Jornal Estado de Minas

Vítima de estupro volta a acusar ex-bancário Pedro Meyer, o 'maníaco do Anchieta'

Pedro Meyer (D) chegou e saiu do fórum sem falar com ninguém - Foto: RAMON LISBOA/EM/D.A PRESS
As acusações de estupro contra o ex-bancário Pedro Meyer Ferreira Guimarães, de 56 anos, mais conhecido como “maníaco do Anchieta”, foram reforçadas ontem por uma vítima e quatro testemunhas de acusação ouvidas pelo juiz da 8ª Vara Criminal do Fórum Lafayette de Belo Horizonte, Alexandre Cardoso BandeiraFoi a primeira audiência de instrução na Justiça, e outros dois processos, pelo mesmo crime, tramitam na 9ª Vara Criminal e na comarca de ContagemNa fase policial, ainda há um inquérito com três vítimas de estupro em andamento


Meyer é acusado de 16 estupros na década de 1990 e foi posto em liberdade em 10 de abril, depois de passar pouco mais de um ano preso, por falta de laudo médico de sanidade mental, o que levou à prescrição do prazo de prisãoEle chegou ao Fórum Lafayette acompanhado de advogados e saiu da sala de audiência sem falar com ninguémDuas vítimas e seus parentes o chamaram de monstro e pediram JustiçaTrês testemunhas de defesa foram ouvidasA vítima ouvida ontem é uma fisioterapeuta de 27 anosEla tinha 11 quando foi atacada, em 1997O crime foi na garagem do prédio onde ela morava, no Bairro Cidade Nova, Região Nordeste da capital

No ano passado, a fisioterapeuta reconheceu o acusado na rua, o seguiu até a casa dele, no Bairro Anchieta, e chamou a polícia

Nessa quinta-feira, ela reconheceu Meyer novamente perante o juiz, por meio de um vidro que impedia que ele a visse“Relembrar tudo e saber que ele vai continuar na rua, que pode fazer outras vítimas, me deixa desesperadaO meu sentimento é de impotênciaEle está sem bigode, com os cabelos aparados, mas continua com o mesmo olhar de demônio”, disse a vítima.

“Durante 15 anos quis encontrá-lo, e quando o encontro ele é colocado nas ruas de novoSó vou superar quando ele estiver condenado e pagando pelo que fez a mim, a minha família e a todas as outras vítimas”, lamentou a mulher, que deixou a sala de audiência aos prantos .

Os crimes atribuídos a Meyer foram cometidos entre 1990 e 1998 e muitos já tiveram o prazo de julgamento esgotado“O prazo máximo de prescrições no Código de Processo Penal é de 20 anosDe 1993 para trás, estão prescritos”, disse o representante do Ministério PúblicoPara cada crime, Meyer pode pegar pena máxima de 13 anosNa Polícia Civil, ele confessou apenas três estupros

A defesa do réu alega que o laudo do exame de sanidade mental entregue à Justiça no mês passado está incompleto, ao concluir o ex-bancário tem discernimento e pode responder por seus atos
O promotor contesta“Nunca vi um laudo tão completo em minha vidaConta a história do acusado desde criança, por isso foi tão demorado”, disse Bretz.