Jornal Estado de Minas

Fórum Lafayete

Com aparência diferente e em liberdade, Maníaco do Anchieta participa de audiência

A vítima e mais sete testemunhas, entre defesa e acusação, foram ouvidas na tarde desta quinta-feira no Fórum Lafayete. Uma nova sessão foi marcada para 28 de maio

João Henrique do Vale

Pedro Meyer deve ser ouvido em uma nova audiência marcada para 28 de maio - Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A.Press


“Relembrar tudo de novo e saber que ele vai continuar na rua me deixa desesperada”Esse foi o desabafo de uma vítima de estupro, que  participou na tarde desta quinta-feira de uma audiência de instrução do processo contra Pedro Meyer Ferreira Guimarães, 56 anos, em Belo HorizonteEm 2012, a vítima reconheceu na rua o ex-bancário como seu agressor, 16 anos após o crimeO réu, que é acusado de pelo menos outros 15 crimes semelhantes, compareceu hoje ao Fórum Lafayete com a aparência diferenteAgora, o acusado está sem o bigode. 


Nesta quinta-feira, a vítima e o pai foram ouvidos pelo juiz Alexandre Cardoso Bandeira, da 8ª Vara Criminal do Fórum LafayetteAlém deles, outras três testemunhas de defesa e três de acusação prestaram depoimentoComo o caso segue em segredo de Justiça, o teor não foi informadoUma nova audiência foi marcada para 28 de maioNa ocasião, serão ouvidas duas testemunhas de defesaHá a expectativa de que Pedro Meyer também preste depoimentoApós o réu ser ouvido, o juiz vai abrir vistas para os advogados de defesa e acusação

Em seguida, vai proferir a sentença O maníaco está solto, depois de ser beneficiado por um habeas corpus expedido 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG)


A decisão, do dia 10 de abril, foi tomada após o atraso de um laudo de insanidade mental solicitado pela defesa do ex-bancárioAgora, o laudo já está com a Justiça, que deu prazo para o Ministério Público e para a defesa analisarem o documentoO exame aponta que Pedro Meyer é imputável, podendo responder por crimes que é acusadoCom a posse do documento, a Justiça pode "andar" normalmente com os processos em que o ex-bancário é réu.


O ex-bancário deixou o Fórum Lafayete após a audiência na companhia de seu advogadoA soltura dele e a demora em julgar os casos levantou críticas“Durante 15 anos eu queria encontrá-lo e, quando o encontrei, ele é colocado na rua novamenteA demora da Justiça prolonga o meu sofrimento”, disse uma das vítimas

Pedro Meyer ficou impune por muitos anos até que, em 28 de março de 2012, ao passar por uma avenida no Anchieta, a mulher reconheceu o ex-bancário como o homem que a atacou quando criança, no Cidade Nova, Nordeste de BH

Ela o seguiu até o prédio em que morava e ele foi presoCom a divulgação do caso, pelo menos outras 15 mulheres o denunciaram por estupro na década de 1990, quando eram crianças ou adolescentes