Jornal Estado de Minas

UFMG encaminha relatório sobre trote racista à AGU, mas não divulga o teor do documento

Procuradoria Jurídica tem de 15 a 30 dias para se posicionar sobre as apurações

Caloura pintada e identificada como 'Chica da Silva' é "exibida" por veterano - Foto: Reprodução/Facebook

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) já finalizou o documento que contém os relatórios sobre o trote racista que envolveu estudantes da Faculdade de Direito, durante a recepção aos calouros do curso no começo de marçoA Comissão de Sindicância que analisa o caso concluiu os levantamentos nesta segunda-feira e encaminhou a apuração à Procuradoria Jurídica (PJ) da Advocacia Geral da União (AGU), que fará nova análise para verificar se todos trâmites legais foram cumpridos.

A PJ deve começar a analisar o material ainda nessa terça-feira e o prazo para a resposta é de 15 a 30 diasAté lá, o conteúdo dos documentos será mantido em sigilo pela UFMGCaso seja confirmado que houve racismo nos trotes, os alunos envolvidos podem ser advertidos, suspensos ou até expulsos do curso.

Trote e as fotos na web

O caso ganhou repercussão depois das fotos do trote serem divulgadas pelos próprios estudantes na webEm uma delas, uma jovem aparece acorrentada e pintada com tinta pretaEm seu pescoço foi colocada uma placa com o nome de "Chica da Silva", fazendo alusão a escrava que viveu em Diamantina, na Região Central de Minas Gerais, e que ganhou a alforria depois de se envolver amorosamente com um contador famoso no século 18Uma segunda fotografia mostra um calouro amarrado a uma pilastra e outros estudantes fazendo saudações nazistasEntre os veteranos, um jovem ainda utiliza bigode semelhante ao do ditador Adolf Hitler (1889 -1945)