Depois da prisão de Meyer, outras denúncias contra ele, que ficou conhecido como o “maníaco do Anchieta”, foram apuradas pela Divisão Especializada de Atendimento à Mulher, ao Idoso e ao Portador de Deficiência (Demid)Foram concluídos 11 inquéritos contra ele, mas 10 acusações prescreveram e acabaram arquivadas quando enviadas à JustiçaNo domingo, a jovem que abriu caminho para as investigações descobriu que ele foi solto em 10 de abril, fato que teve divulgação discreta pela Justiça.
“Eu estava consultando o processo on-line, para saber como estava o andamentoFiquei então surpreendida ao constatar que o laudo de sanidade mental dele, pedido por sua defesa, tinha sido concluído no dia 4 deste mês e seis dias depois o colocaram em liberdade”, contouOntem, a jovem foi à 8ª Vara Criminal do Fórum Lafayette, em BH, e confirmou as informações do site do Tribunal de Justiça (TJMG)O acusado estava no presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, Grande BH.
“Fiquei indignada, revoltadaSó de pensar que agora ele tem como saber onde moro, fico com medo
Seis denúncias prescreveram
O advogado de Pedro Meyer, Lucas Laire, informou ontem que o ex-bancário está em casa, mas não revelou o endereçoEle explicou que o motivo da soltura foi o excesso de prazo na fase de instrução do processo, que está suspenso aguardando o laudo de sanidade mentalA informação foi confirmada pelas assessorias do Fórum Lafayette e do TJMG, que disseram que os dois processos a que ele responde, na 8ª e 9ª varas criminais, acusado de estupro de duas crianças na década de 1990, correm em segredo de JustiçaNo Fórum de BH, constam seis os processos arquivados por prescrição.
Laire disse ainda que a fragilidade das provas foi levada em consideração no habeas corpus concedido por unanimidade pelos desembargadores da 5ª Câmara CriminalSegundo o advogado, o processo só será retomado com o agendamento das audiências de instrução, quando o laudo de sanidade mental estiver prontoA jovem, além de alertar as outras vítimas sobre a soltura do ex-bancário, pretende contratar um advogado para tentar revogar o beneficio“Quero continuar acreditando na Justiça”.
A indignação não se limitou à mulher que acusa MeyerA secretária Ana Paula da Silva, de 23 anos, filha do porteiro Paulo Antônio da Silva, de 66, também está revoltada
DENÚNCIAS Em 28 de março de 2012, ao passar por uma avenida no Anchieta, uma mulher reconheceu o ex-bancário Pedro Meyer como o homem que a atacou quando criança, no Cidade Nova, Nordeste de BHEla o seguiu até o prédio em que morava e ele foi presoCom a divulgação do caso, pelo menos outras 16 mulheres o denunciaram por estupro na década de 1990, quando eram crianças ou adolescentesA defesa de Pedro entrou com pedido na Justiça de “incidente de insanidade mental”, em junhoNo mês seguinte, a polícia concluiu as investigações e os processos no qual o ex-bancário é acusado foram remetidos à Justiça, mas alguns não foram adiante, por prescrição do crimeEm dezembro e janeiro foram adiadas audiências, já que o laudo de insanidade não estava concluído.
COMO FICOU? SÓSIAS ACUSADOS
Enfim, libertados
Dois sósias de Pedro Meyer, que segundo seus advogados foram confundidos com o ex-bancário e acusados de estupros, cumpriram parte de suas penas e foram libertadosO porteiro Paulo Antônio da Silva, inocentado pelas vítimas, teve decisão favorável no Tribunal de Justiça, em fevereiro, que extinguiu a acusaçãoO advogado do porteiro estuda pedido de indenização por danos morais a ele, que ficou preso quase cinco anosJá a advogada Adriana Eymar, que defende o artista plástico Eugênio Fiuza, o outro sósia, obteve benefício para que ele cumpra a pena de mais de 30 anos em prisão domiciliarEle já ficou mais de 20 anos presoEla espera provar que Fiuza também foi confundido com Meyer.