Jornal Estado de Minas

Prostituição na porta de casa

Moradores da Pampulha e do Mangabeiras reclamam da presença de garotas de programa. Além da prática de sexo em locais públicos, considerada crime, eles denunciam uso de drogas e aumento da violência

Tiago de Holanda Patrícia Giudice
Rua aldo casillo, no Mangabeiras, é usada como motel, sem qualquer restrição. já a avenida otacílio negrão de lima, na orla da lagoa da pampulha, tem vários pontos à luz do dia - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press


 

Ruas e avenidas de bairros que abrigam dois dos principais cartões-postais de Belo Horizonte viraram pontos de prostituição em plena luz do dia ou motéis dentro de carros e em calçadasA presença de garotas de programa e travestis que migraram de outras regiões para a orla da Lagoa da Pampulha e áreas próximas levou moradores a se mobilizarem para instalar câmeras nas ruas para tentar inibir a prostituição, que, segundo eles, aumentou nos últimos anosAlém da perturbação do sossego, eles reclamam do uso de drogas e da criminalidadeNo Mangabeiras, que abriga pontos turísticos, como dois parques e a Praça do Papa, vias com pouca iluminação são usadas por motoristas que levam mulheres e travestis da Avenida Afonso Pena para o bairroO aumento de prostitutas em BH é confirmado pela própria associação da categoriaNo Brasil, prostituição não é crime, mas sexo em locais públicos é, assim como a exploração sexual.

O aumento de pontos de prostituição e de pessoas fazendo sexo dentro de carros na porta das casas está mobilizando moradores do entorno da Lagoa da PampulhaSem respostas da prefeitura e da Polícia Militar, eles decidiram agir por conta própriaNa Avenida Otacílio Negrão de Lima, bem perto do Museu de Arte e do Pampulha Iate Clube (PIC), cerca de 30 famílias se uniram e decidiram instalar 17 câmeras de vigilância para tentar inibir a presença de prostitutasEles denunciam que mulheres ficam nas ruas dos Estados, Guandu, Garopas e Ilha Grande durante o dia à espera de clientesDurante a madrugada, o maior problema é na Rua Guandu, ao lado do PIC, na altura do Bairro Jardim Atlântico.

Moradores dizem que os pontos de prostituição aumentaram há cerca de três meses com as obras de duplicação da Avenida Dom Pedro IHouve migração de mulheres da região do Bairro São João Batista para a orla

“Está insustentável, constrangedorA região fica muito escura à noite, o que favorece a prostituição, uso de drogas e aumento da violência”, desabafa Ernani Sérgio Loretti Marques, que reuniu os vizinhos para tomar providênciasSegundo ele, o quarteirão era tranquilo, mas há cerca de dois meses começaram a ocorrer assaltos

Cartões-postais de Belo Horizonte viraram pontos de prostituição em plena luz do dia - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press A cobrança é por mais policiamento, nova iluminação e corte de árvores que escondem as lâmpadas na regiãoNo sistema de monitoramento que será instalado, as imagens serão gravadas e ficarão à disposição da PMEles decidiram também que os policiais que patrulham a área poderão usar um espaço na portaria do PIC para atender ocorrências e ver as imagensPlacas serão colocadas também para avisar das filmagensO custo da iniciativa será de R$ 20 mil.

O comandante da 15ª CiaEspecial do 49º Batalhão, capitão Wilson Silva de Lima, informou que mantém viaturas com rondas constantes na região, mas prostituição não é ilegal e ninguém pode ser retirado à força da área, a não ser que ocorram crimes“O que vamos fazer é cadastrar, fazer abordagens inclusive de clientes
São formas de inibir”, disseSegundo ele, a maioria das denúncias recebidas é de perturbação de sossego, sexo explícito e atentado ao pudorAlgumas pessoas já foram flagradas com crack e maconha, mas a corporação não tem dados sobre ocorrências policiais na região.

A reportagem do EM constatou a presença de prostitutas na orla e nas ruas próximas em plena tardePor volta das 15h, pelo menos sete mulheres faziam ponto na Rua dos Estados e esquina de Guandu com Otacílio Negrão de LimaSempre em dupla, elas se oferecem para quem parar o carro interessado em um programaAlgumas são discretas, outras passeiam pela lagoa à espera de clientesOlham com desconfiança e só se exibem para quem parar e conversar