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Estado de Minas

Corredor cultural para salvar a Praça da Estação

Projeto discutido há 20 anos volta a ser apontado pela Prefeitura de BH como prioritário para revitalizar Praça da Estação. Local está depredado e ocupado por moradores de rua


postado em 11/06/2013 06:00 / atualizado em 11/06/2013 06:47

Várias pessoas moram nas escadarias dos prédios antigos do entorno(foto: Ramon Lisboa/ EM/ D.A PRESS)
Várias pessoas moram nas escadarias dos prédios antigos do entorno (foto: Ramon Lisboa/ EM/ D.A PRESS)


A Praça da Estação, espaço no Centro de Belo Horizonte que abriga edifícios históricos, museu e comércio diversificado, está, novamente, pedindo socorro. O local passou por obras de revitalização em 2003 e ficou preservado por algum tempo. Agora, voltou a ser depredado, o que fez com que a prefeitura da cidade ressuscitasse o projeto de criar ali um corredor cultural. A ideia já é discutida há mais de 20 anos e deve ser colocada em prática com verba – R$ 21,8 milhões – do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas.

Comerciantes reclamam que o local está tomado por moradores de rua, principalmente na Rua Aarão Reis, em frente aos pontos de ônibus. Eles relatam que mendigos ficam debaixo de marquises e em meio aos usuários do transporte coletivo para usar drogas e pedir esmolas e chegam a cometer roubos e furtos. O dono de um comércio, que pediu para não ser identificado, disse que a situação afasta os clientes. “Aqui era para ser um lugar legal, mas a quantidade de mendigos que tem acaba atrapalhando o movimento. Eles ficam pedindo dinheiro ou comida e usam drogas em plena luz do dia”, contou. Segundo ele, as vendas diminuíram 60% depois que a praça foi ocupada por moradores de rua.

A funcionária de um bar Vanusa Jesus, de 37 anos, concorda. “Às vezes os clientes não querem vir, porque ficam com medo”, disse enquanto era interrompida por um rapaz que entrou no estabelecimento para pedir esmola. Outro problema: alguns pontos da praça e do entorno dela têm sofrido vandalismo. Um dos postes de iluminação, por exemplo, teve a placa de concreto arrancada. Em alguns prédios da Rua Aarão Reis todos os muros estão pichados.

A intenção de implantar um corredor cultural é vista com bons olhos pelos lojistas. Para o administrador do Edifício Central, Antônio Eustáquio Pereira dos Santos, será uma forma de valorizar a região e torná-la mais bonita. “O medo de alguns comerciantes era retirar o ponto de ônibus e descaracterizar essa questão popular que a praça tem. Essa promessa de preservação é bem bacana”, disse. Vanusa também aprova a iniciativa. “Seria muito bom melhorar o espaço, mas é preciso tirar os mendigos”, afirmou.

Edifícios históricos foram pichados, principalmente na Rua Aarão Reis(foto: Ramon Lisboa/ EM/ D.A PRESS)
Edifícios históricos foram pichados, principalmente na Rua Aarão Reis (foto: Ramon Lisboa/ EM/ D.A PRESS)
O projeto básico das mudanças deveria ser apresentado pela Fundação Municipal de Cultura ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ligado ao Ministério da Cultura, até o fim  de maio. No entanto, devido a atrasos no anúncio oficial da liberação da verba por parte do Iphan, a fundação deu um prazo maior para o escritório de arquitetura responsável pela elaboração do projeto. “O instituto deveria ter anunciado a liberação da verba até 30 de abril, mas como não o fizeram até hoje, nós demos um prazo de mais 15 dias para o escritório de arquitetura, para além do combinado inicial de entrega do projeto, que era até o fim de maio. Ou seja, até sábado nós entregaremos o projeto básico”, explicou o assessor de projetos estratégicos da FMC, Álvaro Sales.

Intervenções

Segundo ele, uma comissão de acompanhamento do corredor cultural foi formada por representantes da sociedade civil, do comércio local e classe artística. Eles deram sugestões e ideias para as intervenções do corredor que deve ser construído na área que começa na Avenida dos Andradas, altura da Rua Varginha, no Bairro Floresta, e vai até próximo à entrada do Parque Municipal Américo Renné Gianetti, na mesma avenida, tendo como ponto central a Praça da Estação. A Rua Sapucaí, atrás da estação central do metrô, também fará parte do projeto.

De acordo com Álvaro, a ideia do espaço é potencializar a cultura que existe na região, uma vez que a área já abriga museus e centros culturais e frequentemente é palco de manifestações artísticas. As intervenções previstas são obras de requalificação das áreas públicas, instalação da Escola Livre de Artes, projeto de iluminação monumental dos bens tombados e sinalização para a região (placas educativas com informações para os visitantes).

Ele ainda destaca que a verba não será suficiente para realizar todas as obras previstas. “Esse projeto de desenho urbano é muito grandioso e o custo será bem superior à verba a ser disponibilizada pelo PAC. Por isso, a comissão vai definir quais serão as prioridades”, completa.

A expectativa é de que as intervenções sejam entregues até a Copa do Mundo de Futebol do ano que vem. Por meio da assessoria de imprensa, o Iphan informou que o Ministério da Cultura ainda não fez o comunicado sobre a liberação da verba.


MEMÓRIA: Importância histórica para a capital
A Praça da Estação foi erguida em 1904, sete anos depois da fundação de Belo Horizonte. Era por lá que chegavam à cidade materiais e equipamentos para construir a nova capital. O nome oficial é Praça Rui Barbosa, em homenagem ao jurista e político baiano. Ao todo, são 12 mil metros quadrados de área. Desde 1970, se tornou o principal espaço de BH para manifestações culturais e políticas, e em 2003 ganhou dois conjuntos de fontes que brotam do piso e iluminação especial com 12 postes laterais. No largo em frente está o Monumento à Terra Mineira, obra em bronze feita em 1930 pelo escultor e arquiteto Júlio Starace. Ele retrata a conquista de Minas Gerais pelos bandeirantes e homenageia os mártires da Inconfidência. Além do Museu de Artes e Ofícios, o conjunto arquitetônico abriga o Centro Cultural da UFMG, a Casa do Conde de Santa Marinha e a Serraria Souza Pinto.
 


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