segurança

Mateus Parreiras
  Na Pampulha, folhas de zinco vão ser usadas para proteger concessionária de possíveis ataques amanhã. - Foto: beto magalhães/em/d.a press


Os atos de vandalismo contra concessionárias, agências bancárias, lojas de telefonia móvel, bancas e outros estabelecimentos privados durante as últimas manifestações na capital mineira correspondem ao gasto que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) tem com depredações em 10 mesesA reportagem do Estado de Minas percorreu o caminho dos protestos violentos pelas avenidas Presidente Antônio Carlos, Afonso Pena e Amazonas, onde 34 lojas foram atacadas, somando um prejuízo total de R$ 1.684.150, segundo estimativas dos comerciantesA PBH informou que gasta por ano um mínimo de R$ 2 milhões para reparar equipamentos públicos e edifícios vandalizadosOu seja, a destruição é equiparável ao dano de 307 dias de vandalismo numa comparação com os esforços municipais para recuperar o que é pichado ou destruídoNa iminência de mais ataques amanhã, quando a Seleção Brasileira joga no Mineirão, empresários protegem vidraças com tapumes e contratam seguranças

Os principais alvos foram as concessionárias de automóveis ao longo da Avenida Antônio Carlos, um dos caminhos que levam ao MineirãoForam oito estabelecimentos atacados e 27 veículos atingidos, num prejuízo total de R$ 1.234.600, segundo informaram os representantes das lojasPor esse motivo, ontem os funcionários passaram o dia removendo estilhaços e reforçando tapumes com tábuas e toras de madeira para proteger os estabelecimentos de possíveis ataques amanhãAs cercas de madeira e o aparato rude de defesa contrastavam com os enfeites juninos e a publicidade verde e amarela de apoio ao Brasil na Copa das Confederações.

De acordo com o gerente geral da Automak, Edgard Speziali, além de fechar toda a fachada com folhas de compensado, vão remover os veículos para galpões distantes“Vamos literalmente desmanchar a nossa loja e só voltar a montá-la quando a Copa das Confederações tiver terminado”, disseO estabelecimento ficou no caminho dos manifestantes mais violentos e teve 14 placas de vidro despedaçadas em todos os dias de protestos, mesmo tendo estendido uma faixa dizendo apoiar manifestações sem violência

As pedras e estilhaços de vidros deram para encher oito tambores.

Empresa fechada

Na Afonso Pena, no Centro da capital, agência bancária optou pela instalação de compensado na fachada - Foto: beto magalhães/em/d.a press

Desolado depois dos ataques que arrasaram a concessionária em que trabalha, o gerente da Caoa Hyundai da Antônio Carlos disse que vai dar folga aos 20 vendedores e demais funcionários e literalmente abandonará o ponto“Não vou consertar nada agoraVou deixar que terminem de destruir tudo, depois a gente reconstrói”, afirmaO estabelecimento foi o que mais prejuízos sofreuAo todo, 20 automóveis foram depredados, computadores, aparelhos de TV, eletrodomésticos, móveis e equipamentos foram saqueados ou destruídosTodas os vidros das vitrines foram despedaçados, deixando o estabelecimento completamente aberto para a ruaOntem, os funcionários terminavam de empacotar o que não foi levado.

Na Avenida Afonso Pena e na Antônio Carlos vários bancos cobriram com tapumes as vidraças e portas, temendo ser depredados como as 12 agências que foram alvo nos últimos diasForam danificados 23 caixas eletrônicosNo interior, ainda se vê os vidros quebrados por trás das proteções de madeiraNo Banco do Brasil do Jaraguá apenas os caixas eletrônicos funcionavam para atendimento, ontem, trazendo transtornos para os clientes que precisavam dos serviços e não tinham veículos para se deslocar até outras regiões
É o caso da faxineira Maria Lúcia Alves de Lima, de 43 anos, que precisava pagar um cartão de crédito, mas não pôde porque o documento só poderia ser quitado num caixa tradicional“Sou a favor das manifestações, mas quebrar as coisas que a gente precisa usar é erradoSe não pagar o cartão hoje vou pagar mais multa e aqui na região não tem outra opção”, lamentou.

O Supermercado das Portas e Janelas, próximo à Avenida Bernardo Monteiro, também foi atingido e ficou sem 14 vidraçasOntem, funcionários se apressavam para fixar grades de metal para impedir saques e reforçar a segurança em caso de novos protestos.

Patrimônio público

A Prefeitura de Belo Horizonte informou que ainda não calculou os prejuízos sofridos com a destruição do patrimônio público, mas ao longo das avenidas Antônio Carlos, Afonso Pena e Amazonas foi possível encontrar um rastro de equipamentos destruídosForam depredados oito radares seis lixeiras, as duas luminárias do obelisco da Praça 7, quatro relógios digitais de rua, placas de trânsito, a guarita do edifício sede da prefeitura e um Posto de Observação e Vigilância da Polícia Militar no CentroPelo menos 11 abrigos dos ônibus foram atingidos.