Jornal Estado de Minas

Família de estudante morto em acidente causado por bêbado lamenta lentidão da Justiça

Primeira audiência ocorrerá um ano após a tragédia

Paula Sarapu Junia Oliveira
Câmeras flagraram veículo que causou acidente em alta velocidade, em setembro do ano passado - Foto: MARCOS MICHELIN/EM/D.A PRESS


Tão dramático como a morte da mulher na calçada ontem na Avenida Antônio Carlos é o sentimento de impunidade que alimenta a dor de parentes de vítimas de trânsito, como a família do estudante Fábio Fraiha, que morreu em setembro do ano passadoO carro dele foi atingido em um cruzamento da Avenida Nossa Senhora do Carmo, na Região Centro-Sul de BH, pela Land Rover dirigida por Michael Donizete Lourenço, de 22

O inquérito da Polícia Civil concluiu que Lourenço havia ingerido bebida alcoólica e usado drogasEle dirigia a 140 km/h e estava participando de um racha na avenidaAo passar pelo trecho do Belvedere, atingiu o carro de FábioPreso em flagrante, ele pagou fiança de R$ 43 milFoi indiciado por homicídio com dolo eventualA primeira audiência do caso está marcada somente para 10 de setembro

“A justiça tardia é uma justiça inexistenteÉ lamentável essa morosidade de julgamento de casos como esses, porque fomenta o sentimento de impunidade”, disse o pai de Fábio, Júlio César

“A polícia andou muito rápido e foi muito eficiente para concluir o inquérito, mas a demora da Justiça compromete o caso
Observando outros exemplos, vê-se que não há punição e as pessoas continuam achando que esse tipo de crime é algo tolerável”, avalia o advogado Hermes Guerrero, que representa a família de Fábio

Calçadas

Além do atropelamento da auxiliar de serviços gerais, outro acidente quase tirou a vida do aposentado Expedito Costa Lima, de 74Na manhã de ontem, ele teve uma perna dilacerada por um caminhão na Avenida Amazonas, no Bairro Madre Gertrudes, próximo ao Anel Rodoviário, na Região Oeste, e foi internado no Pronto-Socorro João XXIII, onde passou por cirurgia.

Os dois casos são exemplos de como os pedestres estão desprotegidos, apesar de campanhas educativas e até de um Estatuto do Pedestre em vigor na capitalA BHTrans lançou, em fevereiro, campanha que vai contemplar 12 áreas da capital, uma por mêsMotoristas que forem flagrados parando sobre a faixa ou desrespeitando a preferência dos pedestres em locais onde não há semáforo serão abordados e orientados a não repetir a infraçãoMas a punição mesmo começou a ser aplicada apenas na segunda-feira, quando a Polícia Militar passou a multarSó no período da manhã, na Alameda Ezequiel Dias, foram três autuações por parar sobre a faixa de pedestre e 10 por falar ao celular

O tenente-coronel Roberto Lemos, comandante do Batalhão de Trânsito, informou que as multas a condutores que não respeitarem a faixa de pedestre só serão aplicadas daqui a um mês“O pedestre tem preferência onde não há sinalização e o motorista está sujeito a infração leveContinuaremos por mais um mês na fase preventiva e, depois, entraremos com a repressão para esse caso específico”, disse
(Colaborou Clarisse Souza)