Na sala de sua casa, dona Branca, de 75 anos, escreve livros, consulta papéis que guardou ao longo da vida, confere fotos e visita o passado de vez em quando“Adoro história, ações ligadas à conservação do patrimônio cultural, enfim, preservação da memória”, diz a senhora simpática, formada em 1955 como professora primária no Instituto de Educação de Belo HorizonteEla abre uma gaveta e retira, com cuidado, o diploma guardado com o maior carinho
Empenhada na luta pela preservação do imóvel, edificado quando Antônio Carlos de Andrada (1870-1946) era presidente de Minas (de 1926 a 1930) e Francisco Campos (1891-1968), nascido em Dores do Indaiá, secretário de Interior, dona Branca acredita que a arte será a salvação do prédio“Trabalhei lá entre 2001 e 2007 e sentia um certo estranhamentoQuando menina, passava em frente à cadeia e ouvia os presos gritando pedindo cigarrosFicou essa lembrançaAcho que o prédio poderia abrigar um centro de artesanato, se tornar um novo tipo de equipamento, como havia a Casa de Cultura José Ribeiro Machado, um escritor e intelectual de renome”, sugereA professora não poupa palavras de elogio: “A arquitetura encanta e se impõeA fachada romana, com imponente escadaria, remete ao equilíbrio e à beleza das edificações artísticas das grandes praças da Roma antiga, os ex-foros, ostentando colunas e nobres capitéis”
COBERTURA O movimento para sensibilizar a comunidade e o poder público foi deflagrado há quatro anos, pelo arquiteto José Ozório Caetano, de família dorense e preocupado com a preservação do patrimônio da cidade
CINCO TEMPOS DA HISTÓRIA
» 1928 – Empresa Lapertosa Impelizieri, tendo como encarregado de obras o italiano Felício Damiani, constrói o prédio inicialmente destinado ao funcionamento do fórum da comarcaNo entanto, a construção se torna cadeia pública regional
» 1983 – Cadeia pública de Dores do Indaiá é desativada por empenho do então prefeito Geraldo MarquesOutra unidade, de menor porte, é construída
» 1984 – Em 4 de março, Marques recebe do estado as chaves da cadeiaNo mesmo ano, começa a funcionar no local a Casa de Cultura José Ribeiro Machado
» 1988 – Prefeitura passa a ocupar o prédio da antiga cadeia regional
» 2009 – Em 31 de julho, pelo Decreto nº 22, o prédio é tombado pelo município