Jornal Estado de Minas

Crueldade ao extremo

Agressões físicas e psicológicas são práticas comuns do trio preso no Belvedere

Eles já foram reconhecidos por pelo menos 22 vítimas

Guilherme Paranaiba
Frederico Mendes, de 27 anos, e Fernando de Oliveira, de 29, espancavam vítimas, enquanto Thiago Silva Santos, de 21, praticava violência sexual, segundo a polícia - Foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS


Dois casos de violência em menos de 24 horas em casas e prédios aumentaram o medo na Região Centro-Sul de Belo HorizonteA prisão de assaltantes no momento em que agiam no Bairro Belvedere e um sequestro de uma dentista moradora do Bairro Vila da Serra, em Nova Lima, na Grande BH, escancaram um modo de agir cada vez mais frequente dos bandidosSão ameaças, chutes, socos, tortura, estupros e assassinatos para forçar as vítimas a entregarem dinheiro e objetos de valorA extrema violência física e psicológica é muitas vezes agravada pelo fato de os criminosos estarem drogadosPessoas que sofreram nas mãos dos ladrões informaram à polícia que dois deles usaram entorpecentes durante os ataques

No fim da noite de segunda-feira, horas depois da prisão de três criminosos que entraram em duas casas no Belvedere e aterrorizaram moradores, três bandidos cercaram no mesmo bairro uma dentista que ia para casa no vizinho Vila da SerraForam cerca de quatro horas de terror rodando pela cidade e dentro do próprio apartamento, onde foram mantidos reféns o marido, o porteiro e uma empregadaO tormento só acabou por volta das 3h da madrugada, quando os assaltantes a deixaram com o porteiro dentro do porta-malas do próprio carro em uma estrada da Grande BH e fugiram com dinheiro, joias e aparelhos eletrônicos.

As estatísticas mostram que os números de homicídios e estupros tentados e consumados, roubos e sequestros, crimes considerados violentos, aumentaram em BHDe janeiro a março deste ano, foram mais de 7 mil ocorrências, alta de 12% sobre o mesmo período do ano passado, quando houve 6,2 mil crimesSe comparados com a Grande BH, o aumento é ainda maiorEntre janeiro e março foram quase 12 mil crimes violentos, 16% a mais do que em 2012.

Três ladrões que atacaram no Belvedere já foram reconhecidos por 22 vítimas de oito ataques
Eles já haviam agido nos bairros Bandeirantes e Castelo (Pampulha), onde mora o jogador do Atlético Leandro Donizete, Sion e Mangabeiras (Centro-Sul), Coração Eucarístico e Camargos (Noroeste) e Grajaú (Oeste).

Apresentados pela Polícia Civil ontem, os três foram considerados extremamente violento pelo delegado chefe das investigações, Samuel NeriThiago Silva Santos, de 21 anos, é apontado como o homem que fez ameaças de violência sexual às mulheres“Em uma das casas do Belvedere ele mandou a vítima tirar a roupa e abraçá-lo, o que motivou autuação em flagrante por estupro consumado”, informou o delegado

Já Fernando de Oliveira, de 29, e Frederico Mendes, de 27, são acusados de agressões físicas, como chutes, socos, coronhadas e até uso de alicate, como fizeram para torturar o professor de inglês norte-americano que foi vítima do bando quando chegava em casa no Belvedere na segunda-feiraAs investigações indicam que os três assaltantes se conheceram na prisão, durante cumprimento de pena por roubo“Além de violentos, eles são muito ousadosEm um dos roubos chegaram a ordenar que as vítimas fizessem um café para elesEm outra, no Sion, entraram em um prédio e picharam as paredes desafiando a PM”, afirmou o chefe das investigações

Uma comerciante de 47 anos, vítima da quadrilha no Bandeirantes, contou que apanhou muito dos bandidos que reconheceuForam coronhadas e roleta-russa para intimidá-la
Os bandidos chegaram a urinar na cama na frente dela e da filha, que sofreu tentativa de estupro.

Dicas para evitar ação de ladrões

1 - Ao chegar em casa de carro fique atento à movimentação no entorno Se notar algum carro diferente ou atitude suspeita, dê mais uma volta no quarteirãoCaso a situação persista, chame a polícia.

2  - Ao sair, observe o que acontece na ruaNão saia se houver qualquer movimentação incomum.

3  - Se morar em apartamento, procure sempre olhar no olho mágico quando alguém tocar campainha.

4  - Discuta a segurança nas reuniões de condomínioA criação de uma senha entre os moradores para casos de invasão de bandidos pode evitar que um morador abra a porta para outro em situações suspeitas.