Jornal Estado de Minas

Em três meses, cinco morreram com acidentes na rede elétrica em Minas

Comerciante Ademar (D) convive com risco na varanda de casa - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

No passado, 78 mineiros foram vítimas de acidentes com a rede elétrica no estado, dos quais 23 morreramNos três primeiros meses deste ano, foram 20 acidentes e cinco mortes“As principais causas estão relacionadas à construção civil e manutenção predial, como atividades como manuseio de vergalhão, instalação, retirada de calhas e antenas, movimentação de rolos de pintura e trilhos de cortinas”, informou a Cemig.

Em 2012, a construção civil registrou 35 acidentes, incluindo oito fataisNos três primeiros meses de 2013, foram 11 acidentes, quatro fataisNo ano passado, segundo a concessionária de energia, o número total de acidentados envolvendo as redes elétricas, reduziu 23,07% em relação a 2011O número de mortes caiu 54,54% no mesmo período“Essa redução é fruto das ações de prevenção de acidentes divulgadas pela Cemig por meio das campanhas de segurança em obras, escolas e comunidades”, ressaltou.

Em 27 de fevereiro de 2011, 16 pessoas morreram e 55 ficaram feridas quando uma serpentina metálica encostou na rede elétrica no pré-carnaval de Bandeira do Sul, no Sul de MinasNa capital, o motoqueiro Gleison Wilson Souza, de 38 anos, esbarrou em um fio de alta-tensão desencapado, no Bairro Prado, na Região OesteO fio se rompeu por causa da queda de galhos durante vendavalA vítima sofreu descarga superior a 7 mil volts e teve morte instantâneaHouve ainda acidentes com crianças soltando papagaio.

O comerciante Ademar da Silva Dias, de 46, vive lado a lado com o perigo
Segundo ele, a sensação é de choque quando ele toca na janela da sua casa, no segundo andar de um imóvel da Avenida Raja Gabáglia, no Bairro Luxemburgo, Centro-Sul de BHUm poste da Cemig atravessa o telhado da varanda e há fios para todos os lados“E o número de fios aumenta a cada dia”, reclama o comerciante“Há crianças em casa e tenho medo de acidentesSe alguém encostar no fio com um objeto de metal é morte na certa”, diz.

Apesar dos riscos, o engenheiro da Cemig não considera a rede elétrica insegura“É um padrão mundialHá recomendações dos afastamentos necessários dos imóveis, conforme normas da Associação Brasileira de Normas TécnicasA população, tomando os devidos cuidados, não terá maiores riscos”, disse.

O presidente do Instituto Cidades discorda“Desafio qualquer um a dizer que há projeto de engenharia na rede elétricaÉ gambiarra, mesmo”, reclama André Tenura
“Em BH, você pode colocar o que quiser nos postes, quantos cabos quiser, sem qualquer restriçãoÉ a estética do vale tudo e que estimula o próprio gato”, reclama.

O descontrole serve também para os cabos de telefonia e TV, segundo TenuraEle conta que cancelou a sua segunda linha telefônica e o fio que chegava do poste não foi retirado“Passado algum tempo, mandei instalar uma outra linha de telefone e eles colocaram o terceiro fioEm BH, são milhares de fios sem uso”, denuncia

Quem controla e fiscaliza a quantidade de fios nos postes, segundo o engenheiro, são a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)“Mas elas não estão descobrindo nada disso”, disse Erivaldo, ressaltando que não há nenhuma regra que obrigue as empresas a aterrar suas redes, principalmente em nível federal.