Jornal Estado de Minas

Entenda como será a queda de R$ 0,10 na passagem de ônibus em BH

Diante da frustração com o desconto de apenas R$ 0,05 na tarifa, prefeito amplia redução. Queda se alastra no interior

Jorge Macedo - especial para o EM
Alice Maciel

  - Foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press.

Diante da pressão da população contra a redução de apenas R$ 0,05 no valor das passagens de ônibus de Belo Horizonte, anunciada quinta-feira, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) tentou ontem mais uma vez acalmar os ânimos dos manifestantes que ocuparam as ruas da capital, pelo quinto dia consecutivoDepois de reunião com vereadores, ele decidiu ampliar a diminuição para R$ 0,10As novas tarifas vão passar a valer em 1º de julhoSegundo o prefeito, neste momento não é possível reduzir maisAs passagens de ônibus hoje custam R$ 2,80 (bairros diametrais), R$ 2 (circulares) e R$ 0,65 (entre bairros)Pelo menos 11 municípios mineiros já anunciaram redução no valor das passagens de ônibus municipais, variando de R$ 0,10 a R$ 0,45.

Veja fotos do protesto de sexta-feira


O prefeito Marcio Lacerda explicou que, para chegar ao desconto, a prefeitura vai desonerar as empresas que operam o transporte coletivo do Imposto Sobre Serviços (ISS), que representa 2% da receita do setor, conforme anunciado na quinta-feira, e do Custo de Gerenciamento Operacional (CGO), que também representa 2%O CGO é uma tarifa repassada pelas empresas privadas à BHTrans para custear as atividades de gerenciamento de fiscalização

Lacerda não garante, no entanto, que a isenção do CGO seja definitivaSegundo ele, isso vai depender da auditoria que está sendo feita para apurar a rentabilidade do transporte público em BH“Dado o trabalho que tem sido feito, de auditoria, que vai ser concluído em novembro, podemos fazer essa suspensão para permitir uma redução adicional no valor da tarifa para que em dezembro, quando formos rever as condições do contrato, podermos voltar ou não com essa cobrança (da CGO)”, observou

O reajuste das tarifas, que ocorre anualmente em dezembro, segundo Lacerda, também vai depender da auditoria

Questionado sobre a possibilidade de a prefeitura subsidiar o transporte, como ocorre em outras capitais, para reduzir ainda mais a tarifa, ele respondeu que essa é uma discussão mais ampla que deverá ser feita em audiências públicas na Câmara Municipal“Não é uma discussão fácil”, disse.

TRAMITAÇÃO A desoneração do ISS terá de passar pelo aval dos parlamentaresSegundo o presidente da Câmara, Léo Burguês (PSDB), o projeto de lei que prevê a isenção será votado em até oito diasJá a desoneração da CGO, que foi proposta pelos vereadores ontem ao prefeito, tem de passar pelo conselho da BHTrans e depois ser publicada no Diário Oficial do Município (DOM)“O projeto do Executivo que chegou ontem (quinta-feira) à Câmara já passou pelas três comissõesParalelamente, fizemos um estudo que apontou que por meio do CGO poderia haver maior redução das passagens de ônibus”, contou Burguês

Segundo Lacerda, com as duas isenções, a PBH deixará de arrecadar cerca de R$ 40 milhões por anoEle afirmou que obras de infraestrutura previstas para a cidade terão de ser adiadasEle não citou quais obras serão atingidas“Vamos ter de apertar o cinto, economizar esse dinheiro de alguma forma, adiar investimentos, mas a demanda é justa”, disse
Ainda de acordo com o prefeito, o risco de as passagens aumentarem devido à entrada de operação dos ônibus rápidos sobre trilhos, os BRTs, é remoto

Em relação aos protestos, Lacerda entende que a questão da mobilidade e dos preços das passagens do transporte público é “apenas a ponta do iceberg”“Temos hoje um déficit de democracia no paísNossa democracia precisa de aperfeiçoamentoInclusive deveria ser convocada uma Assembleia Constituinte Exclusiva para discutir uma reforma políticaO Congresso não vota uma reforma políticaMandei uma mensagem à presidente Dilma com essa opinião”, salientou