Jornal Estado de Minas

Devotos agradecem e falam sobre a devoção à Nhá Chica

Em Baependi, onde há 20 mil graças registradas por intercessão da beata, desde a manhã de sábado era grande a movimentação em frente e dentro da Matriz de Santa Maria e Igreja de Nossa Senhora da Conceição

Gustavo Werneck

Fiéis se emocionam ao tocar na imagem da filha de uma ex-escrava à qual são atribuídas mais de 20 mil graças alcançadas - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press

 

 

A cidade foi toda enfeitada com bandeiras, toalhas e flores amarelas e brancas, cores do Vaticano e da Igreja Católica, para homenagear a beata nascida na região de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, e residente durante mais de sete décadas em BaependiNa localidade, onde há 20 mil graças registradas por intercessão da beata, desde cedo era grande a movimentação em frente e dentro da Matriz de Santa Maria e Igreja de Nossa Senhora da Conceição, conhecida popularmente como Santuário de Nhá Chica, no CentroLongas filas se formaram – muita gente com guarda-chuva para proteger do sol forte – para visitar o memorial, com relíquias da leiga mineira, a casa onde ela viveu e também para ingressar no espaço G.APedrasEspera que não desanimou Carlos Alberto da Silva, morador de Borda da Mata, no Sul de Minas, de subir a escadaria“Fiz uma cirurgia no quadril e estou bem graças a uma promessa feita a Nhá Chica”, disse.

Às 10h, houve uma solenidade, a cargo da prefeitura e câmara locais, para afixação de uma placa comemorativa da beatificação, na Praça Nhá ChicaO descerramento ficou a cargo da Irmã Claudine, das Irmãs Franciscanas do Senhor e diretora da Associação Beneficente Nhá Chica, que atende 170 criançasMissionários, grupos de religiosos e caravanas de leigos de todo o país se encontravam nas ruas“Esse é o poder da comunicação e da fé”, disse o secretário da beatificação, padre José Douglas Baroni, titular da paróquia de Nossa Senhora da Conceição e reitor da Igreja de Nossa Senhora da Conceição

Milagres  Segundo o padre, teria que haver a comprovação de um segundo milagre para que fosse permitida a abertura da canonização de Nhá ChicaHá 20 mil graças registradas, mas nenhum milagre, explicou

Ele disse que o altar da cerimônia de ontem, feito com estrutura de aço, simbolizando a região metalúrgica, foi uma forma de homenagear Minas e BaependiTambém flores como orquídeas, bromélias e buchinha e muitos balaios, feitos pelos cesteiros do município.

Vindos do Mosteiro de São Bento, de São Paulo (SP), os monges Lourenço Palata Viola e Camilo de Jesus Dantas ficaram satisfeitos com a celebração“Fé não é acreditar em algo absurdo, não é assassinar a racionalidade, mas sim adesão e seguimento à Igreja de Jesus CristoNhá Chica era uma negra, pobre, filha de uma ex-escrava e foi exatamente nela que a santidade se manifestou de forma heroica”, disse o irmão Camilo

Uma caravana formada por 50 homens enfrentou 160 quilômetros, a cavalo, de Três Corações a BaependiEntraram no santuário carregando um estandarte“Fazemos isso há 16 anosÉ a fé que nos move e estamos aqui para agradecer”, contou o comerciante Edmilson Ferreira.

- Foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press

Personagem da notícia - Ana Lúcia Meirelles Leite


Um novo coração moradora de Caxambu

 Ao lado da família, a professora Ana Lúcia Meirelles Leite, de 68 anos, moradora de Caxambu, transbordava emoçãoFoi graças ao reconhecimento do milagre concedido a ela, por intercessão de Nhá Chica, que a leiga mineira se tornou beataCasada há 48 anos com o fazendeiro José Márcio Carvalho e mãe de um casal, ela ficou temporariamente cega no dia em que completava 50 anos, em 28 de junho de 1995

Chamou, então, por Nhá Chica, de quem sempre foi devota, e logo recuperou a visãoA causa era uma isquemia transitória e, na sequência, os médicos pediram vários examesO resultado foi um defeito congênito no coraçãoOs médicos falaram sobre os riscos da operação para alguém de 50 anos e a professora persistiu nas suas orações, conforme aprendera, desde criança, com a avó, que fora amiga de Nhá ChicaExames e mais exames se sucederam em Belo Horizonte e São Paulo (SP), até que, numa sexta-feira, às 15h – horário em que Nhá Chica intercedia a Deus para fazer os seus milagres –, Ana Lúcia rezou fervorosamente Salve Rainha e ave-maria”Ao mostrar os resultados ao cardiologista, ele se surpreendeu e disse que ela estava curadaAna Lúcia não sabe por que mereceu tal graça, apenas revela que “não entendemos os desígnios de Deus”Na verdade, a professora sabe que recebeu dois milagres: a cura da cegueira e a do coração.

- Foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press



”Já tinham me falado várias vezes para visitar o santuário, mas só hoje vim aquiÉ uma data inesquecívelPeço pela saúde do meu marido e para que todos se voltem para Deus” - Marliane Dias, de 47, professora, moradora de Borda da Mata, no Sul de Minas

- Foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press



Tenho muita fé em Nhá Chica e vim aqui para pedir pela minha saúdeTenho um problema de audição, desde criança, e quero ficar curadaHoje é um dia muito especial para os católicos - Amarilda Ângela de Fátima Soares,
de 52 anos, viúva, de Lavras