Jornal Estado de Minas

Engenheiros são indiciados por homicídio culposo devido a desabamento de prédio em BH

O imóvel desabou em janeiro de 2012, no Bairro Caiçara, matando um homem e ferindo uma mulher. Três engenheiros, um deles contratado pela prefeitura, podem pegar até seis anos de prisão

João Henrique do Vale Paula Sarapu

Laudos comprovaram que o imóvel não tinha rede de drenagem - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press


Três engenheiros foram indiciados pela Polícia Civil, apontados como responsáveis pelo desabamento de um prédio de dois andares em janeiro do ano passado, na Rua Passa Quatro, no Bairro Caiçara, Região Noroeste de Belo HorizonteNa tragédia, um homem morreu e uma mulher ficou feridaOs três profissionais, um deles contratado pela prefeitura para fazer obras de drenagem no quarteirão onde o imóvel estava localizado, vão responder por homicídio e lesão corporal culposos, - quando não há a intenção de cometer o ato -, e crime de desabamentoSegundo o delegado Rodrigo Damiano, os três foram imprudentes na atividade profissionalEles podem pegar até seis anos de prisão.

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O inquérito foi finalizado nessa quinta-feira e deverá ser entregue na próxima segunda-feira à JustiçaSegundo a polícia, a dificuldade em localizar os engenheiros provocou a demora para a conclusão do inquérito“Foi difícil chegar aos engenheiros já que a construção não tinha Habita-se”, explica Damiano

Durante as investigações, a polícia fez várias vistorias e perícias no imóvel e detectou que o prédio não tinha sistema de drenagem e o sistema da rua era superficialQuando chovia, a água era absorvida pelo solo do imóvel, que ficava encharcadoNo dia do desabamento, a rua cedeu e levou com ela a estrutura que já era abaladaNa época do incidente, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) já havia informado que o prédio tinha histórico de problemas
Só em 2011, os proprietários foram notificados três vezes por problemas com ferragens expostas, ausência de rede de drenagem interna e infiltrações no esgoto

Os dois engenheiros responsáveis pelo projeto do prédio, Antônio Pifani e César Otaviano Penna, se defenderam das acusaçõesPifani informou que não sabia que o prédio tinha o sistema de drenagem informado no inquéritoJá Penna, afirmou que não participou das obras e que era apenas um investidorJá o profissional Danilo Felício Ferreira, contratado pela Prefeitura de Belo Horizonte para fazer o sistema de drenagem do quarteirão, se defendeu dizendo que o projeto feito por ele era suficiente para atender a estrutura da rua

O prédio de dois andares e dois blocos desabou em 2 de janeiro de 2012 durante uma forte chuva que caiu na capital mineiraO imóvel tinha oito apartamentos em cada blocoUm casal acabou soterradoA mulher, Marisa Cunha de Moraes, de 46 anos, foi resgatada com diversos ferimentos e levada para o Hospital João XXIIIO esposo dela, Janilson Aparecido de Moraes, de 40, chegou a ser socorrido com vida, mas morreu a caminho do Hospital Odilon Behrens


O tragédia ainda poderia ser maiorUma viatura da Polícia Militar fazia ronda na região minutos antes do incidente e os militares foram alertados por uma moradora que pediu ajudaAo descerem do veículo ouviram ruídos e ajudaram retirar algumas pessoas do imóvel Ao todo, os policiais retiraram 11 pessoas, sendo duas crianças que estava sozinhas em um apartamento